segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Entrei no clima!


O que eu desejo em 2009?

Que seja um ano de fartas realizações
Que muita coisa se concretize
Que venha mais ventos, mais caminhos, luas cheias e tempestades também, pra mostrar ao homem quem é que manda nessa birosca
Que surjam as indagações, os devaneios, as espontaneidades, o riso súbito, o choro solto e o coração sem mágoa. Quero um 2009 mais leve, mais criança, meio champagne, que não sobe muito pra cabeça. E também denso e positivo naquilo que preciso resolver. Quando a coisa é volúvel demais, não rola. Que minha São Paulo não sofra tanto, que a Vila continue na dela, que a reforma da Paulista não sofra com o depredamento, que a Zona Sul não tenha tanta enchente e que as marginais batam o recorde de congestionamento só em dezembro, lá pro final do ano.

Essa cidade se renova a cada ano, a cada dia. Vai ter festa na avenida pra brindar mais um ano ímpar que chega. Seria bom que todos que lá estivessem mentalizassem coisas boas pro lugar em que moram. Mas com tanta cerveja na cabeça, acho que a única coisa que pensam é no próximo gole e no copo sempre cheio.

Que 2009 acalme os ânimos exaltados com a tal da nova crise, que o Obama não nos desampare, que Danuza Leão e Macaco Simão continuem escrevendo, que Kassab não invente Leis X e se preocupe com questões deveras importantes.

Desejos de primeira instância: Saúde, Metrô e Ônibus circulando (sempre), dinheiro básico no bolso, amor pra dar e vender, mais bilhetes, menos crises existenciais, mais amigos, menos orgulho, mais música, mais riso. TCC pronto e Paz!

Feliz Ano Novo!









quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal, pro rico e pro pobre, num só coração



Natal, Natal, e novamente ele chegou. Trazendo aquele ar de que todo mundo deve se amar, se presentear e no mínimo comprar uma roupa nova pra usar na noite de hoje. E aí, eu que trabalho perto do centro e vim trabalhar hoje, comecei a prestar atenção no clima que esse feriado traz. A começar pela avenida maravilhosa que graças a Deus não estava muito entupida.

Tava um pouco calma, mas os que estavam lá como sempre corriam. Depois fui descendo a Brigadeiro, e quase chegando na rua Humaitá, o pessoal já estava suuuper empolgado. Vi uma casa, dessas com o portãozinho na frente e uns cômodos na parte de trás - típicas do centro velho paulistano - que tinha uma família grande, com várias crianças, a mãe que limpava tudo, e o pai que chegou com um saco grande cheio de carne. E pelo jeito tava pesado porque ele pedia ajuda a um homem que tinha cara de ser parente. A mãe corria pra lá e pra cá com uma vassoura, e no rádio tocava no último volume o hit Chupa que é de uva. A noite sem dúvida ia ser daquelas!

Fui indo, cheguei na Tamandaré, deixei as coisas e me aprontei pra fazer a matéria do dia. Segui para a Aclimação. Que diferença! Tinha uma mulher arrumando o apartamento (e eu vi tudo porque o apê era no primeiro andar). Árvore de Natal grande toda dourada na varanda, uma mesinha de centro com toalha vermelha em umas nozes em cima (Só para a decoração, claro). A casa dela era bem bonita, mas ela não a arrumava nem com um terço da empolgação da mulher que ouvia o chupa que é de uva. Essa era calma, cabelos louros amarrados, e tinha um nariz fino que dava à ela uma cara de bem nascida.

Parecia (posso estar enganada, mas acho difícil) que a festa ia ser daquelas de gente chique, em que todo mundo vai muito bem elegante e fica no ar aquele clima de “ela tá mais bem vestida que eu”. Aí servem o peru, o tender, o chester, a farofa e as mulheres que vivem de regime evitam comer. (Sei disso pq na minha família vez enquando surgem essas festinhas, e é sempre assim). Os homens ficam bebericando e falando de futebol, e sempre tem a criançada, que diferente dos que corriam na calçada da Humaitá, exibem seus brinquedos de última geração.

Agora te pergunto, qual festa é mais legal? Tem gente que vai afirmar que sem dúvida é a segunda, pois não rola aquela zona desmedida, e chegada certa hora, cada um vai pra sua casa e fim de papo. Masssss, digo que a melhor festa é a primeira. É a dos pobres, é dos que juntam a família, os vizinhos e os agregados pra fazer uma festona com muito comes e bebes e Calcinha Preta bombando. Os pobres se divertem muito mais que os ricos e não é novidade pra ninguém. Clichê? Pode até ser, mas mentira não é. Elas não ligam se estão gordinhas, eles não se importam de cair de bêbados e no fim juntam vários colchões e dormem por alí mesmo. É no Natal que gastam o 13º com vontade e alegria.

Também sei que muitas pessoas não têm dinheiro, nem saúde e nem família. Por isso, mais uma vez, dou um ponto para os pobres! Porque os ricos têm mais dinheiro, amigos e possibilidade de fazer uma puta comemoração, e no entanto, se preocupam com coisas tão bestas que deveriam ser deixadas de lado pelo menos no Natal. Já os pobres se divertem com o que têm. (Tá, eu sei que tem rico que é bem legal, mas não é esse o caso, Brasil!)

Em tempo: Hj lá vou eu pra casa de uma tia X. Digo tia X pq é meio distante e tem posição social mais favorecida que o restante. (Motivo este que faz minha vó ficar animadíssima, claro!) e fica aquele clima que descrevi lá em cima. É um prato cheio pra eu prestar atenção em tudo, ouvir umas frases bem Luciana Gimenez e dar risada com o meu pai bêbado falando do Ronalducho. Fora isso, um pé no saco. Sou muito mais o ano novo. Feliz Natal!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A estranha relação humana


O que fazer quando a pessoa que trabalha atrás de você está grávida de oito meses e tem uma mãe com câncer na bexiga (pela segunda vez)? Você ouve tudo, todas as angústias, os choros, a falta de ar, o medo da morte de uma pessoa tão próxima (dela) e se sente de mãos atadas. Adianta dar literalmente o ombro pra que ela chore aliviada ? Adianta ler um salmo, fazer uma promessa, dizer que no fim tudo acaba bem? Daí depois você vê como o ser humano é injusto, pra não dizer burro.

Eu tava aqui, cheia de indagações, problematizando sobre a vida amorosa, me crucificando por ter ficado com um cara ontem, outro hoje e seu era uma vagal.
E quando volto os ouvidos para a mesa de trás vejo tantos outros questionamentos, mais importantes e relevantes que os meus. Foda-se o mercado imobiliário, foda-se a matéria que eu preciso escrever sobre o mercado condominial, dane-se que eu não almocei, ou preciso fazer uma faxina daquelas às 21h30 de uma quinta-feira.

Eu queria (muito) era ajudar essa mulher que, mãe de três filhos, faz voz firme com a própria mãe, e, ao desligar o telefone, cai em prantos sem ver uma luz no fim do túnel. Simplesmente não consigo mais voltar para o texto, para o gravador e o blábláblá chato do advogado que me deu a entrevista. É chocante - pra dizer o mínimo - a impotência que temos diante da morte e como esse assunto mexe com as pessoas. A vida sim é a coisa mais importante e frágil desse mundo doido que nos rodeia. Fiquei me sentindo mal por ter mania de ficar procurando pêlo em ovo. E quanta gente também não tem mania de caçar problema onde não tem?

É fato que a moça que está passando por esses problemas não é minha melhor amiga, nem parente e nem nada. Seria muito mais fácil eu colocar o fone de ouvido no volume máximo e colocar o Chico pra tocar. Não é a minha vida mesmo, né? Não. Não. Não. Não foi assim que eu me senti. Pelo contrário, um gosto amargo e um embrulhamento no estômago tomaram conta de mim, isso sim. Eu olhei pra trás umas três vezes e a ví encostada com os braços no teclado chorando aquele choro sentido com um barrigão balançando. A vontade era ir lá e dar um abraço bem forte nela, mesmo que isso não mudasse absolutamente nada. Mas aí, fiquei pensando se fosse comigo. Será que eu iria querer um ombro amigo de graça ou preferiria ficar quieta na minha?

