domingo, 25 de janeiro de 2009

Parabéns para a cinzentinha!


Sou moradora da cidade mais legal do mundo. Aqui as pessoas andam correndo mas são bastante prestativas. As mulheres têm um jeito diferente de seduzir os homens. Conversam sobre quase todos os assuntos e como vivem trabalhando, substituem os biquinis e tops das cidades praianas pelas calças jeans e sandálias rasteiras. Parece que todo mundo sempre tá indo para o mesmo lugar que você. As filas são nossas parceiras no rolê, os ônibus lotados, apenas mais uma característica da cidade, São Paulo da correria.

Somos da São Paulo do asfalto, do cheiro de gasolina, das construções e furadeiras, poluições sonoras. Chamam-na de feia, mas a minha cidade não é igual a qualquer uma que surpreende apenas por possuir um mar azul. Pra ver beleza aqui é preciso reparar em detalhes, sutilezas corriqueiras que não se destacam rapidamente. São Paulo sublime. Sampa pode ser gostosa como uma brisa leve, e intrigante como um furacão que passa e leva tudo.

Nada é igual por aqui, a começar pelo tema que qualquer paulistano ou turista adora falar: trânsito. Todo dia um trânsito caixinha de surpresas. Quando tá bom o pessoal reclama porque "não dá pra entender essa cidade". Quando tá tudo parado eles reclamam porque "já sabiam que ia estar assim". São Paulo das reclamações. Paulistanos reclamões de carteirinha. Falam, falam da inveja de quem mora em alguma cidade mais pacata, mas daqui não arredam o pé.

Todo dia vários climas estranhos. Tá nublado, chuviscando, nascendo sol e trovejando tudo ao mesmo tempo. Nem na metereologia São Paulo tem paciência, São Paulo do desespero. Na minha cidade as pessoas saem do trabalho e adoram sentar no boteco mais próximo pra tomar uma cerveja e jogar conversa fora. Elas invadem as calçadas e se acomodam. Onde de dia era uma via de circulação, de noite é lugar de descanço e distração. São Paulo dos Happys Hours.

A cidade onde eu moro é vista como boa oportunidade de trabalho. Por isso tem muito migrante aqui. Eles chegam, se acomodam, e apesar do sofrimento que a maioria enfrenta, dizem que preferem a vida aqui. São Paulo prestativa.

E por falar em migrante, o que nós também temos por aqui são os povos vindos de fora. É a mistura de italianos, árabes, japoneses, espanhóis. Cada um com seus costumes, gírias e manias. São Paulo da miscigenação. Apesar de viver todo mundo junto, nos acostumamos com a multidão. Mas a multidão solitária que não dá margem para muito contato com desconhecidos. Nas artérias da metrópole, cruzamos com pessoas o tempo todo e não conhecemos ninguém. São Paulo do individualismo.

São Paulo da correria, Sampa intimista, Terra da Garoa reclamona, São Paulo do desespero, dos happy hours, empregos, solidão. Alguns componentes de uma lista que nunca terminará e que definem a minha cidade, a minha São Paulo quatrocentona e cinza, São Paulo meu amor.

Parabéns pelos 455 anos!

2 comentários:

Anônimo disse...

Quantos anos memo??

Mayra Raizi disse...

já diria Caetano..."és o avesso do avesso do avesso do avesso"