Pouco antes de Dublin entrar em quarentena eu havia chegado das férias no Brasil. Precisamente uma semana e meia depois. Cheguei com muitos planos e estava pronta pra começar a trabalhar com novas crianças. Havia me livrado de uma adolescente muito chata e agora seria um casal, configuração que até então eu não tinha encontrado por aqui. Já na entrevista a gente se deu super bem.
Jack, pisciano, torcedor do Liverpool, fã de Super Nintendo (preciso dizer mais?), e Ava, sonhadora, leitora assídua a louca do Harry Potter e Star Wars. Pirei! Curtimos muito pouco antes da pandemia começar e quando a vida foi mudando, nós também mudamos aos poucos. No começo brincávamos com uma certa distância e os abraços, tranças e lutinhas ficaram de lado. Depois eu só podia levá-los ao parque e nem na casa entrava mais, tudo por uma questão de precaução até porque Jack sofre de asma e o perigo era muito maior.
O confimanento então foi decretado. Vale dizer que os pais deles são muito legais e sempre foram cuidadosos comigo. Conversei com a mãe no começo de tudo, a situação toda foi bem estranha no mas como não tinha alternativa fomos nos adaptando. Muitas babás perderam os empregos, e eu também fiquei com receio de ficar desempregada.
Conversamos mais vezes e combinamos que eu faria atividades via internet 3x por semana por duas horas. Entreter uma criança ao vivo ja é uma dureza, imagine entreter à distância!
Botei as ideias no papel, sai pesquisando coisa, pergutando pros amigos, rascunhei algumas atividades, mas com a experiência que eu já tinha, sabia que na hora H muita coisa ia mudar. A minha sorte é que esses dois são realmente especiais e mesmo nos momentos de pouca energia, mesmice ou tédio a gente sempre conseguiu dar um jeito de arrancar umas risadas.
Eu os ensinei a jogar "Stop", fizemos atividade com colagem de flores e plantas, jogo da memória com objetos da sala e até histórinha da segunda guerra mundial rolou (excêntricos, não?)
Eles nem sabem, mas me ajudam tanto, me revigoram e essa troca é tão boa que eu nem sei.
Mesmo com a grana estando curta, com toda a bad que essa situação traz, mesmo assim e sem querer romantizar a pandemia, a vida vai se ajeitando e eu tenho muito orgulho desse trabalho que tenho desenvolvido.
Agora uma fofoquinha besta: Preparar as atividades, pesquisar, inventar brincadeiras, ensinar palavras em português e curiosidades do Brasil é muito prazeroso!!
2 comentários:
Teacher Catarina, tell me about Burunda's story
HAahhaha well, Burunda is Jorja’s friend! Jorja is a great old lady from SP and she loves eat coxinha!
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