O que é um jornalista? Uma pessoa que leva informação à outra, um saco de pipoca, alguém que ganha uma grana porque sabe escrever bem, ou um ser que se sente o dono da verdade, muda a versão dos fatos e se acha sabixão de todos os assuntos?
Pausa dramática.
É complexo escrever isso quando você é ainda um estudante que tem noção de que não vai mudar o mundo, sabe que é apenas um número dentro da redação e mesmo assim consegue suspirar aliviado e feliz quando finaliza um texto, sobe uma matéria, entrevista alguém, ou simplismente faz um link ao vivo pro telejornal da faculdade.
Ser jornalista é levar informação, noticiar, ser o advogado do diabo e antes de mais nada, é aquele que vive em função da comunicação, certo? Bem, se você já foi em alguma coletiva de impresa pode perceber que esses que deveriam possuir tais características agem totalmente ao contrário. Nariz em pé, falam apenas o necessário, adoram uma panela e não vivem para a informação. Vivem para ter o ego massageado por muitos. Porque ser jornalista é legal, virou modinha, tem um na novela das oito. Eles podem cobrir festas cheias de celebridades, meter o pau no Lula, ter o rosto estampado na telinha e virar comentário por ter feito um alisamento japonês.
A mídia que noticia e faz denúncia é a mesma que apela para o sensacionalismo, tapa os olhos para alguns fatos e age de forma manipulativa. É tênue o fio que as separa, e é preciso ter olhos abertos para o que é veiculado por aí. Sabe, tem uma coisa que me irrita é esse povo que acha que ser jornalista é estar por cima da carne seca. Se sentem superiores, fazem pose de santinhos para o povão quando na verdade os detestam. Acham que sabem demais, opinam sobre tudo e não conseguem (talvez seja até caso patológico) dizer que desconhecem alguma coisa. Seja o novo boom tecnológico, o seicho no ie, o período da entressafra ou a nova música da Wanessa Camargo. Eles permanecem com o ar blasé pagando de intelectuais e inatingíveis.
Quantas vezes eu preferi fazer trabalhos com os muleques do fundão - que às vezes me irritam por pura irresponsabilidade - e ví que a qualidade era melhor do que o de muita gente? A Metodista por se tratar de uma instituição de qualidade atrai um povo que no primeiro semestre age feito Paulo Henrique Amorim e Barbara Gancia, dois malas da comunicação. O conceito de jornalista mudou demais. Antigamente o famigerado era apenas um bico que uns advogados e outros da nobreza faziam pra ganhar uma renda extra. Depois foi mudando, caindo no gosto popular até chegar no patamar que estamos hoje. Apenas mais um funcionário da cadeia capitalista.
Acha que vai ir contra o meio de comunicação que você trabalha? E correr o risco de ficar desempregado? Vai denunciar o chefão do jornal? Vai menosprezar os milhares de assessores que vivem exaltando algum produto e puxando o saco de meio mundo? Vai achar uma bosta um trampo de subir notinha sobre o mundo das celebridades? Ou vai se matar e ver a concorrência desleal que banda por entre os bastidores de televisão? Não ter final de semana, viver na mais pura correria e em função do Ibope?
É jornalistas. A vida anda meio dura pro lado de vocês. Como disse um professor: "Eu duvido que algum pai disse pra vocês serem jornalistas." Eu sei lá. Antes de entrar e ver o jornalismo realmente como ele é, achava a vida um mar de rosas, pegar um bloquinho e sair por aí rabiscando. Não é bem assim, e mesmo que essa área seja assim tão peculiar, esquisita e por vezes irritante, chego à conclusão de que não importa o que você faça, mas não queime a profissão fazendo dela apenas uma ponte para o seu sucesso, e esquecendo que o mais importante é informar.
Façam (ou pelo menos tentem) um bom jornalismo. Digno e limpo.
E não tô sendo piegas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário