segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Entrei no clima!


O que eu desejo em 2009?

Que seja um ano de fartas realizações
Que muita coisa se concretize
Que venha mais ventos, mais caminhos, luas cheias e tempestades também, pra mostrar ao homem quem é que manda nessa birosca
Que surjam as indagações, os devaneios, as espontaneidades, o riso súbito, o choro solto e o coração sem mágoa. Quero um 2009 mais leve, mais criança, meio champagne, que não sobe muito pra cabeça. E também denso e positivo naquilo que preciso resolver. Quando a coisa é volúvel demais, não rola. Que minha São Paulo não sofra tanto, que a Vila continue na dela, que a reforma da Paulista não sofra com o depredamento, que a Zona Sul não tenha tanta enchente e que as marginais batam o recorde de congestionamento só em dezembro, lá pro final do ano.

Essa cidade se renova a cada ano, a cada dia. Vai ter festa na avenida pra brindar mais um ano ímpar que chega. Seria bom que todos que lá estivessem mentalizassem coisas boas pro lugar em que moram. Mas com tanta cerveja na cabeça, acho que a única coisa que pensam é no próximo gole e no copo sempre cheio.

Que 2009 acalme os ânimos exaltados com a tal da nova crise, que o Obama não nos desampare, que Danuza Leão e Macaco Simão continuem escrevendo, que Kassab não invente Leis X e se preocupe com questões deveras importantes.

Desejos de primeira instância: Saúde, Metrô e Ônibus circulando (sempre), dinheiro básico no bolso, amor pra dar e vender, mais bilhetes, menos crises existenciais, mais amigos, menos orgulho, mais música, mais riso. TCC pronto e Paz!

Feliz Ano Novo!









quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal, pro rico e pro pobre, num só coração



Natal, Natal, e novamente ele chegou. Trazendo aquele ar de que todo mundo deve se amar, se presentear e no mínimo comprar uma roupa nova pra usar na noite de hoje. E aí, eu que trabalho perto do centro e vim trabalhar hoje, comecei a prestar atenção no clima que esse feriado traz. A começar pela avenida maravilhosa que graças a Deus não estava muito entupida.

Tava um pouco calma, mas os que estavam lá como sempre corriam. Depois fui descendo a Brigadeiro, e quase chegando na rua Humaitá, o pessoal já estava suuuper empolgado. Vi uma casa, dessas com o portãozinho na frente e uns cômodos na parte de trás - típicas do centro velho paulistano - que tinha uma família grande, com várias crianças, a mãe que limpava tudo, e o pai que chegou com um saco grande cheio de carne. E pelo jeito tava pesado porque ele pedia ajuda a um homem que tinha cara de ser parente. A mãe corria pra lá e pra cá com uma vassoura, e no rádio tocava no último volume o hit Chupa que é de uva. A noite sem dúvida ia ser daquelas!

Fui indo, cheguei na Tamandaré, deixei as coisas e me aprontei pra fazer a matéria do dia. Segui para a Aclimação. Que diferença! Tinha uma mulher arrumando o apartamento (e eu vi tudo porque o apê era no primeiro andar). Árvore de Natal grande toda dourada na varanda, uma mesinha de centro com toalha vermelha em umas nozes em cima (Só para a decoração, claro). A casa dela era bem bonita, mas ela não a arrumava nem com um terço da empolgação da mulher que ouvia o chupa que é de uva. Essa era calma, cabelos louros amarrados, e tinha um nariz fino que dava à ela uma cara de bem nascida.

Parecia (posso estar enganada, mas acho difícil) que a festa ia ser daquelas de gente chique, em que todo mundo vai muito bem elegante e fica no ar aquele clima de “ela tá mais bem vestida que eu”. Aí servem o peru, o tender, o chester, a farofa e as mulheres que vivem de regime evitam comer. (Sei disso pq na minha família vez enquando surgem essas festinhas, e é sempre assim). Os homens ficam bebericando e falando de futebol, e sempre tem a criançada, que diferente dos que corriam na calçada da Humaitá, exibem seus brinquedos de última geração.

Agora te pergunto, qual festa é mais legal? Tem gente que vai afirmar que sem dúvida é a segunda, pois não rola aquela zona desmedida, e chegada certa hora, cada um vai pra sua casa e fim de papo. Masssss, digo que a melhor festa é a primeira. É a dos pobres, é dos que juntam a família, os vizinhos e os agregados pra fazer uma festona com muito comes e bebes e Calcinha Preta bombando. Os pobres se divertem muito mais que os ricos e não é novidade pra ninguém. Clichê? Pode até ser, mas mentira não é. Elas não ligam se estão gordinhas, eles não se importam de cair de bêbados e no fim juntam vários colchões e dormem por alí mesmo. É no Natal que gastam o 13º com vontade e alegria.

Também sei que muitas pessoas não têm dinheiro, nem saúde e nem família. Por isso, mais uma vez, dou um ponto para os pobres! Porque os ricos têm mais dinheiro, amigos e possibilidade de fazer uma puta comemoração, e no entanto, se preocupam com coisas tão bestas que deveriam ser deixadas de lado pelo menos no Natal. Já os pobres se divertem com o que têm. (Tá, eu sei que tem rico que é bem legal, mas não é esse o caso, Brasil!)

Em tempo: Hj lá vou eu pra casa de uma tia X. Digo tia X pq é meio distante e tem posição social mais favorecida que o restante. (Motivo este que faz minha vó ficar animadíssima, claro!) e fica aquele clima que descrevi lá em cima. É um prato cheio pra eu prestar atenção em tudo, ouvir umas frases bem Luciana Gimenez e dar risada com o meu pai bêbado falando do Ronalducho. Fora isso, um pé no saco. Sou muito mais o ano novo. Feliz Natal!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A estranha relação humana


O que fazer quando a pessoa que trabalha atrás de você está grávida de oito meses e tem uma mãe com câncer na bexiga (pela segunda vez)? Você ouve tudo, todas as angústias, os choros, a falta de ar, o medo da morte de uma pessoa tão próxima (dela) e se sente de mãos atadas. Adianta dar literalmente o ombro pra que ela chore aliviada ? Adianta ler um salmo, fazer uma promessa, dizer que no fim tudo acaba bem? Daí depois você vê como o ser humano é injusto, pra não dizer burro.

Eu tava aqui, cheia de indagações, problematizando sobre a vida amorosa, me crucificando por ter ficado com um cara ontem, outro hoje e seu era uma vagal.
E quando volto os ouvidos para a mesa de trás vejo tantos outros questionamentos, mais importantes e relevantes que os meus. Foda-se o mercado imobiliário, foda-se a matéria que eu preciso escrever sobre o mercado condominial, dane-se que eu não almocei, ou preciso fazer uma faxina daquelas às 21h30 de uma quinta-feira.

Eu queria (muito) era ajudar essa mulher que, mãe de três filhos, faz voz firme com a própria mãe, e, ao desligar o telefone, cai em prantos sem ver uma luz no fim do túnel. Simplesmente não consigo mais voltar para o texto, para o gravador e o blábláblá chato do advogado que me deu a entrevista. É chocante - pra dizer o mínimo - a impotência que temos diante da morte e como esse assunto mexe com as pessoas. A vida sim é a coisa mais importante e frágil desse mundo doido que nos rodeia. Fiquei me sentindo mal por ter mania de ficar procurando pêlo em ovo. E quanta gente também não tem mania de caçar problema onde não tem?

