O ato de tomar a Rua da Consolação em cima de um trio elétrico arrastando milhares de pessoas é de um poder imenso, gigantesco. A galera entoando todas as letras de cor, a plenos pulmões, enquanto a bateria do Tarado ganhava fôlego, porque também estavam emocionados, foi memorável, histórico. Que bom que eu estava lá, que bom que estava viva, que bom fazer parte disso. Meu braço arrepiava, meu coração estava aceleradaço. "É Carnaval sim, é muito Carnaval", bradava o líder da bateria. Das raras sensações de sentir-se viva, vivíssima, plena e feliz. Eu tô aqui caralho, I'm alive!
O golpe, o temer, o dória, o alckmin, o caos no rio, o lula preso, toda essa merda não pode ser mais forte que a gente, tá ligado? A gente que pega esse trem lotado, esse trânsito, os busões fudidos. A gente que se vira pra pagar um aluguel decente, que se vira pra pagar as contas, fazer um supermercado sem luxo, saca? A gente é mais forte porque a gente tá vivo nessa porra! Foi passando um filme na minha cabeça porque não é possível que a gente tenha que aturar tantas agruras pra viver em paz nesse país. Olha o tamanho dessa multidão, olha a força dessa galera.
Um clima de paz, good vibes total, eu olhava ao redor e novamente queria chorar de tanta alegria.
É na corda, sempre! enquanto não cheguei no meu lugar favorito do bloco não sosseguei. Dai conheci Priscila, uma japonesa simpática e maravilhosa que vinha pulando na mesma intensidade que eu, acompanhada pelo seu marido, maior romance, que eu tava ali de espectadora reparando em tudo. Ela me mostrou a aliança, perguntou qual era a minha profissão e disse que era terapeuta ocupacional e tinha ido na manifestação contra a prisão manicomial. Caralho! é disso que a gente precisa, de esperança, de lutar por mais que essa lama toda nos tire o ar, por mais escuridão que o Brasil enfrente, não dá pra temer (FORAAA!!!) jamais. O marido dela puxou o grito "Sturm Cuzão!" e uma multidão começou a berrar isso pra gente não esquecer desse péssimo Secretário da Cultura, coxa e ditador.
Caê seguiu por Meia Lua Inteira, Milagres do Povo, Você Não Entende Nada, Tarado Ni Você, que showzão da porra! Que bom estar viva, mesmo com tudo. No final do show a gente se olhava como quem diz, puta merda, como é que segue o baile agora?
Emoção total.
Depois ainda tive pique pra ver Elza e Otto e escutei os planos pro futuro de uma jovem recém-formada em Educação Física que pretende fazer mestrado e ajudar as crianças carentes.
A vida é foda!
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