quarta-feira, 6 de abril de 2016

Um novo tom de cinza



Este blog começou em dezembro de 2007 com o objetivo de treinar a escrita, desenvolver textos maiores e não acadêmicos, inventar linguagens. Eu, então no segundo ano de faculdade de jornalismo, e até então apaixonada por São Paulo, decidi rabiscar umas crônicas e segui na minha versão ~ blogueira ~.

O tempo foi passando e tinha vezes em que eu escrevia como se ele fosse um diário,  era a minha terapia preferida para clarear questões amorosas, montar listas singulares, expor meu lado engraçado. Um blog não precisa de um motivo especial, basta existir, ora.

Quase 10 anos se passaram e a vida percorreu caminhos malucos, eu deixei de amar completamente essa cidade que hoje em dia nem é tão mais cinza, conheci e me apaixonei perdidamente por Cuba, mal disse o jornalismo, fui morar sozinha, rodei muito por aí com o Catarino, trabalhei numa rádio, aprendi que o amor mais puro e sincero vem das crianças, continuei indo ao forró e me acabando no Santo Forte,  vendi o Catarino, fui estudar e aprendi na marra a gostar de inglês, passei por altos e baixos e perdi aquela sede de escrever. Acho que fiquei um pouco chata,  perdi o gosto pelo corriqueiro, chata, eu já tinha dito. Vezes passava por aqui, vezes escrevia tudo e só salvava...

A vida é muito louca e eu adoro o que não é planejado. Faz tempo que tenho vontade de dar um pause na vida aqui no Brasil e ver qualequeé  lá fora. Mas tem a crise, tem a falta de trabalho e os freelas que demoram a pagar, tem as contas que batem mensalmente à nossa porta, mas tem vontade também, tem sonho, tem desejo e tem o principal que é a caminhada que vai acontecendo aos poucos.

Esse blog começou em dezembro de 2007 e eu jamais imaginaria que algum dia o Cinza que designei para São Paulo, a terra da garoa, serviria para como fundo de um outro tom de cinza, bem mais distante. Londres, ai vou eu! Londres, talvez a cidade mais cinza do mundo. Lá chove miúdo e continuamente, chove e o céu é pintado de um cinza saído do filme da Tela Quente. Londres. Esse nome que me era tão distante agora vai virar endereço de correspondência.

Eu já falei mil vezes que não quero ser mais jornalista, mas aqui dentro ainda mora uma alma curiosa que consegue pinçar os detalhes. Meu gosto pelo corriqueiro estava esquecido, mas eu o trouxe à tona novamente. Daqui há exatos 11 dias estarei escrevendo meu primeiro texto de lá. Eu nem sei como cheguei até aqui. Mentira sei muito bem e sinceramente não foi nada fácil. Mas cá estou com dois pés bem firmes no chão, uma barbatana ativa que não para de se mexer, a mala quase pronta, um casamento no meio do caminho e dois freelas que só me pagarão quando eu já estiver me habituando por lá, porque o bolo a gente sabe, carece de ter cereja.
São 11 dias que parecem 11 anos.

Hello, London!
Nice to meet you too.

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