terça-feira, 31 de março de 2009

Pqna Dosagem...


... Sobre a bondade:
Dia desses tava colhendo informações pra fazer uma resenha, quando do nada chegou um carinha da minha classe com duas folhas xerocadas cheias de informações e disse:
- Ó Nathy, usa aqui, pode ficar!
Eu, mega desconfiava respondi:
- Cê tá brincando que vai me dar de mão beijada? No que ele finalizou:
- Não, ué, pode ficar, serião.
Tinha esquecido que nesse mundo ainda existem pessoas de bom coração, e pra completar, me senti mal por ter desconfiado dele. Às vezes a vida é estranha.


... Sobre a ansiedade:
Minha parceira de TCC disse num desses diálogos sinceros e sem pretensão, que em dias de festas, churrascos, ou entrega de trabalhos, ela mal consegue dormir de tanta ansiedade. Quase dei um beijo nela de tanta felicidade! É que eu também quase não durmo quando tenho essas atividades.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Eufemismos da vida


Pois é coleguinhas, a vida é lotada de eufemismos. Pra não se comprometer com ninguém a gente vai ajeitando as respostas, maqueando-as, mas não fazemos por mal. Ou vai comprar briga com meio mundo por ter dito sem rodeios o que você pensa realmente? E foi reparando nessa embromação que rola solta seja numa conversa pelo telefone, ou enquanto fala com a mãe durante a faxina, que resolvi fazer uma lista dos eufemismos mais batidos, mais falados e que mais irritam a população brasileira. Segue:

Mãe eu tô gorda? "Não filha, só um pouco inchada na barriga"
Na verdade: Você tá gordaça.

Eu sou mais bonita que fulana? "Então, são belezas diferentes"
Na verdade: A mina é mais bonita que você.

Acho que tô precisando malhar, né? "Academia faz bem à saúde"
Na verdade: Agora que você percebeu?

Não entendo porque você não namora comigo! "Não quero me envolver com ninguém"
Na verdade: "Você não é mina pra eu namorar.

Não nasci pra trabalhar em TV
. "Ahhh você escreve super bem"
Na verdade: não nasceu mesmo, sai dessa!

Acho que ele não está mais afim de mim! "Você sempre foi muito bonita pra ele"
Na verdade: O cara não te quer faz tempo.

Eu sou muito ciumenta? "na verdade acho que isso é insegurança"
Na verdade: Você é uma doida, possessiva, menina!!

Não sei o que acontece, mas não arranjo namorado
"Ahh uma hora seu príncipe chega"
Na verdade: É mesmo, né? você anda meio encalhada...

Você pergunta pro seu amigo: "Por que você não quis ficar com a zezinha?"
No que ele responde: "Ahh porque ela é minha amiga"
Na verdade: porque ela é feia, ué.

Seu namorado termina dizendo que precisa ficar sozinho
Na verdade: tem mulher nova e mais gostosa na parada.

Viu, Brasil? Se antes você acreditava nessas lorotas que sopram aos seus ouvidos seguidas de um belo sorriso amarelo, cuidado! Por trás de uma frase bonitinha, sempre mora uma verdade ácida.

terça-feira, 24 de março de 2009

Pqna Dosagem...


... Sobre a Faculdade:

Percebi isso logo que entrei no último ano da facul. Olha que engraçado:
Quando entramos no primeiro semestre, a gente se sente o dono da verdade. Estufa o peito e diz pausadamente que vai ser jor-na-lis-ta! Compra aquelas camisetas com nome do curso atrás, etc. Do segundo pro terceiro vemos que a bixarada é tudo bando de besta. Nós sim é que somos os verdadeiros fodões, afinal, fazemos jornal, link ao vivo, matéria pra impresso e sei lá quantas mil entrevistas, tudo na prática e tals. Daí quando chega no último, a gente olha pra trás, vê que a profissão não dá tanto dinheiro, fica na corda bamba da desilusão e faz o maior esforço do mundo pra ir até o ABC. Se eu tenho orgulho de tá me formando? Sei lá, quero entregar logo o meu TCC e ser feliz. Amém.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Não se conforme


Se tem uma coisa que eu odeio é frase-consolo. "Isso passa" "Dias melhores virão" "Há males que vem para o bem", esse tipo de coisa comigo não rola. Primeiro porque não tenho paciência para esperar que alguma coisa na vida passe, nem engolir todo o mal até que ele termine. Segundo que essas frases são clichês demais para ter alguma valia na conversa. Você conta uma história com riqueza de detalhes, chora todas as lamúrias e o campeão responde "isso passa". É de lascar. Ficar jogando a culpa no tempo é muito fácil. "O tempo cura tudo". Se isso fosse verdade, os cientistas não estariam até hoje atrás da cura do câncer. Viajei demais? Se câncer mata, ficar remoendo sentimentos ajuda a matar.

