Sexta-feira 23 de novembro de 2012. São 09h30, 28°C na avenida Corifeu de Azevedo Marques, região do Butantã, zona oeste de São Paulo. Tudo corria bem dentro do Ford K vermelho, sexta de sol nada podia dar errado. Corta.
Um calor do caralho, um trânsito caótico. Bombeiros, resgates, ambulâncias, muitos carros, vários. E eu me pergunto pra quê tudo isso. Houveram mortos? Em momentos de ódio e impaciência meu altruísmo vai pelo ralo. E continuo me perguntando pra quê.
Pra quê todo santo dia pegar esse trânsito e morar nessa cidade infernal que esmaga sentimentos e colhe capitalismo, além de ter cheiro de asfalto queimado. São Paulo ultimamente anda bem fedida.
Pra quê ter que entrar num ônibus, qualquer ônibus, lotado de gente mal educada e acéfala que não pensa e nem raciocina, quer apenas passar seu bilhete único e se amontoar no fundo do coletivo. (Da linha Amarela não vou nem falar, é muito desgosto).
Pra quê retornar pra um cubículo chamado casa e ter que aguentar os problemas de outras pessoas, aturar a bagunça delas, o cheiro de cigarro em todos os cômodos, os gritos, dividir banheiro, ouvir volume de programas idiotas e a mesma ladainha neurótica de gente que não sabe (e não quer) ser feliz.
Pra quê cinco dias por semanas exercer a mesma função, no mesmo lugar, pra no final do mês receber uma quantia que vai pra outros lugares girando a merda do ciclo da economia.
Pra quê aguentar bronquinhas de gente sem importância que me tolhem ao máximo inflando o próprio ego, pensando no próprio umbigo com um objetivo único de não deixar ser quem eu sou.
Não vejo um sentido lógico.
Vejo pelo contrário, um desgaste, uma vidinha besta, quase igual da Macabéa.
Talvez falte gana e coragem pra por em prática algo que ainda não sei o que é, mas que com certeza faz mais feliz do que isso que descrevi acima. Quero que dinheiro, e esse padrão de vida "certinha" se exploda. Sou eu quem tenho que controlar o meu caminho. E cortar aquilo que não me serve mais.
Pra quê sentir amor, raiva, carinho, ciúme, se nada nem ninguém nos pertencem?
É tudo muito besta, não faz o menor sentido.
E mesmo assim, é latente na cabeça o questionamento de pra quês nessa experiência na terra.
Pra quê carro zero, um milhão de peças novas de roupas, beleza, vida social super ativa, contatos, glamour, restaurantes, casas, imóveis, contas pagas, pra quê tanto desperdício de energia e palavras ao vento sem nenhum significado. Vejo nego se matando de um lado, do outro pessoas com um mínimo de dignidade pra poder sobreviver, pra quê?
Em janeiro tive esse mesmo questionamento, e óbvio não achei respostas. Foi-se quase um ano e novamente nesse caos calorento me pego perguntando pra quê tudo isso se nada nessa zica faz sentido e a única certeza é caixão, terra e cemitério.
Canso se pensar.
(e não acho um sentido).
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
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