Vieram outras indagações sobre as relações dos seres-humanos, minha cabeça passou pela lua, por Freud, pela sensibilidade das grávidas, e nesse vai-não-vai, eu não consegui levantar da cadeira. Cinco minutos depois ela atendeu o telefone com a mesma voz firme, falou com o doutor e já marcou a consulta da mãe para amanhã. A vontade de ajudar permaneceu em mim e fiquei pensando em como as pessoas são estranhas, mas que sem dúvida, essa mulher é uma guerreira e eu peço a Deus(?) pra que tudo se resolva na vida dela, mesmo acompanhando tudo de longe e aflitamente.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Mulheres chatas


Eu vejo aos montes esses textos que falam sobre mulher, como entender uma, como conquistá-las, etc, e na maioria das vezes acho tudo um saco. Não por gostar de ser do contra, ser exigente demais ou coisas do tipo. Mas sei lá, não curto ganhar flores por exemplo, acho batido demais. Porém adoro um ursinho de pelúcia - tão batido quanto. Odeio quando algum homem faz tudo que quero e sinto repulsa quando ficam me alisando. Sei que vai parecer que é tudo mentira ou apenas mais um discurso feminista, ou que sou uma safadinha, mas não é bem assim, vai mais além do que preconceitos formados por frases feitas.

Na verdade se eu fosse homem também me irritaria muito com as mulheres. Confesso que somos mesmo um bicho estranho e é dificil agradar à todas. Aliás diria que é impossível. Tem mulher que ama romantismo, sentimentalismo, detalhes, rosas, e tudo aquilo que caberia perfeitamente em um conto de fadas. Outras dão só valor às coisas materiais, gostam de uma pegada mais forte, detestam músicas românticas e não ligam se não andarem de mãos dadas com o namorado. E pra completar, tem aquelas como eu, que amam coisas simples, não perdem a piada nunca, se fazem de duronas mas podem estar com o coração na mão, e ficam de bico ( ou não ) se o cara soltar a mão na rua.
Tudo depende.

Mais: não gosto quando o cara tem total disponibilidade pra sair comigo e logo de cara diz que já desmarcou a cerveja com os amigos. Como diria uma amiga: "Nathália, você gosta de sofrer". Talvez até seja isso mesmo. Não me entendo. Quero ter controle da situação mas quando consigo perde a graça. Problema de ego? idiotice aguda? Sei lá. Por outro lado, se eu perceber que o cara está provocando ciúme, fico puta e chego a ter crise de riso interna por tamanha babaquice e insegurança do palhaço. Já passei por isso um milhão de vezes, mas aprendi. Não dê bola que tudo passa.
Ahh, e pra completar a lista de odeio, odeeeeio aquelas frases que soam como letras de bolero ou música brega. "Vamos ver as estrelas hoje a noite, linda" "E ai amorzinho que tal fazer um jantarzinho na minha casa?".

Meu filho sou urbana gosto da metrópole, da correria e sou simplista: Nathy, vamos tomar uma cerveja hj? pronto me ganha! Rolê sussa, discontraído e porque não romântico? Quem é que disse que não podemos ficar juntinhos em um bar? ou então, me chama pra assistir um filme, mas não me faça sentir uma dona de casa que vai pra sua casa cozinhar. Fujo como o diabo da cruz. E tem mulher que adoraria receber um convite desses. Assim fica difícil.

Tá vendo, somos cheias de paradoxismos, uma hora amamos, depois odiamos. Quero mtos beijos, mas não quero cartas de amor. Quero carinho, mas não suporto gente melosa, não sou materialista mas ficar andando de ônibus pra cima e pra baixo não rola. Odeio que me controle mas se ficar dois dias sem me ligar eu desencano. Quanta coisa, e como me isso me irrita e me irrita mais porque meia hora depois contradigo tudo que descrevi acima. Vivo dizendo que queria ser homem (e ainda faço um texto sobre isso) mas pensando bem, acho que não teria paciência pra agüentar uma mulher como eu. Pior que eu sei que as mais chatas também são as mais legais.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Minha vida é só no forró

Foto: Lia Costa

Triângulo, zabumba, sanfona. Eis o lugar em que os três são reis supremos, os donos do pedaço. Aqui os meninos tiram as meninas pra dançar e depois dão um beijinho no rosto em agradecimento pela dança. Sapatilhas de pano, saias, vestidos, lenços no cabelo. Com um pouco de concentração pode-se avistar uma festa antiga do sertão. Ainda mais se repararmos no chapéu de cangaceiro do zumbabeiro, e na camisa estampada com coqueiros do vocalista. Estamos no forró. No meio da noite paulistana, em Pinheiros – um dos bairros mais boêmios da cidade – fica o Remelexo Brasil, uma das casas noturnas destinadas à dança típica nordestina.
(Propaganda por conta da casa).


