segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Apertou, fodeu

Acordei com uma saudade profunda do Brasil, uma saudade voraz, uma saudade que se eu pudesse me faria ir à pé para São Paulo direto pro Butantã ver meus amigos e minha família. Depois eu iria pra uma roda de samba usando vestido e rasteirinha, depois iria pro forró dançar muito e cantar todas as letras que sei e ia beber sentada na calçada vendo o povo e seus costumes na babilônia.

A ressaca esmaga a minha cabeça, mas a vida sempre chama, então mesmo com toda a minha saudade e o meu plano de como aplacá-la, tive que levantar e ir dar conta de tudo o que eu precisava fazer. Quem diria que segunda-feira se tornaria um dia tão favorito? segunda de manhã na paz da casa vazia e sem voz, sem relógio, sem nada, só eu no silencio fazendo tudo com calma. É claro que minha consciência nerd me cutuca pq perdi aula, mas descansar é muito necessário.

Esse looping sem um dia de descanso me mata, é a ansiedade capitalista dos que precisam trabalhar e juntar grana pra dar conta de tudo. Nunca é vivendo o agora, é sempre projetando o futuro e calculando na ponta do lápis quanto falta, e falta pra caralho.

Ai depois de 6h30 de um trabalho cansativo, depois de lavar sei lá quantos pratos e servir pizzas e baguetes, depois de limpar cada pedaço daquela cozinha que nem é grande, a cara engordurada e a roupa cheirando à comida, eu penso que mereço tomar quantos Gins eu quiser, mas a consciência pesa porque o dinheiro vai sair do meu próprio cofrinho. Ou é isso ou é mais um final de semana sem nenhum lazer e a solidão na garganta.

Dureza.

Que bosta, penso.

A fantasia sempre vem carregada por um romantismo mentiroso. Faço força pra me lembrar de quão odioso é depender do Shopping Continental/8509 e ter que fazer follow up pra me sustentar.
Sem romance, viver em SP é também um grande teste de sobrevivência.

Ainda se eu tivesse a maturidade que tenho hoje e a consciência de agora lá em 2009, quanta coisa poderia ser diferente? Mas é pra frente que se anda e eu preciso me arriscar ainda mais e sair ainda mais da minha zona de conforto (???)

Sempre pesando tudo, avaliando, ponderando, é tanto gerúndio que me canso até de escrever.

Ai no meio desse bolo todo, com tudo isso na minha cabeça, vem o macho do alto de seu ego enorme me dizer que eu sou muito bonita pra dançar sozinha.

Vai tomar no cu, meu anjo. Sai pra lá.

Sinto falta de um parceiro, mas é tanto homi idiota que eu sei lá.

Volto pros meus amigos, os de Dublin e os do Brasil, minhas amigas tão maravilhosas que me dão uma força gigantesca, sigo cozinhando minhas receitas mirabolantes e inventando planos pra aplacar a solidão.

Quais marcas a nova nathália traz da Irlanda? como é que as pessoas vão me perceber agora? Qual é o meu lugar no mundo? Onde é minha casa?


Ninguém é capaz de imaginar o que se passa quando a gente decide imigrar.

Eu me banco demais, e eu não posso me esquecer da trajetória que foi até chegar aqui.
escrevendo pra poder me ler até entrar isso nesse cabeção.


Que loucura

















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