Cheguei em Amsterdam aos prantos por sei lá qual motivo. aos prantos mesmo, nem era raiva, era tristeza. Depois de quase morrer de infarto e quase perder o avião, na saída do aeroporto, novata, sem entender nada, eu só queria chorar (ai meus peixes). Fui alertada: Brasilzinha, vem aqui, cê sabe onde vc tá, meu bem? não, eu não sabia.
choro chorado, baile seguido.
Amsterdam é filme, é cenário, é clichê, é vida bela, é de uma lindeza tão grande, mas tão grande que a gente se pergunta um milhão de vezes como é que deve ser morar ali naquele paraíso. deus do céu, quanta beleza, quanta leveza (pelo menos pra quem é turista). cada esquina é um fotão mesmo que você não seja fotógrafo.
Cervejas, queijos and smokes à parte, ver a vida passar em Amsterdam é, por si só, um grande passeio. Os barquinhos pelos canais, o vento batendo nas folhas, no rosto rosado de quem é fruto daquela terra, o país de Anny Frank, que foi devastado e conseguiu se erguer novamente sem deixar para trás suas marcas.
E o trenzinho azul que vagueia pelo centro? A louca dos trens ficou fascinada.
Foi com muito medo que meti a cara na bike e passei a enxergar uma nova cidade sob rodas. À noite o charme fica ainda mais especial e o Rijksmuseum ganha uma iluminação tão foda que ali eu tive certeza de que estava numa cena de filme. As ruazinhas, aqueles prédios com janelões, outros com escadinhas pros apês que mais parecem porões, cada quarteirão a imaginação voava criando uma história de um personagem que ali vivia.
Os ingleses são bonitos, mas você já botou reparo num deutch? Receba.
Altos, magros, olhões azuis, boinas e cerveja sempre nas mãos, que ninguém tava ali de brincadeira.
Durante os dias em que estive lá estava rolando algum torneio de futebol e a cidade também respirava os ares do mundo da bola. As torcidas gritavam e os turistas acompanhavam tudo pelos telões dos bares.
Como todas as mini-férias, a viagem logo acabou e a cidade me deixou com gosto de quero mais, e eu tive ainda mais certeza de que meu lance é observar o povo e seus costumes, sentada, bebendo café ou cerveja, bloco de notas a postos, sentindo como é viver ali.
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Meus parceiros de viagem sempre foram ótimos e sem frescura. Economiza daqui pra gastar ali, andar sem medo de ganhar as ruas, botar a energia pra jogo, dormir pouco e viver muito, é assim que parceiro de viagem tem que ser. A viagem tem muito de quem viaja conosco, não é mesmo?
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Quer uma sensação mucho loca?
Voltar de viagem pra uma outra viagem, pra onde era minha casa, at my new country. Casa é sempre casa e voltar para a pequena Pboro foi um abraço confortável. A Marília inglesa onde tudo é sempre igual e nada muda, rumei pro ASDA que era necessário comprar comida para a semana.
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Mini infarto 2: Na volta, o agente british do aeroporto fez 500 perguntas, num inglês caipira e nasalado. folgado, perguntou se eu tinha dinheiro pra ficar viajando aquele tempo todo. No que eu respondi que sim, sim, com licença vamo logo com isso. Minha cara de pau é grande e já me salvou várias vezes. Cara de pau em outro idioma: haja.