quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Doce Amor

Quem me conhece sabe que nunca fui fã de criança. Faltava paciência, jogo de cintura,  maturidade, além de tristezas vivenciadas no passado, que me bloqueavam para entender o quão sensacional pode ser a experiência junto delas. Já tinha tido alguns capítulos com algumas (poucas) bem especiais e que me marcaram muito, mas tirando isso, no geral, era criança lá e eu aqui. Benjamín me chamou a atenção naquele fim de tarde no ponto de ônibus pela simplicidade com que recebia uma bolacha de uma desconhecida. Sem deslumbre, apenas agradecido, quieto, comendo e grudado no pai. E por capricho do destino, entre tantos ônibus, ele embarcou justo no meu, sentou justo na lateral do banco em que eu estava sentada. Nem dei bola. Percebi que ele segurava alguns carrinhos nas mãos. Eu como sempre, estressada e mal humorada como sou na maioria das vezes em que estou num coletivo, apenas pensava na merda que ia dar se ele ousasse lançar um carrinho na minha direção.

Mas isso não aconteceu. O tito (Vinagrito), espécie de ursinho e talismã o qual ele não vive e muito menos dorme sem, caiu no chão e eu peguei.  Foi então que olhei pro rostinho dele e tudo mudou. Mudou porque ele é lindo, dono de cachos loiros e um sorriso largo. Mudou porque ele tem os dentes mais lindos e tortos do mundo e chupa dedo com toda a doçura que uma criança de dois anos e sete meses pode ter. Simples assim. Eu me entreguei e segui brincando. Morri quando soube que o nome dele é foda e diferente de todos os comuns. E finalmente mudou porque naquele  rápido instante eu entendi perfeitamente que ele era uma criança muito especial. A gente sente na hora, não dá pra fugir.

Agora me pego com saudade quando fico alguns dias sem vê-lo. Fico encantada e boba toda vez que ele fala algo inesperado e diferente. Acordo muito cedo e sempre muito feliz (inédito) para brincar com o carro do bombelo, cantar musiquinhas, e claro, dar muitos cheirinhos e bejinhos e carinhos sem ter fim. É sempre uma festa! Seja na praça, no sofá, na rua, no metrô, ao vê-lo dormindo, sair correndo do trabalho pra poder dar um beijo antes dele dormir, dar água, suco ou letche, dividir um pão ou manga ou feijão, dar uma voltinha de carro e ouvir 300x "não quelo" -  num tem nem 3 anos e já tem personalidade forte pra caralho!


Olá meu nome é Nathália e agora ando por aí pesquisando passeios para crianças e querendo comprar todas as balas, chocolates e doces do mundo inteiro, obrigada.

Hoje literalmente consigo entender e principalmente sentir o que tantas pessoas diziam sobre o fascínio que uma criança (na maioria das vezes um filho) pode trazer para suas vidas. Benja não é da minha família, não é filho de amigos, não é meu filho, não mora no meu prédio, e é mais especial do que se fosse tudo isso. Me pegou, me quebrou, jogou meu coração malvado de pedra e contra criancinhas no chão e tudo isso apenas sorrindo. Agora enxergo as crianças com outros olhos, claro que nem tudo é fácil, é um trampo e dá uma canseira danada lidar com elas. Mas receber em troca um amor puro, ter outras experiências, frases, sonhos, um outro mundo em que a única preocupação é apenas qual será a próxima brincadeira, e os problemas são a hora de dormir e a hora do banho, é sem dúvida, sensacional.


Que bom poder viver tudo isso
Que bom não controlar a vida e ser surpreendida 
Que bom experimentar novas sensações
Que bom sentir a simplicidade e maluquice da infâcia

Que bom ter você na minha vida, Benjamín.


2 comentários:

Dmis disse...

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Dmis disse...

e não é que o tempo passa, amor!