Teresa, a matriarca da família Irish com quem moro atualmente é produtora da RTE (principal TV da Irlanda), tem 43 anos, é controladora, brava, mas muito justa. É mãezona de duas adolescentes chatas e tem uma paciência que me deixa intrigada. O pai das meninas mora nos EUA então a parada toda é com ela: levar ao médico, comprar roupas, comida, levar ao dentista, levar pra escola, buscar na casa de amigos, preparar a festa de aniversário, ouvir as irritações e choramingos de duas meninas com diferentes questões.
Todo santo dia Teresa acorda às 06h30, prepara o café, prepara o lanche das filhas e senta pra ler as notícias do jornal no celular enquanto ouve também as notícias do rádio. (Olar).
E eu só de olho.
Combinamos que às quartas eu fico cuidando das meninas e ela fica livre pra ir encontrar Mike, seu namorado. E todas as vezes antes de encontrá-lo Teresa fica ansiosa e animada, e ai se arruma, passa perfume e ajeita o cabelo, às vezes troca o sapato ou a camisa. Eu consigo sentir a ansiedade e alegria de quem está há poucos passos de encontrar a pessoa de quem se gosta, de poder beijar e abraçar, e tomar vinho e conversar sem medo e em paz sabendo que as filhas estão bem. Ela sempre fica assim e eu sempre sinto essa invejinha besta de quem não tem namorado, mas mais do que isso, a falta de sentir a sensação prazerosa que é a de se arrumar pra encontrar o namorado. Escolher a roupa, passar perfume, ajeitar o cabelo e chegar lacrando, ou chegar só confortável também. Isso é totalmente diferente da sensação de se arrumar pra uma festa ou pra um date, por exemplo, quando a gente tá indo encontrar a pessoa que a gente tá envolvida a parada é diferente, é muito melhor.
É muito bom poder conviver com uma família saudável emocionalmente falando. Nessa casa ninguém tem depressão então eu vejo como é repetitiva, necessária e árdua o papel da mãe, e das filhas, de fora consigo observar a configuração familiar. Todo dia eu limpo a cozinha, todo dia tem que cozinhar, lavar roupa, cuidar do cachorro, organizar o quarto, é uma parada muito cansativa, mas também tão boa e organizada, passa muita coisa pela minha cabeça. O papel da mulher saca? Jornada tripla, quádrupla, foda pra caramba.
Teresa faz terapia, as meninas também. Eu acho o máximo, pq às vezes rola alguma coisa que eu percebi (e claro, fiquei quieta), dai ela me diz que o terapeuta sinalizou a mesma coisa. (aiaiai 08 de terapia, alguma coisa eu ia aprender).
Como au pair tenho meus momentos de frustração, mas nada paga o prazer de viver e dormir na santa paz do meu quarto. Sei que não quero mais trabalhar com adolescente pq meu negócio é criança mermo. A gente tenta, erra e segue o baile, né?
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I'd like just to remind me what the guy last week told me: "You are so positive" and I don't think so, but could heard this from other one is so good for me! Maybe I've changed my mind? Is it Dublin fault?
I don't know. I'm so tired and I can't keep this ritme any more. For this reason sometimes I wonder if I came back for my last mood or if is a new one. Anyway, was really good. The perspective from strange sometimes its a surprise.
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
domingo, 17 de novembro de 2019
Questões dominicais
Domingo e todos os seus porquês, amanheceu um lindo domingo de inverno, em Dublin agora temos 03 graus, o céu coberto por um azul cintilante e eu na casa de uma amiga que surgiu do nada na minha vida. São 09 meses aqui, a vida chama, o corpo pede descanso e a saudade lateja e bate cada vez mais forte igual uma zabumba.
Qq eu tô fazendo aqui se eu deveria estar em São Paulo com a minha irmã dançando forró e vendo o meu gato tocar?
A falta que tudo isso me faz nem eu sei dizer, vou aprendendo a cada dia e é uma mistura de tanta coisa. Saudade, vontade, querer, carência, frio, solidão, vibes, trabalhos.
Preciso mudar de casa, arranjar um novo rumo na Dublinia que se torna cada vez mais fria e mais acolhedora (?).
Preciso estudar muuuuuito, o curso de business não dá trégua. E os caminhos se abrindo.
Aqui a gente não tem um minuto de descanso, sempre pensando no visto, no dinheiro, nas viagens, no Brasil, a situação toda envolvendo o continente, a América Latina de cabeça pra baixo.
O futuro totalmente incerto sem controle nenhum dá medo, mas também é tão envolvente e curioso.
Nisso pipoca um storie das meninas lá no Rio Verde, o baile pegando fogo e eu discutindo política com um argentino que brotou do meu lado.
A Charanga do França tocando no Rio, começaram na Cinelândia, passaram pelo Realengo e depois foram pra região dos portos no centrao velho do Rio de Janeiro. O quanto eu queria estar lá???
Mas também o quanto eu quis estar aqui??
Na sexta fui tomar uma cerveja com um amigo Irish que me fez muitas perguntas e cheguei a conclusão de que eu nunca mais serei a mesma depois disso tudo aqui.
A gente vem pra estudar inglês e acaba estudando a si mesmo num autoconhecimento voraaaaaaaz.
Bom mas o inglês está ficando cada vez mais perfeito e isso é lindo demais.
Eu preciso ir trabalhar e ao mesmo tempo eu preciso viver e curtir a vida. Que loucura e que escravidão é o sistema capitalista.
Quanto mais eu penso, mais confusa eu fico.
