segunda-feira, 13 de abril de 2020

Unforgettable




Eu não gosto de Natal.
Na verdade, eu não gosto de nenhum feriado santo, acho uma falsidade sem tamanho, odeio rolê familiar, parentada etc, e sempre que posso, fujo desses rituais bizarros.

Era quase Natal e eu estava em Dublin morando com uma família chata, sem paciência pra fazer ceia com gente nada ver e ai tive uma ideia maravilhosa de fugir pra algum canto e aproveitar o máximo possível fingindo que não era natal coisa nenhuma. Parti sozinha pra Amsterdam. Que golaaaaço!

Ganhar as ruas de uma cidade sozinha, com liberdade e independencia financeira é um sentimento tão sensacional que eu desejo que todo mundo possa fazer isso ao menos uma vez na vida.



Amsterdam estava ainda mais linda, completamente enfeitada e coberta por luzes e enfeites natalinos. Era quase um filme de Natal do Telecine com direito a pista de gelo, ventania com folhas caindo das árvores, torta tradicional de maçã com chantilly, laricas da madrugada no Febo, fanfarra com músicas de Natalinas, milhares de cervejas e otras cositas más.

Roteiro lado B em ação: Fui atrás da primeira casa da Anne Frank (antes do ataque Nazi), peguei um tram e sai da área central da cidade, foi maravilhoso. Era uma parte da cidade que fugia totalmente da arquitetura dos canais. Foi quando ví que DAM é grande pra caramba. Essa casa ficava num bairro meio distante cheia de predinhos e em frente uma estátua dela decorava uma pracinha.

Aqui na Europa a galera celebra o almoço do dia 25 e na noite do dia 24 é vida normal, pois bem: Tomei banho e fui andar pelo bairro Jordaan, o bairro mais hype da cidade e onde está situado o Museu de Anne Frank (lindo e bem triste). Tuca havia dado a letra de ir atrás da bendita torta de maçã. Chegando lá, peguei o doce e fiquei sentada numa mesinha na parte de fora quando ouvi um coral cantarolando as musiquinhas da igreja. Eu não curto a data, mas até que curti o som.

Depois fui descendo as ruas sem rumo nenhum tentando chegar num bar. É claro que eu me perdi e sem querer dei de cara com uma mega fanfarra, essa parte foi linda demais! Tinha criança, idosos, famílias, turistada toda tirando foto, gente jogando moeda no chapéu e todo mundo batendo palmas.
Quando o musical acabou eu sentei pra tomar uma cerveja feliz por ter realizado mais essa viagem e por ter ressignificado uma data que sempre me deixou tão pra baixo. Ai Amsterdam, como posso te agradecer?

O horário da meia noite se aproximava e eu comecei a escutar os sinos das igrejas badalando "Noite Feliz", então sentei numa calçada de frente pra um canal desconhecido e fiquei ouvindo e observando a vida, o povo e seus costumes naquela cidade fantástica e eu já semi bêbada e feliz, quem diria, não é mesmo?

Num outro dia me enfiei num walktour muito massa, o guia, um espanhol (gatíssimo) foi contado a história da cidade através de pontos turísticos que até então eu nem tinha reparado. Além disso, o fato de poder pedir uma cerveja em qualquer canto e poder conversar com qualquer pessoa é sensacional e faz todas as dificuldades valerem a pena. Detalhe pros vários Irishs que encontrei por lá e eles sempre muito cordiais e também muito lisonjeados por cruzar com uma brasileira moradora da Dublinia que também é deles.

Foi um presente de Natal importante e simbólico.

Quando a viagem foi acabando deu uma tristezinha dessas de quando a gente não quer ir embora, ou quer ir embora já pensando em quando vai poder voltar.

Como diz a letra: You are unforgettable!



                                                       Ams, maravilhosamente, Ams. 

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