sexta-feira, 31 de julho de 2009

Diálogos estranhos


A vida às vezes é estranha e ao mesmo tempo engraçada. A palavra diálogo é de um significado tão simples e no entanto algumas conversas simplesmente não engrenam. Sempre que isso acontece eu penso: mas que conversa de louco! Prova disto são os três diálogos abaixo. Totalmente complexos, engraçados e ao mesmo tempo mega irritantes. Segue:

Segunda-feira, 16h30.

- Boa tarde, meu nome é Nathália e eu vim fazer uma matéria com o Michel Rosenthal
- Nathália de onde?
Minha vontade era dizer: diretamente de São Bernardo do Campo, conhece?
- Nathália da Metodista.
- É igreja, é?
- Nao, é Universidade Metodista.
- Ahhh, só um minutinho. É empresa ou particular?
- É particular.
10 minutos depois...
-Pode subir.
- Obrigada.

Precisa de toda essa burocracia pra me deixar subir? Não sei porque, mas os porteiros, síndicos, auxiliares e todo o resto do time, adoram complicar a entrada de humildes mortais nesses prédios bonitões. Daí nego surge num Áudi, paga de bonitão, entra e faz arrastão no prédio inteiro. Vai entender.

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Domingo, 20h30.
- Alô por favor a Katharine
- ???? É ela.
- Oi, tudo bem? aqui é José do bar de ontem, lembra?
Não lembro, pensei.
- Oi tudo e você?
- Também. Adorei te conhecer, a gente podia marcar alguma coisa, né?
- Podia sim, mas hoje não vai dar..
- Ah tudo bem, eu te ligo qualquer hora.
- Beleza.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Pode
- Você se chama Katharine ou Nathália?
- Hahahahahahha os dois, por quê?
- Pq ontem vc me disse que se chamava Katharine, mas ouvi todas as suas amigas chamando de Nathália..
- Ah entendi...
- Mas então é Nathália?
- É sim, nome composto
- Ah que bonito, mas qual você prefere?
Já tinha perdido a paciência.
- Prefiro qualquer um, você escolhe
- Nossa, tá brava?
- Não...
- Bom então depois eu te ligo. Beijos viu Katharine Nathália.

Não lembro dessa pessoa e muito menos de ter passado meu outro nome.
É muito X.
Sabe aquela comunidade do orkut, "Não fui eu, foi o meu eu lírico?
Pois é.
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Terça-feira, 20h45.
Minha vó chama:
- Natháia já pode vim tomar a sopa.
- Tô indooo!
- Tá boa?
- Tá sim vó.
- Te contei da briga que teve ontem na rua?
- Não, conta!
- Então, teve dois fumeiro que se pegou no mei da rua.
- Eita, e o motivo?
- Não sei, mas não foi briga boba nem nada, nem só soco nem revólve. A briga foi de faca.
- Jura?
- Éééée, de faca. Agora tá assim.
- Que medo né vó?
- É, mas deixa eu ir tomar meu banho que você não tá conversando direito comigo...
Virou as costas e foi embora.
O detalhe que eu estava comendo e não é educado falar de boca cheia não faz a mínima diferença. Com ela é assim, tem que conversar na hora que ela quer.

E assim segue a vida. Com diálogos estranhos, maçãs na cabeça, garoas finas e saldo vermelho no banco.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Inquietações e sutilezas


Trajava roupa mais chique que o normal, salto alto e brinco de argola, era noite de se sentir mulherzinha. Bar já conhecido, músicas batidas, que ela cantava quase diariamente. Por fora, sorrisos, beijinhos, tudo dentro dos conformes e como manda a boa educação. Por dentro, uma fúria, vontade de viver dessas que batem de vez em quando e se percebe como é possível ser feliz com pouco. Podia comemorar a alegria da existência enchendo a cara, mas já tinha passado dessa fase e ressaca exige certa paciência, algo díficil de adquirir.

Observava as pessoas. Um casal se beijava, outros faziam rodinha, tchu tchu, trenzinho ou algo que o valha. Sempre tem alguém que acha mega engraçado esse tipo de manifestação. Tinha uma roda de amigas fofocando, o baterista a olhando, mas continuava parada apenas com a long neck na mão. Talvez fosse desdém, um certo individualismo capaz de ignorar até os olhares do barbudinho tatuado. O Rappa, Paralamas, Ben Jor, e os mesmos papos, as mesmas piadas sem graça, rodada do brasileirão e o Obina, Lula fanfarrão, o Ronalducho e a suína. Tudo o que já havia conversando antes, mas problematizar até sobre os papos do barzinho era demais. Libertou-se e dançou conforme as músicas.

Esse negócio de não poder ficar sozinha sossegada ainda incomadava (e muito!), ela é puro êxtase. Ecstasy. Antes só do que mal acompanhada, puro êxtaseee. Barbies, betty boop; Conversou com uma amiga antiga e sentiu prazer ao ouvir confissões de pessoa querida. Confiança vem com o tempo e é sempre bom preservar.

E cantou Baleiro como se a música fosse feita especialmente para ela. "Mais solitário que um paulistano, que um vilão de filme mexicano". Podia ser mania de perseguição, intriga da oposição, posição lunar desfavorável, mau agouro, irritações alheias e especulações que não dão em nada. Por todos os motivos seguiu cantando com firmeza e entendeu que ser sozinho e estar sozinho são coisas completamente diferentes. Pode, enfim, deixar seu coração em paz.


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pqna Dosagem...


É tão verdadeiro que vale a pena postar de novo!

... sobre a vida amorosa
: olha como anda engraçada essa tal de vida amorosa:
Se falo tudo e sou transparente, o cara foge
Se faço joguinhos e mistérios, o cara some
Se não tô nem aí, o cara gama
E quando fico empolgada, o cara dá um pé!

Assim fica difícil, Brasil!

Pqna Dosagem...


Sobre: últimos dias
Você percebe que seu apelido pegou mesmo quando ouve o porteiro dizer: Bom dia dona Brasil. Como ele soube é o que eu fico pensando.
Enquanto as empresas mega conhecidas do tipo Sabesp e Eletropaulo tratam estudantes muito bem, umas multinacionais desconhecidas agem com desdém. Muita contradição.

E quanto mais rezo, mais mulherzinhas me aparecem.

A Vila Madalena continua deliciosa, benção.



quarta-feira, 22 de julho de 2009

Homens e seu jeito prático


Acho sensacional o jeito que os homens resolvem dramas e questões existenciais que as mulheres, por sua vez, passam horas pensando, analisando, vendo mil hipóteses e nunca chegam à conclusão nenhuma. Quando tenho alguma fofoca, novidade ou assunto pra debater, fico de conversinha com as amigas horas a fio. Por outro lado, quando conto tudo exatamente igual aos homens, eles respondem um: pô que legal! Ihh fez cagada, ou, a vida tem dessas.

Nunca ví tanta praticidade. Chega a irritar.

Situação 1:
N: Mas sabe Mário, na verdade eu acho que meu cabelo tá ficando estragado por causa da chapinha e eu nao sei o que fazer.
M: Não faça mais chapinha.

Situação 2:
N: Gosto muito dele, mas sei lá, não sei o que eu quero, entende?
M: Então não sai.

Situação 3:
N: Eu tenho vergonha de muita coisa. De falar em público, de falar no telefone, dos apertões, das minhas pernas. O que eu faço?
M: Vergonha é para os fracos.

Situação 4:
N: Vocês homens são muito complicados. Colocam mil impecilhos pra namorar, complicam tudo, me irrita muito!
M: Não namore!

E assim caminha a humanidade. Uma coisa aprendi com todos eles: dá muito bem pra levar a vida sendo mais relax, mais simplista. Se não der pra resolver os problemas de forma tão prática, pelo menos não perdemos tanto tempo pensando em estratégias e mil e uma hipóteses sem colocar algo logo em prática. Ficar só no imaginário às vezes atrasa a vida.

PS: É claro que tbm amo as amigas, brasil! ;)

terça-feira, 21 de julho de 2009

A vida é bela


Dou um pulo da cama e olho no relógio: 08h10. Muito atrasada pra alguém que precisa se deslocar do Jaguaré para a Vila Nova Cachoeirinha de ônibus até às 10h30. Tava um frio lascado, e, pra completar, tinha perdido a meia no meio dos cobertores. Sem chance colocar meu pé quentinho no assoalho frio.

Sigo rumo ao banheiro e encontro meu pai mega empolgado cantando a música do Eli Corrêa: Oiiiiii genteee!! Bom humor de manhã, só matando. Depois de tomar banho no chuveiro que insiste em não esquentar no mês de julho, lá se vão mais 15 minutos arrumando o cabelo. Pelo menos eles estão bonitos.


Cafécompão na velocidade máxima e já estou na rua. Olhar o ônibus dá até desânimo: lotadaço. Fazer o que? Tem uma empresa de elevadores me esperando. Quem mandou querer se meter a repórter? Não é você a desbravadora de São Paulo, que ama conhecer essa cidade a pé, que adora o caos, andar por avenidas e ruas desconhecidas seja com sol ou chuva? Ironiza o diabinho ao pé do ouvido. A entrevista foi boa apesar da pequena duração de 16 minutos.


Maior correria pra não se atrasar no trampo. “A estagiária tá atrasada, né?” Brinca o cara do suporte. Tô sim seu troxa. Eu tava engolindo o meu almoço, se é que uma coxinha da esquina pode levar esse nome, enquanto você exibe seu VR de merda e tem uma hora inteira pra fofocar da vida alheia. Detesto subordinado. Textos ali, pautas, blá. Finalmente o relógio bate às 19h e enfim é chegada a hora de ir embora.


