quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pqna Dosagem...


... Sobre: Picaretice Paulistana
É sempre assim: nome-ondevocêmora-profissão. Nas baladas dessa vida mundana, os papos sempre começam mais ou menos dessa maneira. O causo é que gosto de muuuitos bairros de São Paulo e aí desembesto a falar sobre os arredores que os outros moram. Maior estilo GPS.

- Moro na Aclimação
- Aaaah que delícia, adoro aquele parque, as ruas arborisadas. Trabalho ali perto.
- Moro na Vila Mariana
- Ai! Sabe que adoro esse bairro? Bem localizado, de fácil acesso tanto de carro como de ônibus, shopping, bastante comércio.
- Moro na Vila Madalena
- Amo amo amo! Os bares, as ruas, a Benedito, as praças, até o BNH de lá é legal!
- Moro na Bela Vista
- Que legal, um pulinho da Paulista e bem centralizado blá blá blá blá
- Moro no Butantã
- Jura? Eu também!

Agora quando não curto o bairro ou a pessoa não mora na região Metropolitana o diálogo é esse:
- Moro em Osasco
- Aahhh tá.
- Moro em Santo André
- Huumm...
- Moro no Tremembé
- Que longe!
- Moro no Itaim
-.....
- Moro no Aeroporto
- tenho medo.
- Moro no Jaguaré
- Xiii alaga!

Sou picareta, entende? Picareta Paulistana, mas ainda amo São Paulo por isso posso falar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Teste de resistência X Imaginação


Todas as vezes em que eu entro num ônibus lotado (ou seja, todos os dias) penso que é um teste de resistência enviado por Deus. Como tenho posse desse belo gênio ranzinza, imagino que ele lá do alto do seu trono afirme num misto de experiência divina e ironia incontida (leia imaginando a voz do Cid Moreira):
“É Nathália, é preciso passar por isso até que você entenda que a vida não é uma festa e que esses obstáculos precisam ser vencidos. Passo por passo. Dia por dia. Ônibus por ônibus, roleta por roleta...”


Como tenho noção de que ele é mais forte do que eu, e que a discussão é unilateral, luto com as minhas armas e solto a imaginação até que finalmente o Largo da Pólvora adentre na Avenida Paulista e eu possa enfim respirar aliviada e voltar a gostar da vida.

Já imaginei um ônibus sem nenhum banco. Assim caberia mais gente e não teria discussão entre acentos reservados para idosos, obesos, crianças de colo, afinal todo mundo ia estar de pé mesmo. Além disso, o super ônibus sem banco teria vááários ganchos no teto e todas as pessoas entrariam e deixariam suas bolsas, sacolas, mochilas e guarda-chuvas pendurados evitando o empurra-empurra que rola sempre em que os engraçadinhos insistem em deixar as bolsas e mochilas nas costas, ou quando quem está em pé quase enfia (involuntariamente) as sacolas na cara daquele que está sentado e então agradece feliz quando o pobre cidadão do banco pergunta meio que obrigatoriamente se ele pode segurar a sacola e voltar a respirar .


Também já pensei em fazer uma manifestação e clamar por ônibus que sejam específicos como: sócrianças/adolescentes, sóidosos, sóobesos, sótrabalhadores. Fala se não ia ser a melhor coisa do mundo? As mães conversariam sobre as escolas, merendas e preço do material escolar. Os idosos sobre geriatras, medicina alternativa, ioga, receita da Palmirinha, inflação. E os trabalhadores... Bem esses não falariam nada, porque acordam com um humor do cão e seria um silêncio delicioso durante todo o trajeto.

Diariamente cogito em ir trabalhar de bicicleta, mas é longe demais e eu chegaria mais suada do que o habitual. Patins? Com calça social e camisa não dá. Skate, patinete, tirolesa, surf no trem, qualquer coisa tá valendo pra que eu me livre desse inferno que é andar de ônibus. E não citei carro porque além de não dirigir muito bem, com certeza eu arrumaria brigas no trânsito.

