Estou assistindo Merlí, série catalã fofa e cabeça disponível na Netflix.
Dessas que dão esperança e fé na vida. O meu Merlí da vida real chamava-se Fernando Teixeira de Andrade, FT para os íntimos, mas ao invés da Filosofia ele nos ensinava Literatura.
FT que saudade, saudade infinita de você, querido professor. Ele me dizia que era pra eu ir pra cima mesmo, meter as caras no jornalismo (ai se ele soubesse...).
Dessas que dão esperança e fé na vida. O meu Merlí da vida real chamava-se Fernando Teixeira de Andrade, FT para os íntimos, mas ao invés da Filosofia ele nos ensinava Literatura.
FT que saudade, saudade infinita de você, querido professor. Ele me dizia que era pra eu ir pra cima mesmo, meter as caras no jornalismo (ai se ele soubesse...).
Ensinar algo para alguém, inspirar, compartilhar conhecimento é das coisas mais lindas da vida, e eu lá em 2005 entre pedagogia e comunicação. Numa fuga do ABC
decidi ir matar a saudade do gordo e invadi o Objetivo. Suado, já mais abatido pela doença e com a ironia de sempre, ele me olhou e perguntou: “Como é que estamos?”, e
por sorte eu cheguei a tempo de conseguir assistir um restinho de sua aula. O melhor episódio de todos foi ainda durante o cursinho, era aula especial
FUVEST “Sagarana”, apenas o livro do meu escritor favorito, João Guimarães
Rosa. Eu não consegui senha e pedi ajuda pra minha mãe ligar na direção do
cursinho (aos 18 anos ainda pode pedir ajuda pra mãe, né?), e ela disse pra ele que
eu era uma aluna muito aplicada e não ia desistir de ver essa aula, que poderia
até assistir sentada no chão. FT riu e disse que jamais permitiria isso,
descolou a senha pra eu ir na aula e assim foi-se durante 4 horas seguidas em
que o mestre praticamente encarnou Augusto Matraga e tantos outros personagens.
Na primeira aula, na primeira vez em que eu lhe vi, ele disse para a sala cheia: “Bom dia! Eu
vou espalhar em vocês o vírus da literatura, sou autodidata em história da
literatura brasileira, ator frustrado e advogado por formação”.
Assistir agora uma série que tem como personagem principal um
professor fora do padrão e que estimula os jovens a pensar e a questionar as
regras, automaticamente me faz lembrar de quando eu era a aluna, sabichona aos
19 anos querendo ganhar o mundo ao mesmo tempo em que tinha medo pedir a senha
pra uma aula.
Que saudade, sacripanta, mal educado!