Quase beijo o cobrador ao ver um banco vago no ônibus. Ai que beleza poder sentar, ler o livro e ir ouvindo música até chegar em casa. Entra uma gorda com duas sacolas e senta bem do meu lado. Adorei.


Agora que tudo já aconteceu, não quero saber de mais nada. É comer e ir dormir. “Oi filha! mamãe tem uma notícia meio chata, o gás acabou. Vamos ter que pedir uma pizza.”
Vou pro meu quarto ficar no escuro esperando a comida chegar e esvaziando o cérebro.


Pode a vida ser mais bela? E entra a Lóris correndo desengonçada, velha e cheirosa. Pula na minha cama toda simpática querendo conversar e me enche de lambida. Pode Nathy, pode sim.





sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pqna Dosagem...


... Sobre: A vida é bela!
Sexta-feira sem quindins frescos ou abraços no Ibirapuera.
Nenhum contatinho camarada nem livros da biblioteca. O tempo favorece e a noite é incerteza. Evidências me confudem. Quando estou pronta pra dar a tacada final e certeira do jogo, passa um vento e me distraio com o barulho. Mundo de Bob.
Meu nome é Nathália, e o seu?
E a felicidade retorna novamente.


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dos Mestres


Novembro de 2005. Biju Paulista, último livro da Fuvest: Sagarana. Hora do almoço e eu já estava ansiosa pela aula de cinco horas que me esperava. Tomei café e fui uma das primeiras a entrar na sala. Sentei logo na primeira fileira como se fosse ver o próprio Guimarães Rosa na minha frente. Em partes acertei.FT entrou resmungando, dizendo que a última obra era a própria carne de pescoço! "É o langanho de Rosa". E adiantou que o povo das exatas certamente dormiria no decorrer da explicação. "Eles não têm capacidade pra entender tal assunto", disse o gordinho maldoso de pólo e jeans surrado.

Imitou o burrinho pedrês, Augusto Matraga, encarnou os próprios vaqueiros na árdua caminhada pelo Sertão e de quebra contou uns causos com sotaque mineirês. Isso depois de uma seção de quimioterapia, informação meio em off, que a tiete aqui conseguiu descobrir.

Dia 05 completou um ano de sua morte. Mas como diria um outro mestre também presente neste texto:
"As pessoas não morrem, ficam encantadas". Acertou em cheio.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pqna Dosagem...


... Sobre as frases: Temos épocas de frases. Jargões, manias, vícios de linguagens que grudam. Chegam a nos compor, um acessório, sem querer exagerar. Pois ultimamente só falo de sustentabilidade. Medidas sustentáveis pra lá e pra cá. Falo tanto que às vezes a garganta seca, mas a cabeça tá a mil e continua acompanhando o raciocínio. Quero que acabe! Quero que acabe! Chega logo 2010, súplica da mente. Por outro lado, a nostalgia bate leve. E a fase boa (?) de estágio chega ao fim.
Voraz, Brasil! Voraz.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Minimizar janela?


Tenho a péssima mania de dar atenção às coisas pequenas. Pequenas de tamanho, em seu significado, que por outros passam despercebidas, mas aqui causam um rombo. Chegam sem a menor pretensão de se fazerem importantes e tomam meu tempo. A chateação invade e fico de cabeça quente. Vai adiantar? Há solução? Sua conta no banco triplicará? Não, não e não! E o tempo perdido.

Se não me der atenção e falar sem ao menos me olhar nos olhos, não esquecerei jamais. Dá birra, dá briga. Muito mais fácil pensar que vamos todos para o mesmo buraco, e então curtir a vida feito um baile de debutante, onde a aniversariante demora ao máximo para soprar a vela da última dançarina. Quanto mais penso, mais vejo estranhos à minha volta. Um, vive se comunicando por códigos, dá gastura de pensar. O outro, usa de palavrões pra conseguir se firmar, ponho meu fone, mas por dentro queimo de raiva. Não atendo mais a porta, tô querendo ajudar e nego vem chamar minha atenção? É isso que dá ser prestativa, ninguém reconhece.


Depois me perguntam por que estou com essa cara. Ora por quê! Além de tudo preciso viver sorrindo? Sou um palhaço, alguém viu meu nariz vermelho? Há que desencanar, diria uma amiga psicóloga. Mas eu não sei!
Não sei não ligar pras coisas e deixar tudo como está. Não consigo acender um incenso no meio da sala suja e ignorar a falta de organização. Ainda não arranjei uma maneira de trabalhar o mês inteiro e não poder gastar ao menos com uma Itaipava. Se o desgraçado falou que iria ligar e não ligou, não vou fumar um baseado pra desestressar.

Coisas mínimas, que se fossem tratadas com desdém, tornar-se-iam pouca coisa, raspa de limão. Toma um Lexotan, Nathália. Foi o que disse uma professora de rádio ao ouvir minha locução acelerada no programa de rádio. Vou ouvir o conselho ou ganho uma úlcera de tanto desespero.
E tudo isso porque ainda não encontrei o minimizar no jogo da vida.