sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Teste de resistência X Imaginação


Todas as vezes em que eu entro num ônibus lotado (ou seja, todos os dias) penso que é um teste de resistência enviado por Deus. Como tenho posse desse belo gênio ranzinza, imagino que ele lá do alto do seu trono afirme num misto de experiência divina e ironia incontida (leia imaginando a voz do Cid Moreira):
“É Nathália, é preciso passar por isso até que você entenda que a vida não é uma festa e que esses obstáculos precisam ser vencidos. Passo por passo. Dia por dia. Ônibus por ônibus, roleta por roleta...”


Como tenho noção de que ele é mais forte do que eu, e que a discussão é unilateral, luto com as minhas armas e solto a imaginação até que finalmente o Largo da Pólvora adentre na Avenida Paulista e eu possa enfim respirar aliviada e voltar a gostar da vida.

Já imaginei um ônibus sem nenhum banco. Assim caberia mais gente e não teria discussão entre acentos reservados para idosos, obesos, crianças de colo, afinal todo mundo ia estar de pé mesmo. Além disso, o super ônibus sem banco teria vááários ganchos no teto e todas as pessoas entrariam e deixariam suas bolsas, sacolas, mochilas e guarda-chuvas pendurados evitando o empurra-empurra que rola sempre em que os engraçadinhos insistem em deixar as bolsas e mochilas nas costas, ou quando quem está em pé quase enfia (involuntariamente) as sacolas na cara daquele que está sentado e então agradece feliz quando o pobre cidadão do banco pergunta meio que obrigatoriamente se ele pode segurar a sacola e voltar a respirar .


Também já pensei em fazer uma manifestação e clamar por ônibus que sejam específicos como: sócrianças/adolescentes, sóidosos, sóobesos, sótrabalhadores. Fala se não ia ser a melhor coisa do mundo? As mães conversariam sobre as escolas, merendas e preço do material escolar. Os idosos sobre geriatras, medicina alternativa, ioga, receita da Palmirinha, inflação. E os trabalhadores... Bem esses não falariam nada, porque acordam com um humor do cão e seria um silêncio delicioso durante todo o trajeto.

Diariamente cogito em ir trabalhar de bicicleta, mas é longe demais e eu chegaria mais suada do que o habitual. Patins? Com calça social e camisa não dá. Skate, patinete, tirolesa, surf no trem, qualquer coisa tá valendo pra que eu me livre desse inferno que é andar de ônibus. E não citei carro porque além de não dirigir muito bem, com certeza eu arrumaria brigas no trânsito.

O jeito é soltar a imaginação, aumentar o volume do MP03 escutando uma MPB que acalme, e resmungar igual ao Taz Mania, porque esse direito ainda é livre e não me custa nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas pensa em alguém rindo muuuuuuuuuuuito e imaginando cada cena...rs

Ju