quarta-feira, 12 de outubro de 2016

I don't want do say goodbye


Nós 3

Esses últimos dias têm sido esquisitos, permeados por desejos pouco prováveis. Eu tenho vontade de abraçar cada árvore, cada poste dessa cidade, queria sentar no ponto de ônibus e ficar vendo a vida passar como tantas vezes ensaiei e nunca coloquei em prática. Queria subir no topo do Queensgate e gritar: Morei aquiiiiiiiii!!! Obrigada Inglaterraaaaaa!! e à medida que tenho que resolver os pepinos da mudança, esses desejos surgem na minha cabeça e eu fico engasgada.

É muito louca essa sensação, é muito louco morar em outro país! O ingresso do Santo Forte está comprado. A televisão com sinal da NET está tinindo no Jaguaré. Vou resolvendo a vida metade aqui, metade lá, mas pra falar a verdade eu nem sei no que estou sentindo ou passando, é tudo junto AGORA.

Ah Inglaterrinha,
Você é aquela amiga mais rebelde, briguenta, aquela que sempre inventava dar um "gelo" em quem se atrevisse ir contra você; Tal e qual tive em minha adolescência.
Aquela que paga de inatíngivel, mas no fundo tem uma insegurança interna escondida.
Se faz de fria, gelo em pedra, mas por dentro tem um coraçãozão vermelho pulsante feliz por estar sendo conquistada.

Acho qua a grande sacada é essa: A Inglaterra conquistou o mundo todo, mas não sabe se deixar ser conquistada. E eu sei bem disso. Mas enquanto amiga rebelde, agora no fim, (e pelo menos agora!), estamos amigas. Eu já entendendo seu idioma, já sei qual é o seu ritmo, eu sei me virar sozinha aqui ainda que sempre surja uma alegria infinita, talvez meu mais forte resquício de brasileirice, e é então que o balde de gelo vem trincando molhando cada parte me relembrando que aqui eu não apito nada, a gringa aqui sou eu!

Mas que bom Inglaterrinha, que pude conquistar você, sabia?
E olha que eu não tenho muita paciência para conquistas demoradas, mas eu, enquanto pisciana e ser humano, quando faço um plano dou o meu melhor, com capricho, com gosto e conquistar meu espaço na ONG com as crianças e os adultos, isso sem dúvida foi algo que consegui fazer de melhor.

Olho em volta e minha sala, tão aconchegante antes, agora cede espaço para caixas de mudanças. Tudo espalhado. Minha casinha desfeita. Uma vez escrevi um post dizendo que quando eu tivesse uma casa eu agradeceria à ela por tudo, por mais um dia, e falaria bom dia, boa tarde e boa noite para ela que sempre espera eu chegar. Aqui no 10 Grovelands foi assim! Eu agradeci em silêncio tantas vezes, e ainda agradeço, o agradecimento por essa oportunidade tem que ser contínuo!

Não é facil.
Ir embora é uma merda.
chegar é uma maravilha!

Eu tento não florear, eu tento não fazer esses últimos dias como se fossem cenas dos meus seriados favoritos, mas tem hora que não dá.

Salvem o roast dinner!
Salvem um dos mais verdadeiros prazeres que os ingleses têm: comer com fome e com gosto.

a vida é AGORA, intensa, cada dia uma nova página em branco, que bom que o meu entendimento sobre a vida tenha mudado e é aquele clichê mais foda de todos: tem que fazer (tudo) com amor!

Ah Inglaterrinha, e agora que não consigo nem finalizar esse texto?


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