Era sábado a noite e chovia aquela garoa fina desestimuladora de gandaias. Desencanei do forró e me rendi ao sofá com Altas Horas. Daí pensei nas mil e uma possibilidades de melhor ter aproveitado o dia mais querido e esperado da semana. Poderia ir beber na Vila, cinemão com um esquema, casa de uma amiga, pedir uma pizza. Nada.
Eu tava era feliz em casa e com o meu coração a salvo. São nesses momentos que me sinto uma velha mas muito feliz. Não tenho necessidade de beijar oito numa balada, amar alguém, comprar o último jeans da moda nem esbanjar felicidade aos quatro cantos do mundo. Estava me sentindo calma, lúcida e sossegada. Em casa, com segurança e sem maiores necessidades. Só quando passamos muito tempo longe do lar é que damos valor ao nosso canto, aquele lugar que nos aconchega por sí só, apenas por existir. Não importa se é uma mansão no Jardins, um kitinete na São João ou um apê normalzinho do Butantã. O que vale é chegar em casa, tirar os sapatos e fazer o que der na telha.
Muitas vezes prefiro o acolhimento à tórridas noitadas de pegação e bebedeira. Não acho isso desperdício de vida, pelo contrário, pedi aos deuses que me enviassem essa calmaria sem precisar estar feliz com alguém, por alguém ou em algum lugar super mirabolante.
Gosto de ficar no meu quarto mexendo, arrumando, descabelada sem ninguém precisar me ver. Nessas horas a sós é que pensamos nos nossos problemas
(e soluções), fazemos planos, sonhamos. É o encontro do eu com o comigo. Deixamos o personagem do trabalho/faculdade pra assumirmos o que realmente somos. Sem precisar de auto-afirmação ou aprovação de outrem. Eis o sossego desmedido e cúmplice do ser. Acho que todos merecem um momento relax em casa sem pensar em nada. Só assim pra recarregar as energias e conseguir encarar mais uma semana pauleira que a segunda-feira já rascunha.
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