É fato que a moça que está passando por esses problemas não é minha melhor amiga, nem parente e nem nada. Seria muito mais fácil eu colocar o fone de ouvido no volume máximo e colocar o Chico pra tocar. Não é a minha vida mesmo, né? Não. Não. Não. Não foi assim que eu me senti. Pelo contrário, um gosto amargo e um embrulhamento no estômago tomaram conta de mim, isso sim. Eu olhei pra trás umas três vezes e a ví encostada com os braços no teclado chorando aquele choro sentido com um barrigão balançando. A vontade era ir lá e dar um abraço bem forte nela, mesmo que isso não mudasse absolutamente nada. Mas aí, fiquei pensando se fosse comigo. Será que eu iria querer um ombro amigo de graça ou preferiria ficar quieta na minha?

Vieram outras indagações sobre as relações dos seres-humanos, minha cabeça passou pela lua, por Freud, pela sensibilidade das grávidas, e nesse vai-não-vai, eu não consegui levantar da cadeira. Cinco minutos depois ela atendeu o telefone com a mesma voz firme, falou com o doutor e já marcou a consulta da mãe para amanhã. A vontade de ajudar permaneceu em mim e fiquei pensando em como as pessoas são estranhas, mas que sem dúvida, essa mulher é uma guerreira e eu peço a Deus(?) pra que tudo se resolva na vida dela, mesmo acompanhando tudo de longe e aflitamente.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Mulheres chatas


Eu vejo aos montes esses textos que falam sobre mulher, como entender uma, como conquistá-las, etc, e na maioria das vezes acho tudo um saco. Não por gostar de ser do contra, ser exigente demais ou coisas do tipo. Mas sei lá, não curto ganhar flores por exemplo, acho batido demais. Porém adoro um ursinho de pelúcia - tão batido quanto. Odeio quando algum homem faz tudo que quero e sinto repulsa quando ficam me alisando. Sei que vai parecer que é tudo mentira ou apenas mais um discurso feminista, ou que sou uma safadinha, mas não é bem assim, vai mais além do que preconceitos formados por frases feitas.

Na verdade se eu fosse homem também me irritaria muito com as mulheres. Confesso que somos mesmo um bicho estranho e é dificil agradar à todas. Aliás diria que é impossível. Tem mulher que ama romantismo, sentimentalismo, detalhes, rosas, e tudo aquilo que caberia perfeitamente em um conto de fadas. Outras dão só valor às coisas materiais, gostam de uma pegada mais forte, detestam músicas românticas e não ligam se não andarem de mãos dadas com o namorado. E pra completar, tem aquelas como eu, que amam coisas simples, não perdem a piada nunca, se fazem de duronas mas podem estar com o coração na mão, e ficam de bico ( ou não ) se o cara soltar a mão na rua.
Tudo depende.

Mais: não gosto quando o cara tem total disponibilidade pra sair comigo e logo de cara diz que já desmarcou a cerveja com os amigos. Como diria uma amiga: "Nathália, você gosta de sofrer". Talvez até seja isso mesmo. Não me entendo. Quero ter controle da situação mas quando consigo perde a graça. Problema de ego? idiotice aguda? Sei lá. Por outro lado, se eu perceber que o cara está provocando ciúme, fico puta e chego a ter crise de riso interna por tamanha babaquice e insegurança do palhaço. Já passei por isso um milhão de vezes, mas aprendi. Não dê bola que tudo passa.
Ahh, e pra completar a lista de odeio, odeeeeio aquelas frases que soam como letras de bolero ou música brega. "Vamos ver as estrelas hoje a noite, linda" "E ai amorzinho que tal fazer um jantarzinho na minha casa?".

Meu filho sou urbana gosto da metrópole, da correria e sou simplista: Nathy, vamos tomar uma cerveja hj? pronto me ganha! Rolê sussa, discontraído e porque não romântico? Quem é que disse que não podemos ficar juntinhos em um bar? ou então, me chama pra assistir um filme, mas não me faça sentir uma dona de casa que vai pra sua casa cozinhar. Fujo como o diabo da cruz. E tem mulher que adoraria receber um convite desses. Assim fica difícil.

Tá vendo, somos cheias de paradoxismos, uma hora amamos, depois odiamos. Quero mtos beijos, mas não quero cartas de amor. Quero carinho, mas não suporto gente melosa, não sou materialista mas ficar andando de ônibus pra cima e pra baixo não rola. Odeio que me controle mas se ficar dois dias sem me ligar eu desencano. Quanta coisa, e como me isso me irrita e me irrita mais porque meia hora depois contradigo tudo que descrevi acima. Vivo dizendo que queria ser homem (e ainda faço um texto sobre isso) mas pensando bem, acho que não teria paciência pra agüentar uma mulher como eu. Pior que eu sei que as mais chatas também são as mais legais.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Minha vida é só no forró

Foto: Lia Costa

Triângulo, zabumba, sanfona. Eis o lugar em que os três são reis supremos, os donos do pedaço. Aqui os meninos tiram as meninas pra dançar e depois dão um beijinho no rosto em agradecimento pela dança. Sapatilhas de pano, saias, vestidos, lenços no cabelo. Com um pouco de concentração pode-se avistar uma festa antiga do sertão. Ainda mais se repararmos no chapéu de cangaceiro do zumbabeiro, e na camisa estampada com coqueiros do vocalista. Estamos no forró. No meio da noite paulistana, em Pinheiros – um dos bairros mais boêmios da cidade – fica o Remelexo Brasil, uma das casas noturnas destinadas à dança típica nordestina.
(Propaganda por conta da casa).


Nada de gente com óculos escuros e pirulitos na boca. Nem multidões pulando feito macaco e beijando meia dúzia ao mesmo tempo. Não se escuta música dor de cotovelo e não há nego copiando o estilo country dos Eua. O que rola são músicas de raiz, um trio no palco, o coração batendo no compasso da zabumba, uma cerveja (boa) vendida a R$ 3,00 e muita gente bonita dançando sem se preocupar com nada. Quanto mais desconhecido o nome do trio, melhor. Desculpe a franqueza, mas quando o grupo cai no gosto popular e vai parar na televisão, esquece-se as origens e a música passa a ser comercial. Quer um exemplo? Falamansa, Rastapé.


Aqui dá pra dançar agarradinho e ir conhecendo ao poucos. Dá pra ouvir música dos saudosos Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, rodopiar até ficar tonto e sentir a batata da perna latejando. Consigo até fazer amizades. Aliás, gosto tanto que sou só bom humor. Não tem brigas, não tem gente caindo de tanto usar droga. Nego não te enche o saco nem implora pra te beijar. No entanto, eles analisam e muito o jeito que você dança. Talvez o único fator negativo do forró. Quem não sabe dançar acaba ficando inibido. Nada que uma cerveja não dê jeito.


Por tudo isso, há quase oito anos freqüentando esses lugares (tô ficando véia), declaro com muito orgulho: sou forrozeira de carteirinha e coração!


E hoje é o aniversário do mestre Luiz Gonzaga, ontem tocou muuuuita música dele. Realmente um mestre. Lindo e singular.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um viva para os nublados!

Foto: Guilherme Silva


O dia de hoje merece um texto. Não. Eu não fiquei milionária, nem arranjei um grande amor, não ganhei um cachorro novo nem me formei. Maaas simplismente consegui acordar sem estar suada, acordei disposta e não estava um frio voraz no pé. Porque exatamente hoje o dia estava com um clima agradável. E nem precisa ser mestre em metereologia ou curtir ficar vendo a vida passar pela janela do apê pra notar isso. O tempo tava gostoso e era possível andar sem ter a sensação de estar no Saara ou no Alaska. Era visível o gosto na cara do motorista, dos peões da obra do metrô, senhorinhas que faziam compras na quitanda e crianças que saiam ou entravam na escola.

Vivo escutando gente dizendo: "Ai que dia feio, dia nublado, xiiii vai chover, o céu tá cinza" etc. do gênero. Mas aprendi com o tio da perua, quando tinha uns 8 anos mais ou menos, que é muito melhor trabalhar/estudar/acordar ou fazer X coisas com um tempo nublado do que um dia totalmente frio ou quente. Afinal adianta ver o sol raiar e fazer 37° na Av. Paulista, numa segunda-feira? Ou então cair aquela merda de garoa fininha na sexta? Ferra com o dia de qualquer um.