Nada de gente com óculos escuros e pirulitos na boca. Nem multidões pulando feito macaco e beijando meia dúzia ao mesmo tempo. Não se escuta música dor de cotovelo e não há nego copiando o estilo country dos Eua. O que rola são músicas de raiz, um trio no palco, o coração batendo no compasso da zabumba, uma cerveja (boa) vendida a R$ 3,00 e muita gente bonita dançando sem se preocupar com nada. Quanto mais desconhecido o nome do trio, melhor. Desculpe a franqueza, mas quando o grupo cai no gosto popular e vai parar na televisão, esquece-se as origens e a música passa a ser comercial. Quer um exemplo? Falamansa, Rastapé.


Aqui dá pra dançar agarradinho e ir conhecendo ao poucos. Dá pra ouvir música dos saudosos Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, rodopiar até ficar tonto e sentir a batata da perna latejando. Consigo até fazer amizades. Aliás, gosto tanto que sou só bom humor. Não tem brigas, não tem gente caindo de tanto usar droga. Nego não te enche o saco nem implora pra te beijar. No entanto, eles analisam e muito o jeito que você dança. Talvez o único fator negativo do forró. Quem não sabe dançar acaba ficando inibido. Nada que uma cerveja não dê jeito.


Por tudo isso, há quase oito anos freqüentando esses lugares (tô ficando véia), declaro com muito orgulho: sou forrozeira de carteirinha e coração!


E hoje é o aniversário do mestre Luiz Gonzaga, ontem tocou muuuuita música dele. Realmente um mestre. Lindo e singular.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um viva para os nublados!

Foto: Guilherme Silva


O dia de hoje merece um texto. Não. Eu não fiquei milionária, nem arranjei um grande amor, não ganhei um cachorro novo nem me formei. Maaas simplismente consegui acordar sem estar suada, acordei disposta e não estava um frio voraz no pé. Porque exatamente hoje o dia estava com um clima agradável. E nem precisa ser mestre em metereologia ou curtir ficar vendo a vida passar pela janela do apê pra notar isso. O tempo tava gostoso e era possível andar sem ter a sensação de estar no Saara ou no Alaska. Era visível o gosto na cara do motorista, dos peões da obra do metrô, senhorinhas que faziam compras na quitanda e crianças que saiam ou entravam na escola.

Vivo escutando gente dizendo: "Ai que dia feio, dia nublado, xiiii vai chover, o céu tá cinza" etc. do gênero. Mas aprendi com o tio da perua, quando tinha uns 8 anos mais ou menos, que é muito melhor trabalhar/estudar/acordar ou fazer X coisas com um tempo nublado do que um dia totalmente frio ou quente. Afinal adianta ver o sol raiar e fazer 37° na Av. Paulista, numa segunda-feira? Ou então cair aquela merda de garoa fininha na sexta? Ferra com o dia de qualquer um.

Foi entonces que a advogada do diabo decidiu escrever um texto especialmente para os dias nublados e gostosinhos, tão desvalorizados pela sociedade. Ó, ficou poética a última frase, hein! Ainda bem que vivemos(?) em um país com o clima tropical. Nada pior do que uma terra em que as estações quase não mudam. Ainda mais eu que sou chata e enjôo rápido das coisas. Tenho dó do pessoal que mora no Marrocos ou na Islândia. Apesar de todos os problemas que nossa terrinha enfrenta, o clima ainda nos favorece.

Ps: Nathália Rodrigues não quer ser a mulher do tempo, não se liga em graus Celsius, não acordou meio Ricardo Reis, mas comeu um pacote inteiro de Palhacitos pela manhã. ;)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O que será que será?


Será que os japoneses não cansam de estudar?
Será que o Faustão não sabe que ele interrompe as pessoas?
Será que o FT continua lecionando literatura?
Será que Manoel Carlos não enjoa das novelinhas Lebloncorcovadoviolão?
Será que Sandy nunca teve vontade de chutar o pau da barraca, tomar um porre, ficar sem pentear o cabelo?


E Amy Winehouse, será que nunca pensou em casar de véu e grinalda?
Será que Mulher Melancia realmente se acha uma celebridade?
Será que Santo Antônio nunca vai ouvir minhas preces?
Será que elas não sabem que é feio usar botas plataforma na praia?
Será que não vêem que deixar o bigode crescer é virar piada no fundão da classe?