O jeito é soltar a imaginação, aumentar o volume do MP03 escutando uma MPB que acalme, e resmungar igual ao Taz Mania, porque esse direito ainda é livre e não me custa nada.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Média Dosagem...


... Sobre: Um abraço

Estava no ônibus vindo trabalhar. E depois da chuva de ontem São Paulo ficou inteira em estado de alerta. Então imagina: trânsito, ônibus cheio, calor etc. A mesma ladainha que já contei algumas vezes. Porém, como nenhum dia é igual ao outro, hoje todos meus companheiros de transporte público presenciaram a discussão de um casal de namorados.
A moça estava bem na minha frente antes da roleta. O namorado, por sua vez, depois da roleta. O cobrador no meio. Eis que o namorado exclama: Chega! Pode parar! Não quero mais te ouvir! (E eu fazendo cara de paisagem, mas ouvindo tudinho). A mulher respondeu com voz de choro: O que eu estou fazendo? (Aliás, em briga de namorado tem sempre um que pergunta o que está fazendo. Como se não soubesse...) Nisso, ela virou de frente pra mim e começou a segurar o choro. Apertou a boca, olhou pra cima, suspirou duas vezes, todas as táticas que conheço muito bem.

Mas não resistiu e caiu em pranto. Um pranto contido, triste. E eu que não tinha n-a-d-a a ver com n-a-d-a tive vontade de lhe dar um abraço, um ombro amigo, emprestar uma lenço, sei lá. Não aguento ver gente chorando na minha frente. Vi de perto a lágrima borrando a base, coitada! Ela desceu pela porta da frente e foi-se. E comecei a entender porque falam pra gente só chorar em casa, sozinho, ou longe do namorado. As pessoas não suportam a ideia de que os outros as vejam em estado de vulnerabilidade. Não podem dar o braço a torcer em público, dar margem para que sintam dó. Abaixo o sentimentalismo, ta fazendo chantagem emocional, é?
Entre conceitos pré-estabelecidos e a armadura que paira pelos habitantes dessa Metrópole, um simples abraço pode parecer carinho demais. E fazer toda a diferença.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pqna Dosagem...


... Sobre: tardes em São Paulo

Sair do trabalho às 16h é apenas a melhor coisa do mundo corporativo. Rebouças, Faria Lima, Doutor Arnaldo, Raposo Tavares e dependendo do dia Avenida Paulista fluem sem problemas nesse horário, o que é quase como ganhar na Loteca. Os metrôs não estão exageradamente cheios, cafés encontram-se com mesas disponíveis e os parques estão deliciosos e sem crianças. Com a alma itinerante em que me encontro esses dias, fui perambular sem destino e adorei o que encontrei. Nada como chegar em casa no comecinho da noite. Às vezes a vida é bela demais.

São Paulo: inferno astral


São Paulo vive seu inferno astral. A duas semanas de completar mais um aniversário é natural que ela fique chatonilda, e está. A começar pelas temíveis enchentes que insistem em infortunar os paulistanos. Famílias perdem tudo, água não baixa, Kassab sem saber como contornar a situação. Congestionamentos homéricos, rios transbordando. Quando as chuvas dão trégua é o calor da Bahia que aquece nossas cabeças e ao contrário do mar e do óleo de Dendê, topamos com uma pilha de papel pra resolver.

Umidade relativa do ar, viroses, doenças respiratórias em crianças, motivadas pela mudança brusca de temperatura. Aumento na taxa do transporte público, do álcool, IPVA dando problema. Rodas de ônibus que atingem pedestres, ponto de ônibus desmoronando, montanhas de lixo poluindo o Centro e até na hora de ajudar as pessoas do Vale do Paraíba dá uma zica: a PM não tem mais lugar para armazenar os alimentos. Tudo isso e estamos apenas na primeira quinzena de janeiro.

