quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Não esquecer:

Para ser grande: sê inteiro
Nada teu exagera ou exclui
ser todo em cada coisa,
põe quanto és no mínimo que fazes.
assim em cada lago a lua brilha
porque alta vive



terça-feira, 22 de novembro de 2016

A menina que não podia ser ela mesma




A Menina que Não Podia ser Ela Mesma era muito feliz!  Cantava, falava com as pessoas na rua, gesticulava, ouvia música, sorria, brincava. Mas a menina que não podia ser ela mesma já tinha ouvido diversas vezes que seu jeito era errado. Ouviu que ela falava demais, gesticulava demais, sorria demais, era amiga demais, gritava demais, aonde já se viu ser demais, nesse mundo que quer menos?

E ela não entedia muito bem essas críticas, que muitas vezes vinham embrulhadas como bons conselhos, surgiam como bombons estragados, e que murchavam seu coração, pois, ora, como podia ser melhor fingir ser infeliz ou fingir ser uma pessoa que não era, somente para agradar os outros? Mais: somente para agradar regrinhas de sociedade?

A Menina que não podia ser ela mesma tentava, tentava, tentava, era de um esforço fora do comum. Decidida, atingia sempre os objetivos propostos, conquistava pessoas, mas era analisada, e muitas vezes diminuída pelo seu jeito de ser.

Sorrir não podia, brincar não podia, ficar amiga não podia, parecia que o que as pessoas queriam dela era uma infelicidade velada, uma seriedade fake, um ar de intelectualóide que por vezes ela não tinha, e, ingênua, dizia que não sabia. E era julgada por não saber, era julgada pelas roupas as quais usava, era julgada pelos gritos que dava, era julgada pela intensidade que tinha, era julgada por economizar dinheiro, era julgada por ter uma opnião diferente da dos outros, era julgada por fazer o que tinha vontade sem se preocupar com as consequências, era julgada por não ser ponderada e por viver à flor da pele.

Por muitas vezes, A Menina que não podia ser ela mesma chegava feliz aos lugares e logo levava uma frase ríspida na contramão sem nem saber ao menos porque aquilo estava acontecendo. Talvez, seu maior erro fosse acreditar que as pessoas fossem sempre boas e e esquecer que essas mesmas pessoas também são compostas por falsidade, inveja e ciúme.

Mas em situações em que ela levava um fora sem nem saber o motivo, o alerta amarelo piscava fundo em sua cabeça ao mesmo tempo em que seu coração diminuia e seus olhos enchiam de lágrimas. E aí ela chorava. Chorava por não entender o que essas pessoas queriam, chorava por se sentir esquisita e diferente, mas diferente e diminuída, diferente e excluída. Chorava porque para ela não havia decepção maior do que a de a traição de um amigo.

A Menina que não podia ser ela mesma um dia perdeu um amigo, ele morreu e ela não soube o motivo. E ela não pode se despedir desse amigo no velório ou no enterro, porque ela estava em outro continente. E então ela fez questão de estreitar seus laços, agradecer a todos por estarem vivos, dar bom dia para todos, sorrir, ser gentil, ser amorosa. Ela só queria ser ela mesma, mas os espinhos sempre perfuravam seu coração e necessitava muitos curativos para sará-los.

Até que um dia, A Menina que não podia ser ela mesma, se aproximou das crianças, dos cachorros e das plantas, porque ela sabia que com criança, cachorro e planta não tinha essa de vaidade, ego, ciúme e inveja. Só tinha amor. Ela sabia que a criança não sera falsa porque ela não tem malícia e isso é coisa de adulto. Tãopouco um cão será falso, pois cachorro não tem orgulho. As plantas quando sentem a energia ruim, murcham ou morrem, só vivem e florescem em um ambiente do bem.

Então A Menina que não podia ser ela mesma aprendeu que os seres humanos são esquisitos, e que com gente esquisita e de energia pesada a gente deve se distanciar.

Foi morar em uma cidade que tinha o mar como janela. O reverenciava todas as manhãs ainda que essas fossem de chuva. Se apegou ao que não tem valor e não se compra: viver sempre, todos os dias, da melhor maneira possível, sem dar moral à quem não lhe merecia.

Porque nessa vida nada se leva, e ela, A Menina que não podia ser ela mesma, sabia que não havia outra maneira de existir sem ser ela mesma, inteirinha: risonha, feliz, autêntica, chorona, ingênua e pura.

E assim foi indo até que todas as pessoas que a julgavam foram sumindo e dando espaço para novas pessoas, novas histórias, novas amizades e novos ciclos de amor.

domingo, 20 de novembro de 2016

FDS mucho loco

Toda vez é assim: é difícil voltar pra SP e engrenar a rotina daqui com resquícios fortíssimos do Rio de Janeiro em mim. mas tudo bem.