Já ouvi " O pilão bateu" 30x, já dancei forró sozinha, o YouTube me sugere Babalaô, e eu não posso mais.
Eu preciso focar aqui, vai ter Natal, Ano Novo etc etc, mas meu mood, meu espírito, tá tudo no Brasil, meu coração entre São Paulo, Rio, e se eu pudesse, estaria deitadinha do lado do meu dj favorito após mais uma festona.
É foda!!
Qq eu tô fazendo aqui se eu deveria estar em São Paulo com a minha irmã dançando forró e vendo o meu gato tocar?
A falta que tudo isso me faz nem eu sei dizer, vou aprendendo a cada dia e é uma mistura de tanta coisa. Saudade, vontade, querer, carência, frio, solidão, vibes, trabalhos.
Preciso mudar de casa, arranjar um novo rumo na Dublinia que se torna cada vez mais fria e mais acolhedora (?).
Preciso estudar muuuuuito, o curso de business não dá trégua. E os caminhos se abrindo.
Aqui a gente não tem um minuto de descanso, sempre pensando no visto, no dinheiro, nas viagens, no Brasil, a situação toda envolvendo o continente, a América Latina de cabeça pra baixo.
O futuro totalmente incerto sem controle nenhum dá medo, mas também é tão envolvente e curioso.
Nisso pipoca um storie das meninas lá no Rio Verde, o baile pegando fogo e eu discutindo política com um argentino que brotou do meu lado.
A Charanga do França tocando no Rio, começaram na Cinelândia, passaram pelo Realengo e depois foram pra região dos portos no centrao velho do Rio de Janeiro. O quanto eu queria estar lá???
Mas também o quanto eu quis estar aqui??
Na sexta fui tomar uma cerveja com um amigo Irish que me fez muitas perguntas e cheguei a conclusão de que eu nunca mais serei a mesma depois disso tudo aqui.
A gente vem pra estudar inglês e acaba estudando a si mesmo num autoconhecimento voraaaaaaaz.
Bom mas o inglês está ficando cada vez mais perfeito e isso é lindo demais.
Eu preciso ir trabalhar e ao mesmo tempo eu preciso viver e curtir a vida. Que loucura e que escravidão é o sistema capitalista.
Quanto mais eu penso, mais confusa eu fico.
Já ouvi " O pilão bateu" 30x, já dancei forró sozinha, o YouTube me sugere Babalaô, e eu não posso mais.
Eu preciso focar aqui, vai ter Natal, Ano Novo etc etc, mas meu mood, meu espírito, tá tudo no Brasil, meu coração entre São Paulo, Rio, e se eu pudesse, estaria deitadinha do lado do meu dj favorito após mais uma festona.
É foda!!
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
Tática de guerrilha
Sábado típico inglês: frio, chuva e vinho
Pra combater a saudade eu mando áudios gigantescos, mando foto, escrevo uns posts idiotas e compartilho memes mais idiotas ainda, saber que faço as pessoas darem risada me conecta com a minha melhor versão, irônica, ácida e verdadeira.
O frio nem é a pior parte, o que fode é a chuva. Hoje começou 08am, agora são 18h30 e ela não cessou um único minuto. É insuportável e dá um desgosto enorme em estar aqui, mas ao mesmo tempo vejo as crianças na saída da escola e pra eles tá tudo bem, assim como a galera na academia, vida normal. Esse tem sido o maior exercício: tornar a vida normal ainda que em um clima odioso e uma escuridão que começa as 17h30 e acaba as 08h.
Tenho lido artigos de business e marketing, escutado podcasts, a facilidade pra falar inglês é quase natural, arrisco uns filmes sem legenda e entendo 90% do programa matutino da BBC. Isso é foda pra caralho.
Pra combater o vazio eu volto pra Inglaterra gastando em Pounds e guardando moedinhas com a cara da rainha só pra rememorar, escutando meu sotaque favorito, vivendo o sonho de estar novamente num dos lugares que me mais me fazem feliz no mundo! Agora também posso dizer que sei me virar em Liverpool e voltarei novamente e novamente e novamente pq a Inglaterra é a maior zebra dessa vida e a paixão que tenho por aquele país nem eu mesma sei explicar. Minhas amigas inglesas me receberam tão bem, foram dias intensamente felizes, como sempre é.
Pra combater a ansiedade eu vou fingindo que não sei quantos dias faltam para o Carnaval (107), vou igorando os planos todos que já tenho pra esse momento histórico, falando com a minha irmã, com as minhas amigas, haja coração e haja fôlego pra não me deixar levar e tacar um foda-se bem grande nesses três longos meses que ainda faltam passar.
Tento combater os momentos de deprê com chocolates, sorvete, vinho, Paulaner, pão de queijo e coxinha. Nem sempre adianta, mas dá um calorzinho no coração.
Começo a entender porque o inverno mexe tanto com as pessoas. A parada é foda mesmo e acho que os primeiros dias são os piores. O cerébro demora pra entender que está escuro e ai bate um sono, uma sensação esquisita. Esses dias eu fui dormir 22h30 pq não sou obrigada a nada, mas sempre fui dormir mais tarde e ai no meio da noite tive um pesadelo horrível. Mas isso também vai passar e sei que logo mais estarei adaptada.
Ainda se fosse só isso, não é mesmo?
Preciso analisar tanta coisa, pesquisar outras e criar um novo plano. Lá vamos nós novamente.
Por mais que esfrie e chova, eu tenho aqui minhas táticas de guerrilha!
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muito amor,
não sou obrigada,
paixão
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