E sem pessimismo, tá tudo estampado pra quem quiser ver. Eu que sempre defendi (e defendo!) essa cidade com unhas e dentes preciso falar sobre todas essas dificuldades que ela vem enfrentando. E dá raiva. Como engolir que a maior cidade do Brasil não possui um sistema de bombeamento que de conta de toda quantidade de água que cai principalmente em janeiro? E simplesmente ignorar o fato de que não há moradias decentes pra todo mundo. Famílias instalam-se na várzea do Rio Tietê, em morros, pedaços de terras ilegais e perigosos. Apenas transferi-las não soluciona o problema.
Como um cidadão que sai para trabalhar às 05h15 e espera o ônibus morre esmagado pelo ponto de ônibus. É demais! E não. Não foi o acaso. O ponto estava danificado há algum tempo e nada foi feito. Fora a taxa do transporte público que está cada vez mais cara e em situações piores.

Passar batido, ignorar, maldizer, se conformar ou mudar de cidade são opções que todos possuem. Porém, não é isso que eu quero e ajustando o foco vejo o quanto é necessário mudar para que a cidade volte a ficar mais calma e gostosa para se viver.
São Paulo precisa de gente interessada e apesar da impotência com que concluo esse texto meus sinceros votos de que realmente seja apenas o inferno astral e que essas agruras passem (ou pelo menos diminuam) junto com o seu aniversário.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

10 atitudes para se dar bem no Forró

Depois de quase um ano inteiro frequentando o forró e (e com 2010 me convidando para mais uma dança), além de conhecer várias pessoas, me acostumar com a ressaca, ver o domingo nascer na rua, pegar tempo bom ou chuva, decidi montar uma lista unissex pra se dar bem na balada que divide opiniões, mas que pra mim dá de 11 a 0 em muitas baladinhas da moda paulistana.
Se você nunca foi, ou nem lembra mais quando frequentou um forrózinho, siga essas dicas e corra pro abraço!

1) Nada de ir muito arrumado, hein! O ambiente é beeem descontraído. Meninos de bermudas, tênis, camisas estilo havaiano ou camisetas. Meninas se joguem nos vestidos, saias, regatinhas e colares. Quanto mais praia/hippie for o look, melhor. E nada de salto! Rasteira, e sandalinhas são melhores para rodopiar no salão.

2) Se você não sabe dançar, avise! Seja homem ou mulher, é sempre bom que a outra pessoa saiba. Odeio quando nego vem metendo a mala e fica sapateando sem desenvolver a dança. Agora, quando a pessoa avisa é mais fácil. Eu ajudo, ou ensino, mas vai de cada um.

3) Não tire para dançar as pessoas que estão bebendo. Se eu estou tomando cerveja, dificilmente vou parar e dançar. O mesmo serve para quem está tomando um drink e conversando. E tem homem que fica chateado e acha que é uma questão pessoal. Prefira as mulheres que estão só conversando ou empolgadas na pista. PS: Mulher também tira homem pra dançar, hein! Não se assuste com um convite desses.

4) Dê uma olhada geral antes de dançar. Sempre faço isso quando estou tomando a cervejota. Assim fica mais fácil fugir do tiozão que foi casado, se separou e agora tá se jogando na night, se distanciar do bonitão mala que dança só para tirar casquinha das moçoilas, me aproximar daquele que dança super bem etc.etc. E não pense que homem não repara! Todos eles ficam de olhos arregalados pra ver quem dança bem, a mais bonita, a periguete etc. Não adianta, ninguém quer pagar mico na balada, ainda mais em ambiente em que se dança junto.

5) Se a música for rápida deixe para conversar depois. AMO forró sambado. Mas tem homem que quer ficar de conversinha e aí o que acontece? Fica naquele chove-não-molha. Eu dou um giro e ele me pergunta meu nome. Outro rodopio e pergunta se trabalho. Não dá.
Quem quer conversar, flertar, pegar, aproveita o xote (forró lento) para chegar junto. (E cá entre nós, não tem nada melhor).

