terça-feira, 17 de abril de 2018

De outros outonos

O outono me faz lembrar do vento gelado que batia na Metodista às 07h30 da madrugada já dentro da sala de aula naquela lonjura do Rudge. Minha grande preocupação há 10 anos atrás era aprender a escrever direito, manjar de laudas e reportagens, falar mal dos outros com o Guilherme e a Nath, e descolar um estágio remunerado que me pagasse mais do que R$ 400,00. Pro ansioso todas as fases doem e não adiantava me dizer que as coisas iam dar certo, eu sofria e nem poderia imaginar os belos rojões que vinham pela vida à frente. Com 21 anos a gente sabe o que dessa vida? Eu achava que sabia muito...

A gente tomava café e chocolate quente quando o frio chegava de vez, o ar gelado do ABC não perdoava. Tudo isso rolava na cantina do Delta, ou a cantina de humanas habitada pelas melhores tchurmas de Jornal, PP e RP, que já naquela época a gente não tinha dinheiro ou saco pra ir comer com a parte coxa da faculdade (eu já tão comunistinha. tão briguentinha. tão fora do padrãozíneo). Era pão de queijo barato e o café pequeno custava R$ 0,50 cents o grande 1,00. Isso sim que era vida!

Depois a gente pegava carona com o Eduardo e com o passar dos anos o Gui finalmente botou o celtinha pra rodar e me deixava todo santo dia na Paulista.

Pqp que saudade!

Agora escrevo esse texto com a tão sonhada experiência que naquela época me assombrava, aprendi não só a escrever, mas a fazer reportagem etc e tal, até release nóis faz agora. Adiantou sofrer, querida? Adiantou perder noites de sono por conta dos trabalhos, pelas notas (um pouco) baixas, pelas imensas vagas de estágio que não foram retornadas?

Naquela época minha preocupação era deixar o cabelo o mais liso que eu conseguisse, acordar 05h30 era um pesadelo, sonho era conseguir ir pro Juca com o rolê já quitado #ata. Nos meus tempos de Virgula eu recebia R$ 380,00, trabalhava dois finais de semana por mês, ia pro Remelexo de ônibus, tomava jurupinga, catuaba e canelinha.

O outono me faz lembrar também que esse ventinho gelado é corriqueiro numa outra cidadezinha que eu jamais imaginaria que conheceria, caso alguém me entrevistasse em 2008 indagando sobre os meus sonhos para o futuro. As curvas da vida, o inesperado, a oportunidade, a coragem, a vontade que dá (e sempre deu) pra me jogar.


2 years ago.


Outono é memória boa e saudade.




Nenhum comentário: