segunda-feira, 4 de março de 2019

Antes que eu me esqueça

Se nem a Inglaterra, que é a Inglaterra, me conquistou de bate pronto, por que com você seria diferente, hein? Quem muda de país achando que vai viver conto de fadas é adolescente, adulto tem os pés bem fincados no chão. Eu cheguei sabendo direitinho o que me esperava aqui.

Já lavei roupa na banheira, esfreguei bem, deixei três dias secando.
Já lavei louça na água gelada, afinal, cruzar com fila da puta no caminho nunca está descartado.
Já voltei bêbada pela rua cantando e sentindo a liberdade invadir cada canto do meu corpo, e acho aliás, que esses foram os meus melhores momentos aqui. Andar sozinha pela rua, num frio lascado, batendo a bota no chão e procurando as luvas, pedindo lanche em inglês com o vocabulário me faltando ou saindo perfeitamente, aaaaaaaaahhhhhh, são nessas horaas que tenho vontade de gritar!

Porém, ai, porém, o preconceito com brasileiro, a xenofobia, a distância de tudo, a dificuldade em cada conquista, todas as burocracias, a leviandade do próprio brasileiro com quem acabou de chegar.
Isso é uma verdadeira bosta. Mas eu cheguei preparada. E também cruzei com muita gente de bem

Peterborough levou 3 meses até que eu pudesse enfim lhe abraçá-la.
É quase impossível não comparar esses dois lugares e eu tenho feito muita força pra me voltar cada vez mais para o aqui e agora, mas é árduo.

A adaptação nunca é fácil, e eu com esse jeitão impaciente.
O que me salva é saber que o governo do burro tá afundando cada dia mais o brasa (infelizmente), e que eu passei os últimos 4 anos da minha vida procurando emprego pra fazer follow up que é a coisa mais detestável da minha querida profissão, é por isso que vou dar esse tempo aqui.

Vou bater de frente com nanás, com o preconceito, com qualquer merda que me vier pela frente, vou conquistar meu espaço e escrever minha história com uma letra bem demarcada e bem forte, que é como sempre escrevi todas as minhas páginas.


(e FODA-SE O BOLSONARO)

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