quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Outuno em Knocklyon

O melhor sono da minha vida teve um up date: Knocklyon, Dublin. No quarto mais bonito e aconchegante que já tive (mais do que o da Vila Sônia), aqui tenho tido minha melhores noites.
Após seis meses de muitas agruras que somam-se por roncos, insônias, áudios de barulho de chuva, incontáveis interrupções e vontade de chorar, eis-me aqui, digitando esse texto do alto da minha cama single, ao lado de meus dois criados-mudo, meu abajur meia luz, meus livros, minha vela aromatizada e todo o resto do espaço que compõe-se meu! Meu quarto, caralho! 

Aqui ninguém entra, aqui é meu aconchego, meu reduto, o espaço onde traço meus caminhos, invento meus planos, planejo meu Carnaval, estudo adentro meu novo idioma, é aqui eu tenho a paz e onde recarrego minhas energias, onde escuto e calo os meus medos, onde tenho sonhos mirabolantes e verdadeiros, é aqui onde acordo e sigo na batalha como imigrante nesse país tão frio. A Irlanda é fria, mas o meu quarto é quente. 

Pra chegar até aqui eu tive que abrir mão do meu comodismo de morar no Centro.
Agora enfrento trânsito, adolescente chata, tenho responsabilidades que na verdade nem são minhas, preciso me acostumar com uma nova vizinhança. Mas quando é o fim do dia e eu entro aqui, sinto que tomei a decisão certa, ainda que seja só por uma temporada. Eu tenho descansado tanto, deito às 22h30 e acordo só no outro dia, delícia dos Deuses. 

O quarto fica no sótão da casa, bem daqueles que vemos nos filmes. Tem três janelinhas e em uma delas posso ver a claridade do dia quando amanhece, e é dela que escuto os pingos da chuva que embalam o meu sono. 

O Outono já é a estação mais bonita pra mim. A luz é clara e o sol não esquenta tanto. Venta demaaaais na Ilha Esmeralda e jajá as folhas começam a cair. Dai o povo começa a falar que lá vem o inverno e lalala como se fosse o apocalipse, e quando ele chegar eu estarei quentinha e aconchegada no meu quarto. 

É tanto aprendizado, tanta descoberta, me vejo ainda mais corajosa, cheguei aqui sozinha, ultrapassei a barreira dos seis meses, conheci gente, me esforcei MUITO pra aprender a falar o inglês nativo, e quanto mais o tempo avança, mais eu me conheço e sinto um orgulho imenso de tudo isso. Quem escreve agora é a nova Nathália, a versão nascida em Dublin. É maravilhoso escutar dos Irlandeses que o meu inglês é bom. Olhar pra trás e relembrar tudo o que eu passei pra chegar até aqui, foi foda, é foda e vai ser foda pra sempre.

Aaaahhhh o delicioso gosto de lacrar a realização de um sonho.






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