quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Média Dosagem...
... Sobre: Um abraço
Estava no ônibus vindo trabalhar. E depois da chuva de ontem São Paulo ficou inteira em estado de alerta. Então imagina: trânsito, ônibus cheio, calor etc. A mesma ladainha que já contei algumas vezes. Porém, como nenhum dia é igual ao outro, hoje todos meus companheiros de transporte público presenciaram a discussão de um casal de namorados.
A moça estava bem na minha frente antes da roleta. O namorado, por sua vez, depois da roleta. O cobrador no meio. Eis que o namorado exclama: Chega! Pode parar! Não quero mais te ouvir! (E eu fazendo cara de paisagem, mas ouvindo tudinho). A mulher respondeu com voz de choro: O que eu estou fazendo? (Aliás, em briga de namorado tem sempre um que pergunta o que está fazendo. Como se não soubesse...) Nisso, ela virou de frente pra mim e começou a segurar o choro. Apertou a boca, olhou pra cima, suspirou duas vezes, todas as táticas que conheço muito bem.
Mas não resistiu e caiu em pranto. Um pranto contido, triste. E eu que não tinha n-a-d-a a ver com n-a-d-a tive vontade de lhe dar um abraço, um ombro amigo, emprestar uma lenço, sei lá. Não aguento ver gente chorando na minha frente. Vi de perto a lágrima borrando a base, coitada! Ela desceu pela porta da frente e foi-se. E comecei a entender porque falam pra gente só chorar em casa, sozinho, ou longe do namorado. As pessoas não suportam a ideia de que os outros as vejam em estado de vulnerabilidade. Não podem dar o braço a torcer em público, dar margem para que sintam dó. Abaixo o sentimentalismo, ta fazendo chantagem emocional, é?
Entre conceitos pré-estabelecidos e a armadura que paira pelos habitantes dessa Metrópole, um simples abraço pode parecer carinho demais. E fazer toda a diferença.
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2 comentários:
sério, sou sua fã!
"Vi de parte a lágrima borrando a base, coitada!". Me mijei!
Como toda boa Ariana..entendo perfeitamente...rs
Ju
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