E os evangélicos fervorosos? Será que não cansam de tentar evangelizar os alheios?
Será que a Luci acha que a aula dela é legal?
Será que os velhos suados que coçam o saco e chamam moçoilas de gostosas consegue pegar alguém?
Será que o Foca não acha ridículo ficar no fundo da câmera tentando aparecer de qualquer jeito?
Será que Preta Gil se acha realmente gostosa?
Será que Silvio Santos é feliz?
Será que tem mulher que não liga de ser corna?
O que será que passa na cabeça das pessoas que deixam um restinho de leite dentro da geladeira? Ou o resto da coca, ou o resto do suco? Será que elas fazem de propósito?


Será que o Didi assiste o próprio programa, hein?
Será que Ivete Sangalo não cansa de ser bonita?
E Elza Soares? Será que ela acha que tem uma puta voz?
Será que o caminhoneiro crê que algum dia eu vou aceitar uma carona?
Será que existe alguém que não sinta dor com deplilação na virilha?
Será que a minha vó aos 79 anos não cansa de se preocupar com o dinheiro dos outros?
Será que as santinhas lá da frente têm pegada?
Será que ele não cansa de ser idiota?
Será que o Bola do Pânico se acha engraçado?

Quanto mais escrevo, mais lembro dos serás. Lista interminável, Brasil!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Um ano de Cotidiano Cinza!


Há exatamente um ano decidi fazer um blog. Ter um espaço pra escrever sobre um dos assuntos que mais me agrada: São Paulo. Falar sobre a cidade, sobre as pessoas, o tempo, manias, chuvas, padarias e tudo mais que viesse na telha. A idéia surgiu porque eu não queria parar de escrever, e com as férias de final de ano, isso sempre acontecia. No começo achei a idéia bem nerd e tinha a sensação de que um mês depois eu abandonaria o blog, fato que aconteceu com outros que tive.

Mas dessa vez foi diferente. Peguei mania, fiquei meio viciada. Com o tempo idéias iam surgindo na minha cabeça, textos espalhados pela casa, palavras, frases feitas davam o tom. Fiquei com o hábito de escrever em caderninhos quase tudo que daria um texto. Uns ficaram lindos, outros me irritaram e ficaram pela metade, e outras características que uma quase jornalista possui. E aí, quando eu dei por mim, o blog já tinha sete meses. Também tenho mania de datas, dificilmente esqueço o dia de algum encontro, aniversário de amigos, reuniões etc. E hoje é aniversário do meu Cotidiano Cinza, CC para os íntimos.

Sem mais delongas, o maior desejo é que ele me acompanhe por muito mais tempo. Obrigada aos amigos leitores, obrigada às pessoas que odeiam isso aqui mas vivem lendo em silêncio, obrigada a quem tá lendo e simplismente tava fuçando na net e se interessou pela foto, obrigada aos que simpatizam com o nome do blog, obrigada aos fuçantes de orkut que leram o endereço no meu perfil. É isso ai. Vida que segue, palavras que vão surgir.

Parabéns pro blog e pra mim, que foi adiante sem dar muita bola para as opiniões alheias e não teve medo (mas teve vergonha) de exibir vários textos, sentimentos, euforia e quase uma necessidade de escrever escrever e escrever.

"Feliz aniversário envelheço na cidade", tem música melhor pra um post?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Te odeio São Paulo?

cena típica = lead batido


Dizem que amor e ódio andam juntos, juntinhos.


São Paulo me estressa quando me faz pegar uma fila de meia hora numa lotérica às 10h20 (um horário totalmente X).

Essa cidade me irrita quando bate recordes de congestionamentos no final do ano porque todo Brasil decide ir às compras ou fica passeando pela Paulista olhando cada papai noel que dá o ar de sua graça pela avenida.

Odeio a cidade que tem pavor de chuva e contraditoriamente tem apelido de cidade da garoa.
É cair um pingo pra tudo parar. Você vê que tá chovendo e pensa que às 0h00 vai chegar em casa.

São Paulo me tira do sério quando fica parecida com algumas cidades da Europa. É nome de de loja que não tem nada a vê, é hotel que chama Renaissance, é restaurante que copia uns pratos carésimos lá de um país minúsculo.

Vezes me bate uma xenofobia voraz. Mas ela é passageira. Tenho consciência de que só aqui é possível achar tanta mistura. Está no cerne da cidade.

