segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A beleza irreverente dos largados


Sempre achei lindo aquelas meninas que namoram caras boa pinta tipo executivão e se vestem bem, são inteligentes, tiveram boa educação. Teve até uma época em que cheguei a ter uma rusguinha de inveja por nunca arrumar um namoradinho desses. Já pensou que beleza você andar pela rua com uma pessoa que tem presença, eu pensava. Pra completar, ficava imaginando o quão legal deviam ser aquelas relações. Os bonitões recitam Fernando Pessoa ao pé dos respectivos ouvidos, tocam Djavan no violão e as levam pro cinema. Que romântico!

Fato é que eu nunca gostei de cara assim e também nunca dei abertura pra nada. O que me atrai e me interessa são os desleixados, malandros, largados. Aqueles que te ganham com o papo mole, não tão nem aí pra padrões da moda, falam gírias, não gostam de estudar, te pegam bem pegado e odeiam poesia. Eu não resisto a um “maloqueiro”. Vejo muita graça e tenho curiosidade sobre os papos alternativos, os gostos diferentes e a maneira esquisita com que demonstram sentimento.

Cabelo raspado, boné, tênis fudido, barba por fazer, calça jeans surrada. Que beleza! Quanto menos comum, melhor. Pior que assim como eu, há vááárias mulheres que são chegadas num maloquinha. O que eles têm que chamam tanto atenção? Talvez seja o jeito diferente de levar a vida. A independência que os cercam, o lema “nun to nem aí mesmo” estampado na cara. O estilo próprio, uma mania singular, a espontaneidade com que lidam com os amigos e zoam sem medo de ser feliz. Tudo isso desperta interesse e faz com que os largados fiquem um degrau acima dos certinhos.

Veja Paulinho Vilhena que ao interpretar o arrumadinho Fred em Paraíso Tropical não arrancava suspiros do mulheril. Atualmente, o ator vive o surfista e largadão Eros na novela das sete Três Irmãs, estampa capa de revistas de fofocas, dá uns beijos em Carol Dieckmann e é só sorrisos para os paparazzi. Esse é apenas um dos vários exemplos de que os desleixados conseguem chamar atenção.

Sinto em desapontar minha querida mãe que sonha com um genro galã do tipo Fábio Assunção. Ela diz que adoraria se eu namorasse com um administrador, ou engenheiro inteligente e bem sucedido. Sempre respondo que sou mais um jornalista, publicitário ou músico. Os certinhos são ótimos pra serem namorados das amigas ou apenas amigos. Quando o interesse é outro, os largados ganham em disparada e, aceitando isso, nunca mais entrei em conflito existencial por causa do assunto.

Um comentário:

Guilherme Silva disse...

Ainda bem que eu sou um largado bem sucedido (ou seja, malaco). Tem coisa mais irresistível do que isso?