sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Quase vento de outono

Esse ventinho gelado, conheço bem. Custo a acreditar que já é o fim do verão, ainda nesse mês. Quando na Inglaterra, agosto ainda era tempo quente e churrasco no quintal. Somente em outubro é que as coisas foram ficando mais frias. Acho que em 2016 foi um verão bem bom, e o desse ano quase não queimou. A Irlanda é muito mais fria, chove mais e é mais cinza também, agora eu já tenho total certeza disso.

As noites por aqui estão mais curtas e os dias já não amanhecem às 4h30. A cama quente teima em não me deixar levantar. São 4 semanas trabalhando sem nenhum day off, tal e qual tantos intercambistas e brasileiros.

Espero que essa marquinha saia do meu pulso, porque por mais que eu esteja curtindo muito a experiência de trabalhar como Deli Assistant, nenhum sanduíche e nenhuma pizza valem a cicatriz.

Estou rompendo a marca dos 6 meses. Em P'boro foi exatamente meio ano fora.
Com Dublin a história já é diferente, minha Dublinia que tanto me irrita, mas tanto amo. Essa semana senti tanta saudade do Brasil que quase me esqueci da zorra total que se encontra meu país.

Escutei samba de roda, rascunhei o plano do próximo Carnaval, falei com vários amigos, depois passei pra Marisa Monte e desaguei em Capoeira de Angola. Nem sempre faz sentido ouvir essas músicas andando no coração dessa cidade. O contexto é tão outro... Mas coração manda e eu faço.

O lado bom de trabalhar sem parar é não ter muito tempo pra pensar. Por vezes o pensamento me põe pra baixo. A solidão também enche o meu saco e nessas quase caio numa furada.

O plano é seguir firme e forte, ainda tem coisa pra caralho pra fazer aqui, e entre listas, sonhos e nostalgias vou me preparando pro outono fingindo desconhecer o inverno.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Mais uma página sobre saudade

Eu me pergunto onde estão os comunicadores, os humanoides, os cirandeiros e Lula Livre dessa Dublinia. Onde se escondem esses que poderiam ser meus amigos e são capazes de terem uma conversa útil, inteligente, que consigam falar sobre a vida e a experiência aqui fora de uma maneira não tão superficial.
Os que escutam Caetano, Gil, Baby, Marisa Monte e Luiz Gonzaga. A parte mais difícil do intercâmbio é a falta que me faz trocar ideia com gente inteligente e interessante, com gente que possa me acrescentar algo que seja mais do que a nova letra de funk ou a nova substância da moda, que vá além dos países que visitou e consiga falar sobre a vida, sobre a bosta que esse governo tá fazendo com o brasil, que tenha experiência pra trocar. Que falta me faz minhas amigas que não estão só preocupadas com a pegada do cara ou se le respondeu ou não. Às vezes tudo o que a gente precisa é sentar pra tomar uma cerveja e conversar, mas pra conversar a pessoa tem que ser o mínimo inteligente, antenada e ter algum conteúdo. 

Fui muito mal acostumada por estar rodeada de jornalistas no Brasil. Sempre cheios de tiradas inteligentes, de notícias, de assuntos e vivências. 

Aqui em Dublin ainda não me conectei com esses, mas a busca nunca acaba. 

Quando você percebe isso, quando essa janela se abre, a parada fica muito mais complicada. Idai que o cara é bonito? 
Só bonito não interessa, tem que acrescentar e ser interessante, mesmo os Irishs, os Italians, todos.

Daí me lembro de Yuri, meu amigo inteligente e rico de alma que sinto uma falta tão grande. 


Lá se vai mais uma página sobre saudade.