Sou a favor de mudar o que tiver ao nosso alcance. Da posição da cama ao curso da faculdade. Do trajeto do ônibus a viver em outra cidade. É nesse ponto que a ansiedade amiga ajuda. Ela incomoda tanto que te faz tomar alguma decisão, mesmo que você se arrependa depois. Pelo menos fez, o que já é válido. Agora, ficar cantando "deixa a vida me levar" enquanto os problemas gritam na sua frente, é demais. Não entendo como tanta gente se conforma e se ajeita com as situações. Confesso que nem sempre é fácil tomar decisões. Aliás, tenho mania de me precipitar. É ansiedade dando as caras outra vez.


Mas voltando ao ponto, vejo pessoas tão inteligentes, que fazem contas, rascunham superprojetos, administram uma empresa, arrancam dentes, mas que não têm coragem de pedir desculpas cara-a-cara quando cometem alguma mancada, nem conseguem terminar um namoro já naufragado - que dirá casamento. Conformismo atrasa a vida, por isso não me venha com essa de "deixar o barco correr", e que até uva passa. Me deixa gritar e tentar resolver, porque ser chiliquenta também tem suas qualidades. ;)


terça-feira, 17 de março de 2009

Pqna Dosagem...


... Sobre a preguiça:

Às vezes dá uma preguiça da vida. Dá nem vontade de ir na faculdade, nem sair, nem falar, nem tomar café, nem nada. Estado letárgico me domina. Um psicólogo diria que é depressão. Um jornalista diria que é falta de gana pela profissão. Minha mãe diria que é quebrante. Minha vó diria que é falta de comer feijão. Meu amigo diria que é falta de puxão, meu chefe diria que é porque ele está liberal demais. Álvaro de Campos diria que sente isso muitas vezes e o FT diria que estou perdendo tempo da vida. Mas é só preguiça e ela logo passa. Gastura!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Recomenda-se uma paixão


Eu já tive um amor doído. Uma paixão louca que te sacode e quase te enlouquece. Aquela pessoa que é necessária diariamente, e por se tornar assim, adora dar uma escapada, é independente demais pro seu coração inseguro. Por mais que os dias passem, que vocês viagem e passem um ano inteirinho juntos, a próxima vez que o encontrar vai sentir frio na barriga ao saber que é ele tocando a campainha. Ia rezando pelo caminho do encontro pra gente não brigar, pra não sentir o ciúme sufocar e acabar fazendo cagada. Também rola a sensação de descontentamento porque a relação nunca está do jeito que você deseja (claro, nunca vai ser assim). E a plena paz se dá ao acordar no meio da noite e o ver dormindo, tranqüilo sem ninguém pra encher o saco. Sem nenhuma vaca dando em cima, nenhum amigo mala querendo fazer rolê de solteiro, nenhuma tia que more longe querendo marcar visitas chatas e inconvenientes.

É só você e ele, mesmo que este nem saiba que você está ali do lado. É seu só seu e nada mais. Que bom seria se essa noite calma nunca mais terminasse. Que sensação maravilhosa poder apoiar a cabeça no peito amado e agradecer aos Deuses por tudo ter dado certo (pelo menos hoje). E quando as brigas rolam, rolam pra valer. Motivos bobos que nos levam à gritos, frases carregadas por palavrões, vontade de comer com os olhos, que a essa altura, já estão cheio d'água. A danada impotência sobre as decisões do outro. Por que ele quer ir sozinho? Por que não me conta o que está pensando? Por que não desliga a bosta do celular pra sempre?
É ruim, machuca, lateja e você não sabe viver sem! Dá pra entender?