Não gosto de ser paulista quando vejo o transporte público nesse estado indeplorável, as escolas num nível ridículo, não poder andar pelas ruas a noite, ver o Tietê nesse estado.

Me dá ódio saber que tivemos Martha Suplicy no comando da cidade, e esta por sua vez, teve a brilhante idéia de construir um corredor no cruzamento da Rebouças com a Faria Lima. Eu gostaria que a loira tivesse que passar uma semana pegando o JD. Maria Luiza lotado pra ver o que é bom pra tosse. Será que ela diria "Relaxa e goza" pra uma velha folgada que entra trombando em todo mundo segurando uma sacola?

Odeeeio as pessoinhas da Vila Olimpia que invadem a Madalena com aquele ar de superior, aquele salto fino e aquela fala mole irritante. Ainda a-do-ram dizer "Oi tô na Aspicueeeeeeeeelta" sem saber nem onde está.

Me irrita os jornalistas que fazem fala-povo na Paulista. Vem cá, só conhecem isso da cidade? Quero ver nego em outra avenida, outro bairro. Ficar só no paulista25demarçooscarfreire é muito fácil. Como se isso resumisse o que é São Paulo.

E pauta batida sobre SP também me dá nos nervos. É Mercadão, Paulista, Liberdade, Viaduto do Chá, Ibirapuera e cabou.

Prefiro morrer do que ir a um supermecado em 24 ou 30 de dezembro. Se paulistas adoram uma fila, nesses dias eles vão além.

Tudo isso aí faz ferver meu sangue. Mas sabe o que ganha?
Ouvir: "Caraca, aí, São Paulo é uma boxxxxxta!"
Cariocas folgados, limpem a boca pra falar dessa cidade!
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sem clima


O final do ano chegou, as aulas já acabaram, fala-se em compras de natal, viagem de ano novo e eu ainda não entrei no clima. Vejo a Paulista toda enfeitada, um cachorro lindo ao lado de um papai noel no shopping Iguatemi, a árvore lindona do Ibirapuera e nada me abala. Não sinto felicidade por estar chegando os grandes feriados (que sempre adorei), o ar também não chegou a ficar rarefeito nessa época do ano. Continuo vivendo naquele clima morno, nem totalmente frio e desinteressado, muito menos pegando fogo e tirando o pai da forca numa ansiedade desgraçada.

Tô indo na boa, vendo a vida passar, fazendo aquilo que ainda me agrada e também muitas coisas que não sinto a mínima vontade. Sabe quando tá tudo bom? Bom, satisfátorio, na média. Sem reclamações, sem a vontade louca de algo que remeta e me chacoalhe, nun entrei no clima. Vejo as repórteres andarem na 25 de março que a essa hora está bombando e não sinto o braço arrepiar. Faltam 28 dias pra virada do ano, champagnes, ondas, novas vibrações e sei lá porque esse clima todo vermelho e verde que toma conta da cidade ainda não me atingiu.


A vontade de comprar uma roupa nova pra usar no primeiro dia do ano tô empurrando com a barriga. Quem sabe use alguma blusinha diferente que esteja esquecida dentro do armário. Ouço minha vó falar da ceia do final de ano, que as uvas estão com preço bom no Extra, que o Peru esse ano vai ficar mais caro e que ela nem sabe se vai dar pra fazer um manjar dos deuses pro dia 31. Continuo mastigando meu arrozcomfeijão na maior calma possível, sem maiores animações, sem pensar se vou dormir na casa de uma tia X no dia do Natal. É, realmente eu não entrei no clima.


Todo ano fico empolgada, adoro montar árvore de natal, enrolo uma fita vermelha na Lóris, dou um jeito de comprar lembrançinhas e ver meus amigos antes da virada do ano. Tô sussa, tô na malemolência, tô sem clima. Talvez esteja mais preocupada com questões mais sérias (?), em tirar a carteira de motorista, em fazer a PLA de jornal econômico, perder uns dois quilos até fevereiro, e estar chateada pelo povo lá de Santa Catarina. O Natal é uma ilusão. Fala-se em espírito natalino, em fraternidade, em bons velhinhos e a realidade é tão outra. Por vezes amarga, distante do gosto de chocotonne. Quem sabe lá pro fim do mês eu empolgue. Por enquanto, o máximo que posso dizer é: o Natal está chegando, idaí?