domingo, 17 de maio de 2015

Saudade e outros tons


Coloquei os discos pra tocar na ânsia de diminuir a saudade e acalmar meu coração inquieto. Que é uma forma de sentir você perto mesmo não estando. 

Fiquei olhando a vitrola linda e vermelha que ganhei de aniversário, viajei, lembrei dos forrós no quarto, das tardes quentes de verão. Nara cantava Opinião, pausei e coloquei Gil, ainda não tava do jeito que eu queria e mandei Chico. A saudade é uma coisa mucho loca mesmo. Vou engolindo o calendário, quero pular os dias e acordar só no dia que você bater no portão e dizer: Braza, cheguei! 

Quem foi que escreveu essa cena, essa sequência mista de cenas lindas e tristes ao mesmo tempo? Isso não tava no meu roteiro. A saudade é foda, é a forma de perceber que o sentimento existe mesmo a quilômetros de distância. Acho bonito, desconhecia essa maneira de gostar.

E se de um lado eu choro de outro eu gargalho, meu lado bom reforça a ideia de que "tá tudo bem, porque a vida é assim mesmo e o importante é viver tudo isso". É, tá tudo bem. 

O disco acabou, sobrou o silêncio no quarto. Levantei e coloquei um mais animado pra tocar, do jeito que você me ensinou. "O som não pode parar, Braza." 


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