Não sou masoquista, mas a mistura de sentimentos que rola é realmente muito boa. Esquecem-se as condutas de bom costume, as teorias dos livros de auto-ajuda, esquece-se até do amor próprio, o que é perigoso. Tudo isso é deixado de lado, porque a paixão está na área e com ela todas essas encanações e a boa dose de loucura e doença que só esse sentimento é capaz de trazer ao ser humano. É bem contraditório, pura sensação de que amor e ódio andam lado a lado. Você ama seu príncipe, mas é só ele soltar alguma frase imbecil pra você o odiar tanto, mas tanto. E é um sorriso largo e uma piadinha besta pra te fazer cair de amores novamente. Aliás, que dentes bonitos, não? Como pode uma pessoa ser assim tão linda, tão perfeita ao ponto de te viciar? De fazer você reconhecê-la pelo modo de andar, de falar, um jeito único e inexplicável.

Paixão, paixão. Do mesmo jeito que vem vai embora e às vezes deixa tantas marcas. Danuza diz que paixão e felicidade estão em caminhos opostos, e ela até tem razão, mas uma das coisas que recomendo pra todo mundo é um dia poder sentir tudo isso. Várias vezes, ou ao menos uma. A minha já passou e nem sei se agüento outra, a dor da separação também é foda, mas isso já é assunto pra outro post.


quinta-feira, 12 de março de 2009

Próxima parada: cabeleireiro



Daí que sábado fui ao cabeleireiro, e como tenho cabelo para dar e vender fiquei cerca de cinco horas no local. É sempre muito engraçado ir até lá. Pra quem curte ouvir fofocas, casos amorosos, e prestar atenção em muitas mulheres juntas é um prato cheio. Tenho mania de sempre levar um livro porque revistas de fofocas me empapuçam. Pois bem. Estava eu lendo feliz da vida, quando fui interrompida: “Não quer ler a Contigo!?” “Nem um cafezinho?” Respondi que aceitaria o café e começou o trabalho. Alisa daqui, passa creme dali.

Em cabeleireiro é assim: sempre tem as senhoras que fazem unha da mão/pé e reclamam que da última vez tiveram bifes arrancados dos dedos. Rola uma puta disputa das cabeleireiras e suas auxiliares pra ver quem trabalha mais e ganha mais “caixinha”. Aí no fatídico sábado era o primeiro final de semana que uma auxiliar iria trabalhar. Escutei mais ou menos uns oito comentários sobre o mau desempenho da moça. Mulher é foda, não perdoa! E não é que a principiante veio me atender? Fiquei meio puta, mas ela era legal.

Lá também trabalham dois cabeleireiros homens, e percebi que das duas uma: ou são gays ou são muuuito mulherengos. Um aproveitava para tirar casquinhas das clientes. Passava a mão no pescoço, nos cabelos, tudo com muito carinho, claro. Fui lavar o cabelo e acho maravilhoso ter alguém pra passar shampoo e condicionador em mim. Lá na salinha pesquei a conversa de uma loira que tava se separando do marido. Ela tinha uma filha pequena e dizia que precisava de um tempo só pra ela. Hora de voltar para a cadeira. Fiquei sem saber o final da história.

O ponto alto do dia foi quando entrou uma cliente veterana. Ela é advogada e todo Brasil a chamava de “doutora”. Segurei o riso. O melhor tratamento do salão foi pra dita cuja. Como sempre dizem os paulistanos, ela soltou um “que correria”. Disse que tinha uma festa e precisava estar bonitona de noite. Aí eu reparei a cara da menina que estava passando chapinha no cabelo da doutora. Uma cara de insatisfação porque o cabelo da cliente, que apesar de rica e simpática, era muito crespo. Crespo pra ser legal, na verdade era pixainzão.

Terminada a sessão de cinco horas levantei e fui pagar. A advogada me olhou e disse que queria ter um cabelo igual ao meu. Soltei um riso amarelo e segui viagem. Moral da história: cabeleireiro + mulheres+ cabelo+ dinheiro= falsidade na certa. E quem é que resiste a uma boa dose disso?


Pqna Dosagem...


