sábado, 13 de dezembro de 2008

Minha vida é só no forró

Foto: Lia Costa

Triângulo, zabumba, sanfona. Eis o lugar em que os três são reis supremos, os donos do pedaço. Aqui os meninos tiram as meninas pra dançar e depois dão um beijinho no rosto em agradecimento pela dança. Sapatilhas de pano, saias, vestidos, lenços no cabelo. Com um pouco de concentração pode-se avistar uma festa antiga do sertão. Ainda mais se repararmos no chapéu de cangaceiro do zumbabeiro, e na camisa estampada com coqueiros do vocalista. Estamos no forró. No meio da noite paulistana, em Pinheiros – um dos bairros mais boêmios da cidade – fica o Remelexo Brasil, uma das casas noturnas destinadas à dança típica nordestina.
(Propaganda por conta da casa).


Nada de gente com óculos escuros e pirulitos na boca. Nem multidões pulando feito macaco e beijando meia dúzia ao mesmo tempo. Não se escuta música dor de cotovelo e não há nego copiando o estilo country dos Eua. O que rola são músicas de raiz, um trio no palco, o coração batendo no compasso da zabumba, uma cerveja (boa) vendida a R$ 3,00 e muita gente bonita dançando sem se preocupar com nada. Quanto mais desconhecido o nome do trio, melhor. Desculpe a franqueza, mas quando o grupo cai no gosto popular e vai parar na televisão, esquece-se as origens e a música passa a ser comercial. Quer um exemplo? Falamansa, Rastapé.


Aqui dá pra dançar agarradinho e ir conhecendo ao poucos. Dá pra ouvir música dos saudosos Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, rodopiar até ficar tonto e sentir a batata da perna latejando. Consigo até fazer amizades. Aliás, gosto tanto que sou só bom humor. Não tem brigas, não tem gente caindo de tanto usar droga. Nego não te enche o saco nem implora pra te beijar. No entanto, eles analisam e muito o jeito que você dança. Talvez o único fator negativo do forró. Quem não sabe dançar acaba ficando inibido. Nada que uma cerveja não dê jeito.


Por tudo isso, há quase oito anos freqüentando esses lugares (tô ficando véia), declaro com muito orgulho: sou forrozeira de carteirinha e coração!


E hoje é o aniversário do mestre Luiz Gonzaga, ontem tocou muuuuita música dele. Realmente um mestre. Lindo e singular.

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