Foi entonces que a advogada do diabo decidiu escrever um texto especialmente para os dias nublados e gostosinhos, tão desvalorizados pela sociedade. Ó, ficou poética a última frase, hein! Ainda bem que vivemos(?) em um país com o clima tropical. Nada pior do que uma terra em que as estações quase não mudam. Ainda mais eu que sou chata e enjôo rápido das coisas. Tenho dó do pessoal que mora no Marrocos ou na Islândia. Apesar de todos os problemas que nossa terrinha enfrenta, o clima ainda nos favorece.

Ps: Nathália Rodrigues não quer ser a mulher do tempo, não se liga em graus Celsius, não acordou meio Ricardo Reis, mas comeu um pacote inteiro de Palhacitos pela manhã. ;)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O que será que será?


Será que os japoneses não cansam de estudar?
Será que o Faustão não sabe que ele interrompe as pessoas?
Será que o FT continua lecionando literatura?
Será que Manoel Carlos não enjoa das novelinhas Lebloncorcovadoviolão?
Será que Sandy nunca teve vontade de chutar o pau da barraca, tomar um porre, ficar sem pentear o cabelo?


E Amy Winehouse, será que nunca pensou em casar de véu e grinalda?
Será que Mulher Melancia realmente se acha uma celebridade?
Será que Santo Antônio nunca vai ouvir minhas preces?
Será que elas não sabem que é feio usar botas plataforma na praia?
Será que não vêem que deixar o bigode crescer é virar piada no fundão da classe?


E os evangélicos fervorosos? Será que não cansam de tentar evangelizar os alheios?
Será que a Luci acha que a aula dela é legal?
Será que os velhos suados que coçam o saco e chamam moçoilas de gostosas consegue pegar alguém?
Será que o Foca não acha ridículo ficar no fundo da câmera tentando aparecer de qualquer jeito?
Será que Preta Gil se acha realmente gostosa?
Será que Silvio Santos é feliz?
Será que tem mulher que não liga de ser corna?
O que será que passa na cabeça das pessoas que deixam um restinho de leite dentro da geladeira? Ou o resto da coca, ou o resto do suco? Será que elas fazem de propósito?


Será que o Didi assiste o próprio programa, hein?
Será que Ivete Sangalo não cansa de ser bonita?
E Elza Soares? Será que ela acha que tem uma puta voz?
Será que o caminhoneiro crê que algum dia eu vou aceitar uma carona?
Será que existe alguém que não sinta dor com deplilação na virilha?
Será que a minha vó aos 79 anos não cansa de se preocupar com o dinheiro dos outros?
Será que as santinhas lá da frente têm pegada?
Será que ele não cansa de ser idiota?
Será que o Bola do Pânico se acha engraçado?

Quanto mais escrevo, mais lembro dos serás. Lista interminável, Brasil!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Um ano de Cotidiano Cinza!


Há exatamente um ano decidi fazer um blog. Ter um espaço pra escrever sobre um dos assuntos que mais me agrada: São Paulo. Falar sobre a cidade, sobre as pessoas, o tempo, manias, chuvas, padarias e tudo mais que viesse na telha. A idéia surgiu porque eu não queria parar de escrever, e com as férias de final de ano, isso sempre acontecia. No começo achei a idéia bem nerd e tinha a sensação de que um mês depois eu abandonaria o blog, fato que aconteceu com outros que tive.

Mas dessa vez foi diferente. Peguei mania, fiquei meio viciada. Com o tempo idéias iam surgindo na minha cabeça, textos espalhados pela casa, palavras, frases feitas davam o tom. Fiquei com o hábito de escrever em caderninhos quase tudo que daria um texto. Uns ficaram lindos, outros me irritaram e ficaram pela metade, e outras características que uma quase jornalista possui. E aí, quando eu dei por mim, o blog já tinha sete meses. Também tenho mania de datas, dificilmente esqueço o dia de algum encontro, aniversário de amigos, reuniões etc. E hoje é aniversário do meu Cotidiano Cinza, CC para os íntimos.

Sem mais delongas, o maior desejo é que ele me acompanhe por muito mais tempo. Obrigada aos amigos leitores, obrigada às pessoas que odeiam isso aqui mas vivem lendo em silêncio, obrigada a quem tá lendo e simplismente tava fuçando na net e se interessou pela foto, obrigada aos que simpatizam com o nome do blog, obrigada aos fuçantes de orkut que leram o endereço no meu perfil. É isso ai. Vida que segue, palavras que vão surgir.

Parabéns pro blog e pra mim, que foi adiante sem dar muita bola para as opiniões alheias e não teve medo (mas teve vergonha) de exibir vários textos, sentimentos, euforia e quase uma necessidade de escrever escrever e escrever.

"Feliz aniversário envelheço na cidade", tem música melhor pra um post?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Te odeio São Paulo?

cena típica = lead batido


Dizem que amor e ódio andam juntos, juntinhos.


São Paulo me estressa quando me faz pegar uma fila de meia hora numa lotérica às 10h20 (um horário totalmente X).

Essa cidade me irrita quando bate recordes de congestionamentos no final do ano porque todo Brasil decide ir às compras ou fica passeando pela Paulista olhando cada papai noel que dá o ar de sua graça pela avenida.

Odeio a cidade que tem pavor de chuva e contraditoriamente tem apelido de cidade da garoa.
É cair um pingo pra tudo parar. Você vê que tá chovendo e pensa que às 0h00 vai chegar em casa.

São Paulo me tira do sério quando fica parecida com algumas cidades da Europa. É nome de de loja que não tem nada a vê, é hotel que chama Renaissance, é restaurante que copia uns pratos carésimos lá de um país minúsculo.

Vezes me bate uma xenofobia voraz. Mas ela é passageira. Tenho consciência de que só aqui é possível achar tanta mistura. Está no cerne da cidade.

Não gosto de ser paulista quando vejo o transporte público nesse estado indeplorável, as escolas num nível ridículo, não poder andar pelas ruas a noite, ver o Tietê nesse estado.

Me dá ódio saber que tivemos Martha Suplicy no comando da cidade, e esta por sua vez, teve a brilhante idéia de construir um corredor no cruzamento da Rebouças com a Faria Lima. Eu gostaria que a loira tivesse que passar uma semana pegando o JD. Maria Luiza lotado pra ver o que é bom pra tosse. Será que ela diria "Relaxa e goza" pra uma velha folgada que entra trombando em todo mundo segurando uma sacola?

Odeeeio as pessoinhas da Vila Olimpia que invadem a Madalena com aquele ar de superior, aquele salto fino e aquela fala mole irritante. Ainda a-do-ram dizer "Oi tô na Aspicueeeeeeeeelta" sem saber nem onde está.

Me irrita os jornalistas que fazem fala-povo na Paulista. Vem cá, só conhecem isso da cidade? Quero ver nego em outra avenida, outro bairro. Ficar só no paulista25demarçooscarfreire é muito fácil. Como se isso resumisse o que é São Paulo.

E pauta batida sobre SP também me dá nos nervos. É Mercadão, Paulista, Liberdade, Viaduto do Chá, Ibirapuera e cabou.

Prefiro morrer do que ir a um supermecado em 24 ou 30 de dezembro. Se paulistas adoram uma fila, nesses dias eles vão além.

Tudo isso aí faz ferver meu sangue. Mas sabe o que ganha?
Ouvir: "Caraca, aí, São Paulo é uma boxxxxxta!"
Cariocas folgados, limpem a boca pra falar dessa cidade!
.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sem clima


O final do ano chegou, as aulas já acabaram, fala-se em compras de natal, viagem de ano novo e eu ainda não entrei no clima. Vejo a Paulista toda enfeitada, um cachorro lindo ao lado de um papai noel no shopping Iguatemi, a árvore lindona do Ibirapuera e nada me abala. Não sinto felicidade por estar chegando os grandes feriados (que sempre adorei), o ar também não chegou a ficar rarefeito nessa época do ano. Continuo vivendo naquele clima morno, nem totalmente frio e desinteressado, muito menos pegando fogo e tirando o pai da forca numa ansiedade desgraçada.

Tô indo na boa, vendo a vida passar, fazendo aquilo que ainda me agrada e também muitas coisas que não sinto a mínima vontade. Sabe quando tá tudo bom? Bom, satisfátorio, na média. Sem reclamações, sem a vontade louca de algo que remeta e me chacoalhe, nun entrei no clima. Vejo as repórteres andarem na 25 de março que a essa hora está bombando e não sinto o braço arrepiar. Faltam 28 dias pra virada do ano, champagnes, ondas, novas vibrações e sei lá porque esse clima todo vermelho e verde que toma conta da cidade ainda não me atingiu.


A vontade de comprar uma roupa nova pra usar no primeiro dia do ano tô empurrando com a barriga. Quem sabe use alguma blusinha diferente que esteja esquecida dentro do armário. Ouço minha vó falar da ceia do final de ano, que as uvas estão com preço bom no Extra, que o Peru esse ano vai ficar mais caro e que ela nem sabe se vai dar pra fazer um manjar dos deuses pro dia 31. Continuo mastigando meu arrozcomfeijão na maior calma possível, sem maiores animações, sem pensar se vou dormir na casa de uma tia X no dia do Natal. É, realmente eu não entrei no clima.


Todo ano fico empolgada, adoro montar árvore de natal, enrolo uma fita vermelha na Lóris, dou um jeito de comprar lembrançinhas e ver meus amigos antes da virada do ano. Tô sussa, tô na malemolência, tô sem clima. Talvez esteja mais preocupada com questões mais sérias (?), em tirar a carteira de motorista, em fazer a PLA de jornal econômico, perder uns dois quilos até fevereiro, e estar chateada pelo povo lá de Santa Catarina. O Natal é uma ilusão. Fala-se em espírito natalino, em fraternidade, em bons velhinhos e a realidade é tão outra. Por vezes amarga, distante do gosto de chocotonne. Quem sabe lá pro fim do mês eu empolgue. Por enquanto, o máximo que posso dizer é: o Natal está chegando, idaí?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Amigos de aniversário


C
om a correria do dia-a-dia. Blah! coisa mais chata começar o texto novamente desse jeito. O causo é: vivemos cheio de coisas para fazer. É trabalho, faculdade, namorado, família, academia, inglês, amigos. No meio desse emaranhado de coisas vamos dando um jeitinho alí, encontrinho acolá, marcando churrascos, almoços e praias, pra tentar dar conta de tudo. Mesmo assim fica difícil achar um tempo pra ficar somente com os amigos.

Aquele dia/tarde/noite em que nos encontramos pra rir, conversar, comer, tirar foto e rir mais um pouco. Passamos a unir as coisas: Jú, tô indo no shopping comprar um presente, quer ir comigo? Clarinha, o cabeleireiro é perto da sua casa acho que vou dar uma passada ai, tá? Ainda bem que existem pessoas que conseguem arranjar uma brexa no tempo para nos encontrar. Ao contrário desses, tenho vários, e todo mundo conhece essa espécie a quem dedico com certa ironia esse texto: os amigos de aniversário.

Muitos nem sabem o dia do seu nascimento, mas com o abençoado orkut dando aquela ajuda básica, tudo fica mais fácil. E aí, quando fazemos aquela reuniãozinha, ou balada, eles sempre aparecem. É aniversário, né? Tem que haver o mínimo de consideração. O fato é que nas festas nunca damos total atenção para um convidado e os papos ficam pela metade, pra no ano que vem serem continuados. Sei lá porque esses amigos entram para essa lista.
Quer dizer, acho que sei sim. Eles acabam dando mais prioridade aos namorados (a), acham que sempre estaremos disponíveis, e adoram jogar a culpa na correria.

Ora, correria! Quem realmente quer ver, conversar e estar junto, sempre arranja um tempo. Sei lá, ligam, dão um jeito de se mostrar presente. Será que existe paulista que não viva na correria? (Pausa sem importância). Acaba que nós, depois de certo tempo tentando envão marcar um encontro, perdemos totalmente o tesão e deixamos com que eles caiam no esquecimento; não fazemos por maldade, mas por puro cansaço.


Lí uma vez que não é tão ruim separar os amigos em departamentos, afinal quando bater a saudade eles estarão ali (?). Mesmo assim sou contra essa distância conformada que se instalou por aí. O pessoal sente falta mas tem preguiça de ir atrás, coisa mais estranha. Por isso deixo meu recado: Amigos de aniversário, manifestem-se! Vocês correm o risco de mudar de lista e serem enquadrados na listinha do criado mudo. Lugar certo pras coisas sem muito valor.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Tolerância zero

senta na antena



Nego que nem me conhece vem me perguntar o que eu estudo. Segue o diálogo:

Jornalismo!
Onde?
na Metodista
huum, não conheço. Mas você sabe que a melhor da área é a Casper Líbero, né?
*pausa para respiração profunda e anti-palavrão*
É nada, vc conhece a Metô? sabe qual a infra que ela tem, os professores e tals?
Nossa, você é meio brava, né?
Sorriso amarelo

nem sei se a pessoa fez por mal, quis ajudar ou o que quer que seja.
Mas já a odeio e não quero mais saber de papo.

Tô quieta no meu canto e vem falar o que não deve?
É o que eu sempre digo: depois que toma um xingo vem dizer que sou maloqueira.

domingo, 23 de novembro de 2008

Miedo do miedo que dá

Eu tenho medo de ficar de DP de TV, rádio e foto.
De não conseguir me formar, de ser uma jornalista frustada.
Tenho medo de ficar gorda, de não conseguir dirigir.
Ter câncer, perder a voz,quebrar os dentes, tudo isso me amedronta.
Medo da minha mãe e pai morrerem antes que eu.
Tenho medo de velório, de não conseguir chorar, medo de nunca mais amar alguém,
de perder a Lóris.

Medo de fazer a tatuagem, de não poder comer chocolate, de ficar tiazona e perder o senso do ridículo. Medo de abandonar a música, os livros, de não rir da palhaçada dos amigos. Medo de não saber me expressar, de guardar rancor no peito
De não achar graça no cotidiano, de me tornar indiferente pra um alguém especial.

Medo de falar em público, colocar um filho no mundo, não arrumar emprego depois do estágio. Me amedronta e ao mesmo tempo me encoraja o fato de não saber pra onde estou indo.
Medo de deixar o comodismo tomar conta, de ser sedentária. De perder o movimento das mãos, de acabar a água do mundo. De não sentir pulsar a ânsia pela escrita. De perder o gosto pelo simples. Medo de perder a humildade e a dose de maldade.
Medo de não resistir e entregar os pontos.
Será que colocando pra fora eles diminuem?

O melhor lugar do mundo


Era sábado a noite e chovia aquela garoa fina desestimuladora de gandaias. Desencanei do forró e me rendi ao sofá com Altas Horas. Daí pensei nas mil e uma possibilidades de melhor ter aproveitado o dia mais querido e esperado da semana. Poderia ir beber na Vila, cinemão com um esquema, casa de uma amiga, pedir uma pizza. Nada.