... Sobre as calçadas:

Deveria existir faixas separando os lados das calçadas, tipo como se fosse na rua. Um sentido pra ir e outro pra vir. Assim pelo menos, o infortúnio de ter que desviar das pessoas que insistem em andar bem no meio das calçadas com aqueles passos de tartaruga terminaria. Tem que ter muita paciência pra andar em calçada. Tem gordo lento que carrega sacola e atrapalha o tráfego na via. Tem gente passeando com cachorro, aí você desvia não só do dono, mas também do cão e ainda daquela coleira que estica o cordão lá na frente. Tem criança correndo e que decide parar pra esperar a mãe bem na sua frente. Tem idosos de bengala que parecem pressentir quando vamos ultrapassá-los. Num verdadeiro passe de mágica entram na nossa frente e continuam a deliciosa caminhada passinho por passinho. Tem de tudo, uma verdadeira baderna. Vou fazer o quê? Começar a andar pelo meio da rua?

segunda-feira, 9 de março de 2009

A outra metade da laranja


Faz tempo que estou pra escrever isso aqui, mas a dona do blog nunca deixa. A tal Nathália. Ô menininha difícil essa. Hoje ela ficou totalmente quieta, na dela, fazendo com que eu tomasse conta de quase tudo, então decidi dar o ar da minha graça. Sabe, apesar de vivermos juntinhas, nós somos muitos diferentes. Ela é faladeira, eu prefiro ouvir. Ela adora mandar, eu tenho pânico só de pensar. Enquanto eu adoro um namoro sério, a outra prefere não se envolver muito. Ela também não gosta muito de admitir os erros, é ansiosa ao extremo, ciumenta, mas engraçadíssima. Eu não. A Nathália é protagonista, a Katharine é coadjuvante.

Sou tímida, não consigo falar em público, adoro um chocolate e trato a Lóris muito bem. A Nathy se estressa muito fácil, com qualquer um. Com qualquer coisa. Eu sou Zen, curto um incenso, ouvir Nando Reis ao fundo, essas coisas simples da vida que fazem qualquer diferença. Agora por exemplo, enquanto escrevo esse humilde texto, ela deve tá arrumando o cabelo com o som no último e esperando e uma ligação. Sabe como é, sábado a noite, nunca que vai querer ficar em casa. E eu que não mando muito e assumo ser mais fraca, vou junto, fazer o quê.

Pelo menos hoje ela decidiu ir pra Vila Madalena e ficar sossegada ouvindo musiquinhas dançantes. Aliás, essa mania de ouvir MPB ela aprendeu comigo. Antes, só ouvia uns forrós doidos e ficava até com dor de cabeça, tamanho volume que ouvia as canções. A Nathália é totalmente urbana. Sente o cheiro de asfalto e sente orgulho de viver aqui, nesse rolo todo. Eu tenho uma vontade imensa de ir morar na praia, mudar pro Rio, ter uma vida mais light. Por enquanto fica só no sonho, ela jura que daqui não arreda o pé. E quando eu estou com muita vontade de comandar uma situação, dá um rolo danado. Claro, porque sendo opostas, uma ação anula a outra. Eu quero ir e ela não, eu sinto que é melhor ficar quieta e ela vai logo falando tudo de uma vez. Mó zica. Por isso muita gente não entende quando eu coloco o Katharine no MSN, por exemplo. É que sou eu, e não a outra metade.


Tem dia que sou totalmente Katharine. Como se a Nathy desse uma trégua, tirasse férias e trocasse de lugar comigo. A vida é bem mais leve assim, até ela admite. É que eu sou mais calma, doce, romântiquinha e quando tô no comando, quase ninguém reconhece. Chovem perguntas do tipo: "que foi que você tá assim?" "tá quieta porquê?". Nem adiantaria explicar, tirando Fernando Pessoa, ninguém entenderia. Mas apesar de todas essas características cinzas da minha irmã, eu admito que ela é ótima pessoa. A gente se diverte muito e é até melhor que ela seja assim meio egoísta. Toma as rédeas da situação e me deixa só de telespectadora da nossa vida. Dou muita risada. Foda quando nos magoam, porque aí somos uma só, um coração apenas. Eu que sou mais chorona, desabo primeiro, mas dali cinco minutos, a nathy já tá fazendo piadinhas do próprio problema. E uma ajuda a outra, e assim vamos indo...