6) Não case no forró! É difícil, mas como a galera se conhece e um dança com o outro, é normal que depois de uns beijinhos a pessoa volte para a pista e isso não quer dizer que o "romance" tenha acabado. Basta dançar e depois ficar junto, dançar e ficar junto, dançar até que a morte os separe. Mas evite ficar grudado, de mãos dadas no maior clima casal 20. (A não ser que o casal de namorados vá junto ao forró, ai é totalmente diferente). Uma vez gamei num affair e bem queria enfiá-lo no potinho, mas fazer o quê se ele queria dançar? Dei um jeito de vazar de lá junto com ele, simples.

7)Não fique em um lugar fixo. Como em todos os lugares, no forró também tem panela. O povo que fica na frente do palco bancando os amigos dos cantores. O povo do bar, o povo do lado, o povo do fundo (estes geralmente que não sabem dançar). Circular sempre! essa é a ideia.

8) Faça amizades sem pretensão. Não sei por que isso acontece, mas no forró as pessoas falam umas com as outras como se já as conhecessem. Coisa que não acontece em barzinhos, baladonas, sambas etc. Foi assim que conheci pessoas que atualmente se tornaram meus amigos. O negócio é conversar, apenas.

9) Não beba demais. E isso não vale apenas no forró, mas em qualquer situação. Que homem ou mulher vai querer conversar com alguém trançando as pernas e falando mole? Pior ainda é dançar. Como disseram no filme Carandiru: "Aí é sem chance".

10) Sem xavecos furados, por favor! É sempre bom lembrar e também vale para qualquer lugar desse Brasil. Se bem que uma vez estava eu com uma batinha muito linda dançando alegre e feliz quando um cara disse: linda bata, hein! Comprou na Benedito? (feirinha da Vila Madalena). Não tinha comprado, mas achei simpático o elogio.

Depois dessas dicas da super Nathy você vai encarar o forró de outra maneira. Rá!
(Tão bondosa ultimamente...)



sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

2010 - brinde os detalhes!


Desejo que em 2010,

A gente possa ter mais! Muito mais. Mais paciência pra entender que nem tudo sai como se espera. Sabedoria pra compreender que na vida há trânsito, há pedras, há planos e espinhos, recheios, remendos. E às vezes é no inesperado que temos sensações diferentes, essas por quem tanto vivo atrás. Tenha mais sede e mais fé para botar sua alegoria na avenida e entre gritos e sussurros concretizar planos quase esquecidos.

E viva os dias normais que passam despercebidos, porque como diz a música: "A vida tão simples é boa, quase sempre". Quero mais amizades concretas, ventos no rosto, apertos de mão na calada da noite, descer no metrô e me sentir útil. Falar ao telefone com alguém distante e ouvir a voz de empolgação, pintar as unhas antes da tremenda festa e depois dançar muito, dançar sempre. Sentir o gosto salgado das lágrimas e me sentir viva, sentir o suor escorrer pelo rosto e me sentir gostosa na academia, sentir o produto agir nos cabelos e me sentir linda no cabeleireiro.
2010 chega com rima, com riso. 10 vezes mais saúde, 10 vezes mais prosperidade, plenitude. 10 vezes mais amor, 10 vezes mais silêncio, pensamento, 10 vezes mais sabor. Que em 2010, nesse ano par que se anúncia, as pessoas se tornem realmente pares, mesmo que eu tenha certeza que no ímpar é possível ser feliz. Pares no trabalho, pares na valsa, pares de sapato, número par, multiplique. Só não esqueça de dividir conhecimentos, experiências e boas conversas. Apegue-se ao que realmente lhe é de valor, atente-se aos sentimentos mais puros. Trate bem o meio ambiente, dê lugar ao verde da vida e sorria, porque ela é muito bela.

Esteja onde estiver brinde mais um ano zerinho de detalhes pronto para preencher. De rosa, verde, amarelo ou branco, pensamentos positivos ao badalar da meia-noite. Sinta os pelos do abraço arrepiar, veja pelos olhos do amado a explosão dos fogos de artifício.

Viva os detalhes que compõem toda a vida.
Feliz Ano Novo!