quinta-feira, 5 de março de 2009

A difícil vida de um desastrado (a)


Eu tenho inveja das pessoas que conseguem ser centradas e realizam algo rotineiro com perfeição. Ex: Num restaurante fast-food lotado, o José dribla a fila com a bandeja cheia de coisa e não derruba nem uma batatinha ou gota do refrigerante. Ou então a Maria atravessa a Av. Paulista correndo em cima de um salto agulha 20. Jogo no time do contra. Sou desastrada, derrubo tudo, não consigo rosquear uma garrafinha na primeira tentativa. Sempre sobra resto de sorvete na minha roupa, viro o pé atravessando a rua (de rasteirinha), prendo o dedo na hora de fechar o guarda-chuva. Um desastre. Fale pra eu inventar uma cena ou imitar um orangotango, mas não me peça pra carregar um vaso de cristal, uma bandeja cheia de doces ou um recém-nascido. Posso tropeçar no ar e rumar ao chão sem mais nem menos.

Esse problema de ser desastrado e atrapalhado é complicado. Na infância minhas amigas me chamavam de burra porque eu não sabia comer sem me sujar. Uma vez ganhei um quarto da Barbie, levantei pra pegar a boneca e no mesmo instante sentei em cima dos brinquedos novos. Deu nem graça. Depois, na adolescência, me arrumei pra ir pra escola bem bonitinha. Inventei de usar uma bota e cai do primeiro degrau da escada bem na hora do recreio. O Love viu e riu da minha cara.

O pior é que as pessoas que já sabem dessa anomalia adoram prestar atenção em nossas ações. Minha vó ama reparar o jeito como coloco a comida no prato ou o café na garrafa térmica. Quanto mais olham, mais faço cagadas. Tem mais o que fazer não? Apesar disso tudo, também existe o lado bom. Já fiz amigo na rua quando ele me ajudou a recolher uns papéis do chão, e sempre me safo de tarefas árduas como limpar janelas, tirar o pó de relíquias etc.

Agora que estou grandinha (grande eufemismo!) tento não dar gafes por aí. Penso positivo, procuro não olhar para os pés quando estou andando, e às vezes até que dá certo. Porém, depois de beber algo alcoólico, o risco de ir para o centro do picadeiro chega a triplicar. Minha última queda foi no dia do meu aniversário. Grande Nathy! Vinha alegrinha de chinelo andando pela rua, quando de repente pisou em falso numa espécie de barranco meio enlameado pela chuva. Final da história: rolei lá embaixo, ralei meu joelho, a mata era meio fechada e com o peso do corpo levei galhos e folhas junto comigo. A sorte é que um amigo me ajudou. Pra completar perdi meu chinelo e furei o pé com caco de vidro! Não, não é mentira.

Ser assim me irrita, mas até que sou feliz. Levando em consideração aquela máxima que diz que “Gato tem sete vidas” ainda tenho certo tempo pra poder cair, levar escoriações, ir pra casa com respingos de molho bolonhesa e cuidar dos sempre machucados calcanhares.
Mas que uma coisa fique clara: barranco nunca mais!


Um comentário:

Fogo no Briôco disse...

Nathy quebra barranco!!!!