Eu tava era feliz em casa e com o meu coração a salvo. São nesses momentos que me sinto uma velha mas muito feliz. Não tenho necessidade de beijar oito numa balada, amar alguém, comprar o último jeans da moda nem esbanjar felicidade aos quatro cantos do mundo. Estava me sentindo calma, lúcida e sossegada. Em casa, com segurança e sem maiores necessidades. Só quando passamos muito tempo longe do lar é que damos valor ao nosso canto, aquele lugar que nos aconchega por sí só, apenas por existir. Não importa se é uma mansão no Jardins, um kitinete na São João ou um apê normalzinho do Butantã. O que vale é chegar em casa, tirar os sapatos e fazer o que der na telha.

Muitas vezes prefiro o acolhimento à tórridas noitadas de pegação e bebedeira. Não acho isso desperdício de vida, pelo contrário, pedi aos deuses que me enviassem essa calmaria sem precisar estar feliz com alguém, por alguém ou em algum lugar super mirabolante.

Gosto de ficar no meu quarto mexendo, arrumando, descabelada sem ninguém precisar me ver. Nessas horas a sós é que pensamos nos nossos problemas
(e soluções), fazemos planos, sonhamos. É o encontro do eu com o comigo. Deixamos o personagem do trabalho/faculdade pra assumirmos o que realmente somos. Sem precisar de auto-afirmação ou aprovação de outrem. Eis o sossego desmedido e cúmplice do ser. Acho que todos merecem um momento relax em casa sem pensar em nada. Só assim pra recarregar as energias e conseguir encarar mais uma semana pauleira que a segunda-feira já rascunha.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Gentileza é uma arte


Desconfio das pessoas que vivem sorrindo. Soa falsidade e sempre me vem à cabeça algo do tipo: "Nun é possível que ela seja sempre feliz". Sabe quando cruza com você no corredor e solta um puta ar de felicidade sem motivo, e quando tá na rodinha de amigos finge que não te conhece?. Fica na cara que não é verdadeiro. Mas há aquelas sutis que te ganham com um "Oi", sei lá, um aperto de mão talvez, e não necessariamente vivem mostrando os dentes.

A gentileza deveria ser característica de todos os seres humanos. Não sou exemplo do bom humor de graça e escrachado. Gosto do humor inteligente, sarcástico e sempre faço o possível pra ser gentil. Isso sem dúvida nos abre muitas portas. Uma vez Danuza Leão contou que não se dava muito bem com a empregada porque essa fazia apenas o que lhe era pedido. Quando contratou outra, ainda com certo receio, se surpreendeu logo de cara. Tudo porque a nova moça se ofereceu para acompanhá-la ao médico. Com uma simples pergunta ganhou a chefa que tem fama de marrenta.

É o que eu penso. A sutileza de graça e espontânea aproxima as pessoas, o que se tornou quase uma proeza se tratando do individualismo e frieza que cada vez mais os paulistanos precisam enfrentar. Seja para dar uma informação sobre o caminho do ônibus, em qual sentido vai para o Paraíso, onde tem um banco Itaú mais próximo ou quanto custa a pipoca doce. Assim a gente quebra o gelo e ganha uma conversa. Sou fã das conversas sem pretensão, aquele lance de jogar papo pro ar, um assunto que puxa o outro e termina nun nada a ver. Muito agradável cruzar com quem é receptivo. Nada pior do que agüentar gente sem educação, e que destrata por puro gosto, machismo e mania de querer comandar. Quem nega um bate-papo perde a oportunidade de ouvir histórias, saber experiências ou simplismente dar risada. Desses só nos resta sentir pena por disperdiçar uma coisa boa, simples e de graça que essa vida pode nos proporcionar.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A beleza irreverente dos largados


Sempre achei lindo aquelas meninas que namoram caras boa pinta tipo executivão e se vestem bem, são inteligentes, tiveram boa educação. Teve até uma época em que cheguei a ter uma rusguinha de inveja por nunca arrumar um namoradinho desses. Já pensou que beleza você andar pela rua com uma pessoa que tem presença, eu pensava. Pra completar, ficava imaginando o quão legal deviam ser aquelas relações. Os bonitões recitam Fernando Pessoa ao pé dos respectivos ouvidos, tocam Djavan no violão e as levam pro cinema. Que romântico!

Fato é que eu nunca gostei de cara assim e também nunca dei abertura pra nada. O que me atrai e me interessa são os desleixados, malandros, largados. Aqueles que te ganham com o papo mole, não tão nem aí pra padrões da moda, falam gírias, não gostam de estudar, te pegam bem pegado e odeiam poesia. Eu não resisto a um “maloqueiro”. Vejo muita graça e tenho curiosidade sobre os papos alternativos, os gostos diferentes e a maneira esquisita com que demonstram sentimento.

Cabelo raspado, boné, tênis fudido, barba por fazer, calça jeans surrada. Que beleza! Quanto menos comum, melhor. Pior que assim como eu, há vááárias mulheres que são chegadas num maloquinha. O que eles têm que chamam tanto atenção? Talvez seja o jeito diferente de levar a vida. A independência que os cercam, o lema “nun to nem aí mesmo” estampado na cara. O estilo próprio, uma mania singular, a espontaneidade com que lidam com os amigos e zoam sem medo de ser feliz. Tudo isso desperta interesse e faz com que os largados fiquem um degrau acima dos certinhos.

Veja Paulinho Vilhena que ao interpretar o arrumadinho Fred em Paraíso Tropical não arrancava suspiros do mulheril. Atualmente, o ator vive o surfista e largadão Eros na novela das sete Três Irmãs, estampa capa de revistas de fofocas, dá uns beijos em Carol Dieckmann e é só sorrisos para os paparazzi. Esse é apenas um dos vários exemplos de que os desleixados conseguem chamar atenção.

Sinto em desapontar minha querida mãe que sonha com um genro galã do tipo Fábio Assunção. Ela diz que adoraria se eu namorasse com um administrador, ou engenheiro inteligente e bem sucedido. Sempre respondo que sou mais um jornalista, publicitário ou músico. Os certinhos são ótimos pra serem namorados das amigas ou apenas amigos. Quando o interesse é outro, os largados ganham em disparada e, aceitando isso, nunca mais entrei em conflito existencial por causa do assunto.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Rolo do Japão


Sempre adorei a cultura japonesa. Kimonos, chinelinhos, gatos, ideogramas, chás, olhos puxados, cabelos lisos, batchans, nisseis e sanseis. Sobrenomes que misturam H K W.
Saionara, né? Religião budista, valores diferentes, língua estranha. Que beleza passear pelas ruas apertadinhas da Liberdade e sentir que por um momento estou mais perto do oriente. Aqueles postes vermelhos, lojinhas abarrotadas de coisas.

Para um mero turista e fã do oriente isto é sem dúvida uma beleza. Até que um dia as coisas mudam. Empresa na rua Tamandaré. Pelas ruas circulam muitos japinhas e há o cheiro insurportável de peixe no ar. Repórter de rua que precisa arrancar as melhores aspas desse povo milenar. Quanta diferença. Se antes achava uma maravilha a idéia de entrevistá-los, hoje não penso assim. São receosos, lacônicos e te intimidam com o olhar e um sorriso amarelo.

Deu o maior rolo quando uma professora que ensina a tradicional cerimônia do chá entendeu errado o propósito da matéria. Eu iria apenas colher dados e fazer uma entrevista com papel caneta e gravador. Após isso, em um outro dia, gravariamos o vídeo para colocar no site. A campeã entendeu que a gravação seria feita por mim. Chego lá e dou de cara com cinco senhorinhas vestidas de Kimono, meias e chinelos quadrados, andando aqueles passinhos lindos. "Hoje não é agravação!", disse tentando esclarecer. "Como não, mocinha? Tá todo mundo pronto, isso aqui pesa um kilo", respondeu com um voz doce e brava.

Japoneses são muito pontuais. Desmarcar algo em cima da hora ou deixá-los esperando é como um "vai tomar no cú!"na lata. Simplismente não sabia o que fazer. Tentei um jeito de filmar e não disperdiçar todo o trabalho gasto com o engano. Foi envão. Tomei nem sei quantas broncas, todas com um tom de voz digno de Laidys. O sotaque meio cá meio lá dava uma vontade de rir, mas como não sou boba não arisquei abrir a boca.

Não houve gravação, mas depois de muito trabalho consegui arrancar uma entrevista das batchans. Foi ótimo. Elas soltaram tudo o que queria ouvir, riram e até aprenderam meu nome. Nathália, né? Agora olho pra eles de maneira diferente. Japoneses são bem bravos e só baixam a guarda quando percebem enfim com quem estão lidando.

Saionara!



quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Coisas que só acontecem comigo


Não que eu queira ser pessimista, mas tem dia que vai além:

Sexta feira a noite, transporte coletivo bombando, seguia rumo à Rua Dr. Arnaldo.

Trânsito, sacolas e bolsas alheias davam o tom. E é sempre assim, quando você tem um compromisso tipo assim inadiável, surgem vários obstáculos, Lei de Murfhy voraz. Estava com a minha bolsa lotada de coisas. Livro, garrafinha de água, carteira, bilhete único. Eis que não mais que de repente, uma barata voadora entra dentro do ônibus e cai em cima do meu braço.

Canhota, e com pavor de tal ser, dei um grito e bati a mão tentanto tirá-la do meu lindo corpinho. Maaaas, sem querer, joguei a barata dentro da minha bolsa!!! Imaginem só a cena. Quando ví a grande cagada que havia cometido, levantei em disparada e ainda soltei uns gritinhos. O cobrador riu, a mina que estava do meu lado tomou um susto e uma negona que tava lá atrás disse: ei mocinha, tudo isso por causa de uma barata?

Respirei fundo, e, com o maior medo, peguei a bolsa cuidadosamente pelas alças, sem mexer muito. Minha vontade era abandona-la pra sempre, xingar o mundo e ainda dar uma bela resposta pra intrometida que veio dar opinião sem ser chamada. Porém, havia pertences importantes e tive que encarar. Pra completar o espetáculo circense, tinha uns cinco muleques no fundo do busão fazendo piadinhas sobre a minha pessoa. Pedi então a ajuda de uma moça corajosa que topou fechar o zíper. Foi o ápice do causo. Todo Brasil olhou entretido para ela e eu me esquivando pra trás pedia a Deus para que a barata não se mexesse. Enfim a bolsa estava fechada e cada um seguiu sua vida.

Desci a rua de casa na maior velocidade possível. Entrei no apê e fui logo avisando que tinha uma barata dentro da bolsa. "Mãe, tem uma barata aí dentro, me ajuda!" Ela não entendeu nada, mas como não sente aversão ao inseto foi pra lavanderia abrir a bolsa.

Mateei! exclamou.

Pronto, o pesadelo chegara ao fim.
Eu estava mais atrasada do que nunca, mas pelo menos tinha minha bolsa em mãos!

É ou não é azar demais pra uma pessoa só?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Somo Nozes!


O que é um jornalista? Uma pessoa que leva informação à outra, um saco de pipoca, alguém que ganha uma grana porque sabe escrever bem, ou um ser que se sente o dono da verdade, muda a versão dos fatos e se acha sabixão de todos os assuntos?
Pausa dramática.

É complexo escrever isso quando você é ainda um estudante que tem noção de que não vai mudar o mundo, sabe que é apenas um número dentro da redação e mesmo assim consegue suspirar aliviado e feliz quando finaliza um texto, sobe uma matéria, entrevista alguém, ou simplismente faz um link ao vivo pro telejornal da faculdade.

Ser jornalista é levar informação, noticiar, ser o advogado do diabo e antes de mais nada, é aquele que vive em função da comunicação, certo? Bem, se você já foi em alguma coletiva de impresa pode perceber que esses que deveriam possuir tais características agem totalmente ao contrário. Nariz em pé, falam apenas o necessário, adoram uma panela e não vivem para a informação. Vivem para ter o ego massageado por muitos. Porque ser jornalista é legal, virou modinha, tem um na novela das oito. Eles podem cobrir festas cheias de celebridades, meter o pau no Lula, ter o rosto estampado na telinha e virar comentário por ter feito um alisamento japonês.

A mídia que noticia e faz denúncia é a mesma que apela para o sensacionalismo, tapa os olhos para alguns fatos e age de forma manipulativa. É tênue o fio que as separa, e é preciso ter olhos abertos para o que é veiculado por aí. Sabe, tem uma coisa que me irrita é esse povo que acha que ser jornalista é estar por cima da carne seca. Se sentem superiores, fazem pose de santinhos para o povão quando na verdade os detestam. Acham que sabem demais, opinam sobre tudo e não conseguem (talvez seja até caso patológico) dizer que desconhecem alguma coisa. Seja o novo boom tecnológico, o seicho no ie, o período da entressafra ou a nova música da Wanessa Camargo. Eles permanecem com o ar blasé pagando de intelectuais e inatingíveis.

Quantas vezes eu preferi fazer trabalhos com os muleques do fundão - que às vezes me irritam por pura irresponsabilidade - e ví que a qualidade era melhor do que o de muita gente? A Metodista por se tratar de uma instituição de qualidade atrai um povo que no primeiro semestre age feito Paulo Henrique Amorim e Barbara Gancia, dois malas da comunicação. O conceito de jornalista mudou demais. Antigamente o famigerado era apenas um bico que uns advogados e outros da nobreza faziam pra ganhar uma renda extra. Depois foi mudando, caindo no gosto popular até chegar no patamar que estamos hoje. Apenas mais um funcionário da cadeia capitalista.

Acha que vai ir contra o meio de comunicação que você trabalha? E correr o risco de ficar desempregado? Vai denunciar o chefão do jornal? Vai menosprezar os milhares de assessores que vivem exaltando algum produto e puxando o saco de meio mundo? Vai achar uma bosta um trampo de subir notinha sobre o mundo das celebridades? Ou vai se matar e ver a concorrência desleal que banda por entre os bastidores de televisão? Não ter final de semana, viver na mais pura correria e em função do Ibope?

É jornalistas. A vida anda meio dura pro lado de vocês. Como disse um professor: "Eu duvido que algum pai disse pra vocês serem jornalistas." Eu sei lá. Antes de entrar e ver o jornalismo realmente como ele é, achava a vida um mar de rosas, pegar um bloquinho e sair por aí rabiscando. Não é bem assim, e mesmo que essa área seja assim tão peculiar, esquisita e por vezes irritante, chego à conclusão de que não importa o que você faça, mas não queime a profissão fazendo dela apenas uma ponte para o seu sucesso, e esquecendo que o mais importante é informar.

Façam (ou pelo menos tentem) um bom jornalismo. Digno e limpo.
E não tô sendo piegas.










terça-feira, 28 de outubro de 2008

Homem é tudo palhaço!


Há um ano estou sem namorado. Deixei o posto de barraqueiramasromântica para trás. A partir de então comecei a observar mais, rir da desgraça alheia e dar uns beijos sem muito envolvimento. Bom, o causo é que depois de um tempo sozinha você fica mais seletiva. E após muito matutar acabei selecionando as espécies de homo sapiens mais engraçadas que vivem rondando as moçoilas e insistem trombar o meu caminho. Vale ressaltar que não é um post de auto-ajuda, nem um manifesto feminista, nem uma pessoa que odeia os homens, nem coisa do tipo. Apenas uma "análise de campo" como diria a querida Márcia Tondato.

