Trajava roupa mais chique que o normal, salto alto e brinco de argola, era noite de se sentir mulherzinha. Bar já conhecido, músicas batidas, que ela cantava quase diariamente. Por fora, sorrisos, beijinhos, tudo dentro dos conformes e como manda a boa educação. Por dentro, uma fúria, vontade de viver dessas que batem de vez em quando e se percebe como é possível ser feliz com pouco. Podia comemorar a alegria da existência enchendo a cara, mas já tinha passado dessa fase e ressaca exige certa paciência, algo díficil de adquirir.
Esse negócio de não poder ficar sozinha sossegada ainda incomadava (e muito!), ela é puro êxtase. Ecstasy. Antes só do que mal acompanhada, puro êxtaseee. Barbies, betty boop; Conversou com uma amiga antiga e sentiu prazer ao ouvir confissões de pessoa querida. Confiança vem com o tempo e é sempre bom preservar.
E cantou Baleiro como se a música fosse feita especialmente para ela. "Mais solitário que um paulistano, que um vilão de filme mexicano". Podia ser mania de perseguição, intriga da oposição, posição lunar desfavorável, mau agouro, irritações alheias e especulações que não dão em nada. Por todos os motivos seguiu cantando com firmeza e entendeu que ser sozinho e estar sozinho são coisas completamente diferentes. Pode, enfim, deixar seu coração em paz.
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