A idéia de querer ser jornalista foi dela. E quando ela coloca uma coisa na cabeça, já viu. Por mim, seria atriz, ou artesã, adoro mexer com as mãos. A Nathy também tem alguma habilidade embora seja canhota e encare isso como ser "torta". Até quando se trata de futebol somos diferente. Ela é Corintiana, maloqueira e sofredora, como dizem. Mas eu não, meu coração é palmeirense, mas escondo isso do meu pai. Aliás, mania de verde ela também pegou comigo. Faz tanto tempo já. Apesar de tantas diferenças, somos bem parecidas também. Amamos cachorro, somos viciadas em café, adoramos um bom beijo na boca , temos o coração mole feito manteiga, adoramos água. Só queria deixar registrado aqui que em tudo que a Nathália escreve tem um quê de Katharine. Ahh, isso também é um ponto em comum, adoramos escrever.

Bom, ela tá lá no quarto me gritando porque não sabe que roupa vai usar hoje. Preciso ir ajudar.

Ps: Nathália, nada de dar pitís quando ler isso aqui. Eu também sou dona desse blog.

Beijos, Katharine.


quinta-feira, 5 de março de 2009

A difícil vida de um desastrado (a)


Eu tenho inveja das pessoas que conseguem ser centradas e realizam algo rotineiro com perfeição. Ex: Num restaurante fast-food lotado, o José dribla a fila com a bandeja cheia de coisa e não derruba nem uma batatinha ou gota do refrigerante. Ou então a Maria atravessa a Av. Paulista correndo em cima de um salto agulha 20. Jogo no time do contra. Sou desastrada, derrubo tudo, não consigo rosquear uma garrafinha na primeira tentativa. Sempre sobra resto de sorvete na minha roupa, viro o pé atravessando a rua (de rasteirinha), prendo o dedo na hora de fechar o guarda-chuva. Um desastre. Fale pra eu inventar uma cena ou imitar um orangotango, mas não me peça pra carregar um vaso de cristal, uma bandeja cheia de doces ou um recém-nascido. Posso tropeçar no ar e rumar ao chão sem mais nem menos.

Esse problema de ser desastrado e atrapalhado é complicado. Na infância minhas amigas me chamavam de burra porque eu não sabia comer sem me sujar. Uma vez ganhei um quarto da Barbie, levantei pra pegar a boneca e no mesmo instante sentei em cima dos brinquedos novos. Deu nem graça. Depois, na adolescência, me arrumei pra ir pra escola bem bonitinha. Inventei de usar uma bota e cai do primeiro degrau da escada bem na hora do recreio. O Love viu e riu da minha cara.

O pior é que as pessoas que já sabem dessa anomalia adoram prestar atenção em nossas ações. Minha vó ama reparar o jeito como coloco a comida no prato ou o café na garrafa térmica. Quanto mais olham, mais faço cagadas. Tem mais o que fazer não? Apesar disso tudo, também existe o lado bom. Já fiz amigo na rua quando ele me ajudou a recolher uns papéis do chão, e sempre me safo de tarefas árduas como limpar janelas, tirar o pó de relíquias etc.

Agora que estou grandinha (grande eufemismo!) tento não dar gafes por aí. Penso positivo, procuro não olhar para os pés quando estou andando, e às vezes até que dá certo. Porém, depois de beber algo alcoólico, o risco de ir para o centro do picadeiro chega a triplicar. Minha última queda foi no dia do meu aniversário. Grande Nathy! Vinha alegrinha de chinelo andando pela rua, quando de repente pisou em falso numa espécie de barranco meio enlameado pela chuva. Final da história: rolei lá embaixo, ralei meu joelho, a mata era meio fechada e com o peso do corpo levei galhos e folhas junto comigo. A sorte é que um amigo me ajudou. Pra completar perdi meu chinelo e furei o pé com caco de vidro! Não, não é mentira.

Ser assim me irrita, mas até que sou feliz. Levando em consideração aquela máxima que diz que “Gato tem sete vidas” ainda tenho certo tempo pra poder cair, levar escoriações, ir pra casa com respingos de molho bolonhesa e cuidar dos sempre machucados calcanhares.
Mas que uma coisa fique clara: barranco nunca mais!


segunda-feira, 2 de março de 2009

Vício charmoso


Esse texto é especialmente para ele, o mais gostosinho, estimulador, companheiro e amigo: café. Vício meu de todo santo dia. Que me dá animo logo às 05h15 da matina. Me acalma na saída da prova e me ajuda a enfrentar uma entrevista pelo telefone. Se tem uma coisa que é a cara de paulistano é um bom café, né? Já virou frase-feita: “Passa lá em casa pra tomar um café” “Vamos marcar um café”. Lindo. E nem to me referindo ao contexto histórico em que ele faz parte. Encheu de dinheiro aqueles velhotes que plantavam sua semente e revendiam mundo a fora. E foi virando mania, caindo no gosto popular, ai que beleza. Café anima a gente! Tem aquele dia que tudo na vida ta enrolado e aí só tomando uma xícara para acalmar. Por falar em xícara lembrei de mais um viciadão em café: Prof° Giraffales.

Falam por aí que jornalista pira num café porque além de dá um up nas energias, tira o sono. Grande mentira. Depois de certo tempo não faz mais efeito! Tomo tanto, mas tanto, que em determinada época cheguei a ficar com uma gastrite. Passei no médico e ele me deu a triste notícia de que não poderia mais exagerar. Juro que tentei, mas a garganta pede, chega a implorar por um gole. Pareço uma velha falando. Cafezinho também virou sinônimo de dar aquela escapadela marota do trampo. Você tá com a maior preguiça, quer dar uma volta e diz que vai pegar um café. E tem aqueles tiozões que falam que vão tomar um café quando na verdade vão fazer uma puta reunião! Engravatados, bigodões, e vááárias xícaras em volta da mesa, dando o ar de que o negócio tá pegando fogo. “Me vê mais um café, por favor”, pedem eles.

Também não posso deixar de falar do simpático “pingado com pão na chapa”. Logo de manhã as padarias estão lotadas e o pedido mais requisitado é o pingado. Parece que combina demais o leite-com-café e pão na chapa. Diliça. Antigamente tinha uma propaganda de rádio do café Seleto. E o jingle marcou gerações, sem querer ser exagerada.

Teve gente que uniu o útil ao agradável e abriu um “Ciber-café”. Espécie de bar que tinha uns computadores e dava um ar super intelectual pra quem freqüentava. Era chique falar que ia encontrar uma galera no “Ciber". Café tem tudo a ver com quem mora em São Paulo. Dá animo, reúne pessoas e é muito gostoso.Viva o café, viva São Paulo, viva o Brasil!



domingo, 1 de março de 2009

Sobre a tal da classe média


Era bem grandona, robusta, dessas que todo mundo diz que é a típica mulher brasileira. Morena, cabelos cacheados e uma boca larga com todos os dentes do mundo. Nem rica nem pobre, tinha o que precisava para sobreviver de maneira digna. Amigos de verdade não enchiam uma mão inteira, mas de conhecidos estava rodeada. Até que era feliz.

Mas o que não a conformava era a tal da desigualdade social. Ficava pensando nisso muitas horas do dia. Tudo porque inventou de cursar uma graduação cara e que tinha bastante nome no mercado. Ao invés de fazer novas amizades, ou viver a época do riso grátis, se deparou com muitas pessoas diferentes de seu cotidiano. E as panelas não davam margem para que ela tentasse se enturmar. Tampouco tinha paciência para adulações baratas e abraços falsos. A maioria viajada, falava outra língua, usava a roupa da moda, o cabelo da moda, o tenis da moda, o Ipod da moda, essa tal de sociedade xérox que cada vez mais ganha adeptos.

E no caminho de volta para casa pegava um coletivo lotado e cedia lugar aos idosos ou mães que carregavam fihos pequenos nos braços. Ia atravessando os bairros e vendo como é estranho e ao mesmo tempo engraçado essa vida de metrópole e classe média. Uns com tantos, outros sem nada e ela no meio. Tinha mais que os humildes e menos que os maurícios da classe. Mas não podia ficar se queixando, afinal das contas, estava lá por mérito de seus próprios estudos e mesmo os que faziam parte do ciclo da moda tinham condições para isso e da mesma maneira que ela, batalhavam por um lugar ao sol no famigerado mundo dos empregados. Levantou da segunda baldiação e caminhou por uma rua querida.
Sinceramente se sentiu impotente. Não conseguiria fugir do sistema, não tinha pique pra lutar por um mundo melhor, talvez fosse mais fácil viver sem pensar em questões sociais.
Uma andoria sozinha não faz verão.