Sem mais delongas, vamos a eles:

Os clube do bolinha: Sempre tem um bonitão da turma que adora pegar o carro, enfiar oito amiguinhos dentro e ficar dando voltas pelas ruas da Vila Madalena. Não têm dinheiro pra entrar em um bar descente, não tem esquemas com nenhuma menina e ficam pagando de DJ. Aumentam o som do gol bolinha no último e soltam o refrão animado: Chiii cleeee têê, oba oba! Ps: Pq não pegam o carro e vão embora pra Bahia?

Os sem noção: O campeão assume três relacionamentos “sérios”, apresenta as garotas pra família, joga o maior xaveco furado. Não gosta de tirar foto juntos, nem tem orkut ou MSN. (Tudo isso é medo de ser pego em flagrante, é óbvio). Acabam sempre se enrolando com uma mentira e quando a namorada chama pra DR ele é curto e grosso: prefiro terminar.
O lindão ainda arruma tempo pra galinhar com os amigos e se cruza com uma ex em algum lugar não perde a oportunidade de soltar aquela cantada ri-di-cu-la!

Os Cafajestes: Os filhos da mãe têm um papo super legal, pegam de jeito e são bem bonitinhos. O causo é que não querem ter nenhum envolvimento com o mulheril, somem no outro dia e depois de um tempo ligam como se nada tivesse acontecido. O pior é que a maioria das mulheres ficam encantadas, meio bestas, achando que os espertões estão realmente afim delas. Quanta inocência!

Os Casados: Esse tipo me irrita muito. Se eu tivesse porte de armas com certeza já estaria presa. Os tiozões (às vezes nem tão velhos assim) exibem aquela aliança dourada gigantesca na mão esquerda e te secam dos pés à cabeça. Vivem reclamando de suas esposas mas não têm coragem de terminar um relacionamento. Na cabeçinha oca deles, é melhor trair e ter um arroz-com-feijão básico pra comer, do que viver sozinho ao Deus dará. Péssimos!

Os desesperados: O cara te chama pra tomar uma cerveja e depois do primeiro gole sussurra no seu ouvido: “Dorme comigo essa noite?” Apesar de ser direto e sincero, ele também deixa claro que você será apenas um passatempo sexual na vida dele. Tá achando que a vida é fácil benhê? E as flores? Os bombons? A serenata que sua avó tanto disse? Tsc tsc tsc, doce ilusão....

Os Criado-na-obra: Manja os pedreiros de bigodinho e boné com número de vereador? Você tá andando na rua quando ouve: "Olha que móóórena!" Pior é que esse tipinho não se restringe apenas aos peões de obra de fato. Tem segurança, entregador de pizza, carteiro e até executivão da Paulista que adora mexer com mulheres na rua. É o que eu sempre digo: "Depois que toma um xingo vem dizer que eu sou maloqueira!"

Os Exs: Malandrão acha que você não tem mais o que fazer da vida a não ser pensar nele. Egocentrismo é fichinha pra esse narcisista de quinta. Tem a cara de pau de te chamar no MSN pra comentar alguma foto sua, não tem papo e acaba apelando pro exibicionismo barato. “Comprei um carro, um pit bull, to indo em várias raves” . Vem cá, perguntei alguma coisa? Além disso, quando percebe que você não ta nem aí, ele vai mais a fundo. “Saudades! Vamos marcar um encontro? Vamos relembrar os velhos tempos”. Malas!!!
E pra fechar com chame de ouro essa lista, os grandes e irritantes:

Os jogadores ou bestas: Acho que essa espécie parou no tempo. Sei lá, devem achar que ainda temos 13 anos. Negão puxa papo com você pra dizer que está solteiro e na área novamente. Vem com umas histórias de “estar se sentindo carente, esquisito e ainda não se acostumou com a solteirice”. Você pensa: “Tá querennndo!” Papo pai papo vem, as indiretâncias continuam a todo vapor e nada dele te chamar pra sair. “Vai ver tá com medo de levar mais um fora” você novamente pensa. Então, numa atitude totalmente moderna e cara de pau, decide chamá-lo pra sair. Quando de repente eis que o cidadão responde: “Hum, vou pensar no teu caso”. Ahhhh fala sério! Vem cá queridão, ta achando que eu tenho tempo pra ficar de gracinha? Ou tá pensando que eu vou parar minha vida por tua causa? Acorda! Você virou motivo de chacota e gargalhadas na mesa do bar. Sabe, é como diz aquela comunidade do orkut: “Se não me quer não provoca!”

Entre tantos outros tipos de homens, esses são os que mais me chamaram atenção. Das duas uma: ou continuo sem muito envolvimento com os peguetes da noite paulistana, ou assino em baixo a máxima de um blog bem legal: Homem é tudo palhaço!!

domingo, 12 de outubro de 2008

Inveja do bem


Desde sempre a gente aprende que ter inveja é ruim, sentimento péssimo etc. Ok, concordo. Acho que invejar uma pessoa, querer tudo o que ela tem, ser quem ela é, e principalmente, ficar desejando o mal do outro é horrível. Primeiro porque sua vida não vai pra frente, e cá entre nós, ficar acompanhando a vida de uma pessoa X como se fosse uma novela é um porre.
Maaaas existe aquela inveja diferente. Tipo do bem, repare:

Era quinta-feira tava uma puta chuva, meu cabelo estava oleoso e às 07h30 já era meu segundo ônibus, lotado é claro. Ventava pela janela e eu mal conseguia abrir meus olhos de tanto vento, mas naquele instante era o lugar que dava pra ficar. Enfim, uma prova me esperava e um roteiro de radionovela também.

Eis que o ônibus parou no farol e comecei a reparar no carrão que estava ao lado estacionado em frente à uma padaria. Tinha uma loira, unhas pintadas de vermelho e vestia uma roupa social super chique. Cabelo perfeitamente liso. Ela cantarolava feliz dentro do carro. Foi então que minha mente maldosa pensou: "Essa loira pode até ser bonita, mas ou é gorda ou não tem bunda". Como se estivesse ouvido meu pensamento, ela saiu do carro num impulso.
Trancou a porta e foi andando. A vaca era magra, bunduda, e ainda ia tomar um café quente na padoca. O busão voltou a andar, o vento a bater, e a vida seguiu seu rumo.

Fala sério. É ou não é pra sentir uma ponta de inveja da mina? Inveja pelo simples motivo de também querer ser assim e ter uma vida mais fácil. Não que eu queira colocar o nome dela na macumba ou rogar praga pra ela ficar encalhada. Nada disso. Mas sim, ser linda, ter um carro e conseguir sorrir às 07 horas de um dia chuvoso. Essa é a inveja do bem.
E se querem saber, acho até valido ter uma boa dose de inveja na vida. Pra fazer a gente batalhar, querer vencer e não deixar a peteca cair. Quem sabe ainda não viro loira e perco o medo do volante, né?!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sobre a fobia


Sempre tem um professor que enche o saco e adora seminário. "Porque vocês são jornalistas, não podem ter medo de falar em público", argumentam eles. Na verdade todo mundo precisa falar em público, já que a comunicação é essencial para a vida humana.

A frase acima fica linda quando escrita, mas na prática não é bem assim. A começar quando nas primeiras aulas ele logo adianta que vamos fazer alguns seminários. Começa a taquicardia. Enfim, quando chega o dia da porra da apresentação, por mais que você tenha estudado e domine a matéria, dá um branco voraaz. Você começa a pensar que a menina que te odeia e o amigo palhaço do fundo da classe vão adorar se lhe faltarem as palavras. As mãos começam a suar, o prof° tá esperando e o seu grupo te olha com cara de: E aí minha filha, é pra hoje?

Não sei porque diabos é tão difícil falar em público. Eu pelo menos fico hiper gaga, um pensamento atrapalha o outro e só percebo as testas alheias franzindo na minha frente, tipo não entendendo nada.

Uma vez, na missa de catecísmo, tive que ler aqueles textos da folhinha, sabe?
A igreja tava bombando de tiozinho, meus pais estavam sentados sorrindo e orgulhosos, e a minhas pernas, bambas. A querida professora disse que eu era extrovertida e ia me sair bem. Ser extrovertida é uma coisa, ler na missa é outra!! Pois bem, lá se foi Katharine. Engasguei no meio do textículo, claro. Depois todo mundo veio dizer que fui bem etc. só pra me consolar.

Sei lá, cada louco com a sua mania e doido com seu problema. O meu sem dúvida é falar em público. Esse ano (ainda!) não fui sorteada pra ir falar lá na frente. Uma amiga - ótima nessas coisas - se expressa perfeitamente, e eu chego até a ter um pingo de inveja por não conseguir. Talvez o medo não seja só meu. Já ouvi dona Fátima Bernardes afirmar que toda vez sente um frio na barriga. Aí chega na hora e ela mata a pau, filha da mãe!

Será ansiedade? Frescurite aguda? Fobia por palcos, palanques e afins? O que eu realmente sei é que esse argumento de "jornalista ter que saber falar em público" não é muito válido nem me agrada muito. E quem quiser ser jornalista e for mudo, como faz?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Vênus X Marte



Coisas de mulher:
* Conversar sobre o comportamento dos homens
* Reparar em bunda de mulher
* Ir ao banheiro juntas
* Em cinco minutos sacar se aquele look combina ou não
* Saber quando a progressiva já venceu


Coisas de homem:
* Conversar sobre futebol
* Reparar em bunda de mulher
* Esquecer da namorada (e ficar bobo) na companhia dos amigos
* Simplificar tudo
* Deixar pra depois


Coisas de homem e mulher:
* Decidir não ligar no dia seguinte
* Chegar atrasado
* Beber até cair
* Cobiçar a namorada (o) do outro. (Sim! Aqui não rola mentira)
* Amar cachorro
* Sentar no fundão!
* Reparar na gordura alheia
* Ser consumista

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Segunda-feira chuvosa: rascunho do inferno?

Pelas janelas, o que se vê...


Confissões de uma paulista:

Você acorda na segunda-feira e ouve o maior pinga-pinga lá fora. Já sabe que a semana começou daquele jeito! O guarda-chuva tá meio capenga, é bater um vento forte pra ele virar ao contrário. O companheiro All Star não güenta a quantidade de água que teima em cair do céu, logo em seguida percebe que a sua meia está todinha molhada.

Claro que morando em São Paulo o trânsito já bateu o recorde do ano e sempre tem um besta pra ficar buzinando logo cedo e tirar qualquer um do sério. É muito stress pra um dia só. Deveria ser proibido chover segunda. A paisagem da cidade ganha aquele ar cinza tipo húngaro e não dá vontade fazer absolutamente nada.
Você meio que passa o dia todo pensando que a hora que chegar em casa vai tomar um banho bem quentinho, finalmente.
A diferença é que são dez pras duas da tarde e você adentra em casa às vinte e três.



Adoro quando a meia fica molhada...


Andar de ônibus, metrô ou pelo supermecado é um convite para o escorregão. O povo entra com o bilhete único numa mão, e tá com o guarda-chuva pingando na outra. Fica a maior fila, o seu cabelo já era, tá tudo lotado e a chuva não páraaa!

Até dava pra ter um pensamento super otimista e bucólico do tipo: "ahh primeiro temos que passar por tudo isso pra no final de semana o sol raiar por cima das nossas cabeças". O problema é que sendo paulista ou conhecendo um pouco dessa cidade dá pra saber que essa chuvinha fina e típica demora pra ir embora. Morar em São Paulo também é se acostumar com tudo isso que descrevi aí em cima. É chato e irritante eu bem sei, mas não é à toa que ela é denominada Terra da Garoa.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Amor com amor se paga


"Te amo pra sempre, mais que universo, você é tudo pra mim, é a minha vida!
Eu também te amo, te quero e não penso em mais ninguém"

"Nossa! A Joana agora nem liga mais pras amigas, só vive com o tal namorado!
Muito cedo pra dizer que já ama, né?"


Você pode achar que as primeiras aspas demonstrem um amor ilusório porque paixão, amor tudo passa. Lendo as segundas, deve pensar que Joana é mais uma boba que deixa os amigos pra ficar só com o namorado.
Mas antes ser um dos dois, do que simplismente se abster do amor. Pense como seria mais fácil viver sem o melhor e mais complicado sentimento da face da terra. Você tiraria com a mão aquele que tá a sensação de tristeza, te faz chorar e querer morrer de tanta alegria.
Pronto! Agora lá está ele na lata do lixo e nunca mais vai te incomodar.
Também não sentiria nada quando seu pai batesse na sua mãe, afinal, o amor já não existe. Seria imune aos maus-tratos com animais e não derramaria uma lágrima se sua amiga de 10 anos dizesse que tem câncer no cérebro. Sem amor a vida seria descomplicada, indigesta e os seres-humanos orientalmente racionais.

Os publicitários se matariam inventado propagandas que de fato atingissem algum coração.
Dia dos namorados não existiria e traição seria como comer pão com manteiga de manhã: supernormal. As pessoas nada sentiriam pelas outras então pegar vários, trocar de par seria coisa corriqueira, sabe? Imagine um mundo assim. Acho sem graça demais.

Aí você dispensa um afago em sua mãe por achar que demonstrações de carinho não valem a pena. E o casamento voltaria a ser mera relação para procriação. Sem amor ela não gastaria horas no cabelerereiro, semanas de duras depilações, alisamentos, só pra ficar lin-da! no dia do grande encontro. Também não ficaria no ponto de ônibus naquele domingo chuvoso só para poder visitar aquele amado amigo que mora longe.

Sem amor autores de livros de auto-ajuda e psicólogos estariam encrencados. Grupos de pagode e duplas sertanejas tristemente desempregados. Estranho pensar como seria. Por isso, da próxima vez que pensar em criticar Joana, ou contestar um casal bobo que vive se pegando em público, lembre: Eles ainda sentem.

E você, sente?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Morar em São Paulo é:


Acordar cedo e sentir que às 06h00 o dia já começou fervendo.
Ver padarias aconchegantes te chamando e se contentar com o bom e velho pão com manteiga.
Se adaptar a calçados confortáveis e deixar os scarpins pro final de semana.
Aproveitar até o último segundo o horário de almoço, mesmo que seja sentado em uma calçada qualquer.
Se acostumar com a garoa fina, típica.
Ver o sol se pôr entre os prédios, o céu rosa dar lugar ao azul celeste e a sensação de que quase todas as taferas foram cumpridas.
Ter a obrigação de tomar uma cerveja gelada na sexta-feira e pensar: "trabalho só na segunda".
Começar a se animar na quinta a noite com algum happy hour perto de casa. (Lei Seca, né!)
É andar, andar, andar, pegar fila e acenar pelo bairro em que mora.
Conviver com almofadinhas que teimam em compará-la com outras cidades como o Rio de Janeiro.
Conhecer tudo e ninguém, viver o perfeito paradoxo.
Achar graça no cinza.

A cidade muda constantemente. Viver aqui também é observar. Sentir o que cada lugar pode te trazer de bom, sair do trivial, mudar de rumo, ir contra o senso comum.

A metrópole tem o dom da mistura, o liqüidificador mor, te dá a liberdade de ir e vir. Se você rodou a baiana numa loja lotérica pode simplismente optar por nunca mais aparecer por lá. Ou tem a possibilidade de não trombar a toda hora com pessoas indesejáveis.

Essa lista é interminável, sublime e inconstante. Porque São Paulo também é um estado de espírito.