Calça jeans com havaianas, cabelos enrolados na cara, cerveja de buteco, galeras andando a pé, banquinho e violão dando o tom.
Sorriso no rosto, supermecado bombando de gente que faz "esquenta" antes de qualquer rolê. Gente esquisita mas com estilo. Aquele tem um golden retriver, o outro uma tattoo com um tribal atrás da orelha. "O dia em que a terra parou", gritam a letra de Raul. Onde é possível encontrar TUDO isso e um pouco mais? Na simpática Vila Madalena, cheia de ginga descolada.
Bairro tradicional da zona oeste paulista, é lá que o samba ferve durante a tarde, acompanhado de uma bela feijoada e chopp gelado. Há também os universitários que literalmente alugam a quadra de uma escola pública pra dançar maracatu. Isso de tarde.
Porque a noite a vila dá lugar para quem curte um programa mais sussa e não tá afim de gastar muito dinheiro. O pessoal que anda por lá é desencanado mas estiloso, tem algo na cabeça e adora Elis, Tom, Chico, Paralamas, Titãs, Djavan, Caetano, Gilberto, Zeca Baleiro.
Até parece anos 70. Lugares pequenos abarrotados de gente cantando, felizes que se esquecem da correria da metrópole. Vila Madalena tem cheiro de dama da noite. A pé cruzo a Teodoro com a Morato e vou subindo rumo Wizard, Aspicuelta, Harmonia, Girassol. Até os nomes das ruas são diferentes, repare.
Casas e prédios antigos daqueles que o salão de festa tem uma listinha vermelha no meio da porta de vidro contrastam com os novos edíficios imponentes e suas varandinhas aconchegantes. Vila Madalena dos ateliês, roupas de pano e feirinhas cool. Vila Madalena que canta Jorge Ben e toma pinguinha de fruta. Bares que cobram 2,00 ou 5,00 a entrada.
Jovens que preferem música boa, curtir os amigos e se distanciar da elite oca que habita a Vila Olímpia. Sabe aquele pessoal que se mata na academia e gasta dinheiro no shop pra poder se exibir na "night"?. Jovens que não estão preocupados com o carro do ano e nem afim de pagar 15, 20 só para pisar no metro quadrado famosinho da zona sul. Elas podem começar com o mesmo nome mas se diferem em gênero, número e grau (Graças a Deus).
São por esses motivos que pretendo morar nesse bairro, não apenas por ser um bairro da moda mas que possui fatores sublimes que o torna tão individual. Espero ( e muito!) que os engenheiros e imobiliárias não consigam transformar a vila em mais um bairro chiquesinho. Assim como o cheiro suave que o bairro tem, a Vila Madah tem que continuar desse jeito, sussa e na dela.