O FDS começou com questões burocráticas pelo desejo de me jogar de vez na educação. Maravilhoso, mas cansativo. Autentica documento, vai no correio, tira xérox, volta. Acabou que já era 13h e eu nem tinha comido nada.

Depois de toda a papelada autenticada, parti pra Santa Cecília atrás duma camiseta linda demais da marca "Liquidificador de Cor", que conheci quando ainda estava na Inglaterra. A marca é linda e produzida por uma simpatia de pessoa que atende pelo nome de Bárbara.

Chego no apartamento e dou de cara com uma gaúcha que fala cantado. Quase morri.

Camiseta em mãos, segui pra Paulista, que era dia de encontrar Sidão e Giu. Antes, dei de cara com o Banespão que me deu logo o papo reto de que se quero ir embora, era pra ir logo. Aff.

Meu celular está descontrolado após o aguaceiro no Rio. Molhou, eu taquei ele no arroz, mas booom, booom, não tá não. Entrei num boteco na Augusta pra carregar o que restou do meu telemóvel.

Com Sidão e Giu tudo igual, a gente só fala besteira, eu gargalho, Giu divide as brejas comigo, enquanto que Salomoni vai bebericando seu suco. Ai como é bom voltar e rever meus amigos!

Eu já exausta, mas ainda elétrica, deve ser o retorno de saturno que tá bombani.

Deveria seguir rumo minha cama, mas advinha?
Fiz um pit stop no Butantã, fui atrás da Guaci, maravilhosa, sambista.
Mais amor.

Acabou que perdi o último "Shopping Continental" e fui dormir na casa da sambista, que mora apenas em frente à Praça Elis Regina.

Capotei ansiosa, pq sábado era dia de chábaile da Agnes.
Corta.

CháBaile da Agnes, minha mãe no rolê, mais um amigo que desemboca no Brasil após 2 anos de viagem, o baile solto, a alegria, e eu, como sempre, não caibo em mim. Falei com todos como se a casa fosse minha. Do alto do descontrole, peguei minha purpurina, meus óculos de coração e abri a ala do #Carnaval2017.  Pintei geral. Quem eu conhecia, quem eu não conhecia, quem queria, quem não queria. Pintei sim e se reclamar vou pintar de novo!

Não há nada como uma festa em que as pessoas estão purpurinadas, é um realce, sabe?

Ai ai que emoção.

Eu acho que caiu minha ficha realmente de como a vida é bela, ainda com todos os problemas, ainda com tudo, é bela sim.

Hj foi dia de estudar inglês com o professor que virou meu amigo, e que, além do Sidnei, é o único brasileiro que esteve na minha casa lá em Peterborough, que foi ASDA, que conheceu Hebe, a senhora que trabalhava no supermecado, ai ai ai...

é tanta vida, é tanta luz e emoção que parece que a Inglaterra foi um sonho distante.
Mas não foi, porque a viagem foi tão maravilhosa que colho os frutos dela agora!

Muito amor e gratidão, viu?


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A Saga da Estudantina ou A Pequeneza Humana

Morta com farofa, acordei no Leblon e segui sentido Barra logo às 8h da madrugada. Os olhos com resquícios da noite anterior. Precisava dormir.

Advinha? Dentro do ônibus era o sol que saia depois de 4 dias initerruptos de chuva. Dormir pra quê, eu vou é pra praia! Não há nada como o mar, mas o mar da Barra é tipo aquele cara marrento da turma. não tá pra brincadeira. Deitei no sol e torrei como se não houvesse amanhã.

Me despedi da brancura herdada da Inglaterra, comparei a areia branca nossa com a areia preta deles. O mar do Rio de Janeiro é sempre um remédio pra qualquer mal, cura tudo. E eu muito cansada, precisava e deveria dormir. Só que é tudo ao contrário e eu engatei a primeira marcha e segui o dia.

Meu plano era pegar a praia até o sol se por e ir dormir pra no outro dia voltar pra São Paulo.
Qualoquê.

Isadora me manda mensagem me agitando e eu dizendo que não tinha condições nem físicas e nem financeiras pra ir em algum lugar. "Mas eu te pago," cutucou a escorpiana. Óbvio que aceitei a propoxta e comecei a armar mais um rolê. Estudantina na Lapa, forró clássico, forró carioca, vamo ver qualé.

Meu corpo ardia reclamando de toda a exposição ao sol, mas sabe que nem liguei, me besuntei de creme, peguei minhas malax e parti sentido Lapa. É o coração que começava a pulsar.

Porque nessa viagem eu achei que tinha sido curada pela tórrida paixão por Lapa e suas adjacências, tanto é que nem fiquei triste de não ir pra lá. Mas quando é pra ser, é e pronto. No meio do caminho fui orientada a pegar o famoso "433", ou para os íntimos, o "quato teix teix", melhor busão do mundo que vai sentido Lapa e Santa Teresa; Ai meu deus, lá vou eu! até foto do ônibus tirei, aprendi na Inglaterra que turista bom é turista que tira foto de cada canto.

Pois bem.

Saltei nos arcos da Lapa e fui conversando ali com meu bairro que eu estava mortinha de saudades; Eu sou dessas que conversa com os lugares. Tirei foto dos arcos, sentei num botequim pra esperar a Isa, senti novamente a necessidade daquilo ser uma coisa normal, porque quando eu sento num bar em Pinheiros pra esperar alguém eu não sinto nada especial. Especial em São Paulo é quando eu vou no Santo Forte e arrebento meu pé de tanto dançar, mas entre os afazeres normais, em SP tá tudo meio OK. E essa sensação de pertencimento, essa ligação, eu sei lá como explicar isso, mas eu quero muito ter a experiência de morar lá.

Isa chegou toda linda, magrinha, cabelão. Maravilhosa, adoro ter amigas gatas.

Paramos pra tomar um caldo e nos agilizamos pra partir pro Estudantina.
Chegando lá começa o descontrole:

(O combinado era que a Isa fizesse meu rolê pq eu estava dura, lembram?)

A portaria do Estudantina só aceitava dinheiro.
Isa só tinha cartão.
Eu tinha uns trocados pra pegar o busão sentido rodoviária.

E agora?

Paramos na Praça Tiradentes pra consultar os taxistas sobre o que fazer. Ai disseram que sairia
R$ 20,00 pra ir até um 24 horas. Ai ai ai. Haja saco!Carioca adora dar caô em turixta, mas aqui não violão.

Isa disse que tinha tido uma ideia e eu segui de mala e cuia pra porta do rolê pra esperá-la.
Volta ela com dinheiro de um trambique que fez num bar.

Na porta do Estudantina pela segunda vez:
- Agora já passou das 23h, é 20,00 cada uma.
- Quanto você tem ai, Isa?
- Ai só tenho 30 (antes das 23h cada uma pagaria R$ 15,00).
- Ai não acredito! ai moça ajuda a gent...
- Não posso.

Eu irritada já maldizendo aquela merda, comecei a juntar todas as minhas moedas.
Faltava 2 reaix.
Ia pedir emprestado quando um moço atrás da fila se compadeceu e nos deu a grana.

Afff
Bora? Então bora!

Eu, com 3 malas, toda feliz ouvindo a zabumba do meu coração, cheguei ao guarda volumes:
- Oi eu quero deixar essas 3 malas
- Aqui é só com dinheiro moça

Nos entreolhamos e cai na gargalhada.
Não pode ser. E agora?

Peguei todas as malas e muito brava, mas decidida a curtir minha noite, ia caçar um espaço no salão.
Eis que surge um moreno:
- Eu ouvi a história de vocês, toma aqui o dinheiro.
- Ai brigada moço, vamo logo, Isa.

Cabeça de feminista pensa assim:
Só falta esse cara encher meu saco por causa da grana. Se vier com graça vou pagar a cerveja dele e mandar ele passear.

Nisso, a moça do guarda volumes vira do alto de seu grande cargo dentro da noite carioca, arrogantíssima:
- Já separou tudo, pq vc sabe que nao pode mais pegar as coisas, né?
- Já peguei, tchau.

Isa me olha como quem diz: mas gente que porra é essa?
E eu mandei: Filha, a pequenesa humana é algo muito do tosco. A grande emoção da moça é mandar e desmandar daquele espaço ali. Vambora pra vida, vambora dançar!

Gargalhadas infinitas.
Volta e meia a gente lembrava disso e começava a rir.

O forró rolou perfeitamente.
Depois que cheguei da Inglaterra foi meu primeiro show ao vivo. Eu sabia muito do repertório, e segura, comecei a tirar os cariocax pra dançar. Foi muito massa!

O local é antigo, tem um clima maravilhoso e de quebra uma varanda aonde é possível sentir o vento da Cinelândia bater em nossos rostos.

É amor demais, Ridijanêro!


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Tinindo Trincando


Em 1 mês de terra Brasilis:


Inventei um lindo Carnaval fora de época;
Revelei fotos
Fiquei loira
Emagreci
Criei um projeto 
Conheci crianças novas
Lí a Bíblia
Criei laços
Revi amigos
Fiz uns novos
Chorei largada
Gargalhei alto
Gritei
Comprei purpurina
Distribuí presentes
Montei um novo quarto
Botei meus quadros na parede
Criei um novo blog, uma nova conta no Insta e no Youtube
Comprei brinquedos
Comprei um moisés
Dei banho na Diná
Fiz faxina na Margá
Comprei uma saladeira
Comecei a dieta
Inventei chás
Zerei o jogo
Comecei um novo trabalho voluntário
Recebi um convite de casamento maravilhoso
Fiz bolo pra um bebê que vai chegar
Comi pão de queijo, pizza, coxinha, risóli. (comida de verdade!)
Subi num trio elétrico
Dei beijo no Tutu
Conheci um parisiense
Arrumei um freela
Divulguei 
Reencontrei a melhor cidade desse mundo inteiro
Tomei banho de mar
Subi meu morro
Sambei em Madureira
Sambei no Andaraí
Sambei na Lapa
Forroziei na Cinelândia
Agradeci cada segundo
Tomei banho no banheiro mais diferente que já conheci

E vai ter gente que vai dizer que "foi só um mês". 
Prefiro dizer que foi só o começo.


1 mês e a vida segue em movimento, sempre!
O movimento não para!

(E o retorno de Saturno também não)

terça-feira, 1 de novembro de 2016

A Volta



Depois de um dia mucho loco em Londres, meu último dia cara a cara com Sr. Big Ben, com duas amigas maravilhosas em Canden Town, eu me despedindo em silêncio e agradecendo à Amy por tudo, por cada canto, era meu namorado que chorava de emoção de um lado, e eu que engolia seco de outro. Um trânsito maldito (era sexta à noite na capital do mundo), um rolo eterno para entrar no aeroporto, a ajuda de velhinhos voluntários, eu chorando de medo de perder o avião, 11 horas com o joelho latejando, e enfim, São Paulo, cheguei!

Escrever isso agora é muito fácil, difícil foi ficar uma semana inteira sem dormir direito por motivos de fuso horário, a emoção de bailar meu Santo Forte com duas amigas lindas, a cara inchada de tanto chorar revendo meus amigos num forró, a Diná que não arreda o pé de mim, minha mãe que me faz café, o Benjamin gigante usando aparelho móvel, é tudo, tudo, muito emocionante!

São apenas 2 semanas na minha terrinha, no meu Butantã esquerdista mesmo sem o Haddad, são só duas semanas, mas eu e Sid já nos beliscamos várias vezes pra ter certeza que de tudo isso é verdade. Engatei a primeira marcha e inventei um Carnaval tão lindo, recebi amor, comidinhas e músicas especiais, eu sou pisciana minha gente, não é fácil não!

E agora, agora sim, meu quarto novo, meu bairro velho, os ônibus, as filas, o trânsito (saudade zero!). Agora sim a vida vai entrando nos eixos, eu half journalist, half Nanny, eu com saudade de todas as crianças da Little Miracles, aquele lugar tão especial pra mim que agora parece tão distante, agora eu me reinventando novamente, explicando que vou ser sim uma Babá Alternativa, folguista, brincante. Agora eu sei que é ao lado das crianças que eu me conecto comigo mesma.

Algumas pessoas me dizem: "Mas Nathy, você mudou muito". É, eu mudei, mas mudei pra melhor, eu agradeço todo santo dia pelos meus amigos, pela minha família, pela minha vida, meu trabalho e principalmente pela coragem e alegria que tenho dentro de mim. É verdade também, que andei esquisita no ano passado, mas agora sim! Agora é Nathália com intensidade e gargalhando. É Carnaval que chega, meu bem!

O que dizer do último domingo que subi num trio elétrico e me declarei pro Tutu?

Eu ainda não sei muito bem explicar o que aconteceu desde o meu último dia em London, mas eu sinto como se fosse um renascimento. Rever pessoas, revisitar lugares, cada novo dia é uma nova oportunidade pra tentar ser feliz. Talvez seja o maior clichê que já escrevi nesse blog, mas agora caiu minha ficha de que isso aqui é minha vida, e o que mais importa nessa vida é ser feliz!

***
Diego, aonde quer que você esteja, saiba que muito do que escrevi aqui é para você! Quantas vezes nós dividimos marmita, arrumamos o estoque, fizemos planos, tomamos sorvete e desabafamos um pro outro? Foi muita sorte minha ter conhecido você, pessoa do bem, esforçado e tão sorridente! Foi ainda mais sorte poder te contar que finalmente eu estava na Inglaterra e que era para você se jogar também! As pessoas não morrem, ficam encantadas, e saiba, você ficou encantado pra mim! Muita, muita luz pra você.


A vida segue seu curso, cada um na sua caminhada, viver é algo mágico, e chegou o momento para eu agradecer tudo!

Muito obrigada