quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Arrisque-se (Por um 2014 diferente)
Mas e aí Nathy o que você vai fazer agora?
Não sei.
Foi assim que muitos aos meu redor me perguntaram o que seria daqui pra frente e como eu manteria meus gastos depois que contei que finalmente tinha me demitido. E o "não sei" os pegou de surpresa e a mim deu um grande alívio.
O processo ficou interno e tomando força por muito tempo. Veio o retorno das férias, Natal, Ano Novo e o ínicio dos dias úteis foram invadidos por um janeiro lindo e quente que há muito não se via em São Paulo e arrisco dizer, no Brasil. Mas aqui dentro nada brilhava como o dia lá fora. Uma angústia e um questionamento "peraí, o que estou fazendo da minha vida?", me invadia com força voraz. E eu precisava das respostas, só que pra ontem, pra já. Nunca fui a favor de trabalhar apenas pelo dinheiro e para pagar contas, vejo a relação de trabalho muito maior do que isso. Foi esse um dos motivos por ter escolhido ser jornalista. Informar, ajudar pessoas, serviço público, pautas variadas. Mas a vida vai nos levando para caminhos o quais não imaginamos e me peguei presa num escritório dia e noite, noite e dia. Logo eu que sempre fui da rua, de sentir e investigar, de apurar a pauta, de pegar ônibus e metrô sem medo do que vinha pela frente, sem preguiça, sem medo das chuvas ou engarrafamentos, sem preferir o conforto, ar condicionado e café quente da salinha branca e fria.
Então, ainda no início do ano, sob um verão animado e desafiador, decidi virar a curva e parar. Estacionei e sai da zona de conforto e da lista dos que trabalham sem pensar porque e para quê, era exatamente isso que senti durante os últimos meses. Lembro de uma frase que um amigo dizia na faculdade, "há que viver, não sobreviver", e é disso que estou em busca agora. Alguns podem pensar "tolinha está iludida, logo passa e ela retorna", e pode ser isso, claro que pode. Mas eu preciso desse tempo pra colocar as coisas em ordem, esperar o turbilhão ficar calmo e conseguir enxergar lá no fundo o que faz sentido.
Não sei se viverei de freelas, se invisto nesse blog, se engato um projeto independente, se largo tudo e presto vestibular novamente. A única certeza é de que preciso me envolver com que eu realmente acredite, e se for para voltar ao cotidiano corporativo, que seja em algo apaixonante que minimize o fato de ter que bater ponto, fazer reuniões e usar roupa social. Quando trabalhei com vídeos era assim. O trabalho era muito mais enriquecedor do que as normas da empresa, e então tudo estava certo!
Sem medo de me arriscar e encarar de frente o que está por vir, volto com a máxima clichê e verdadeira de que "temos que trabalhar com o que gostamos". Mas do que eu gosto? De telejornal, é o que logo vem à cabeça. Mas gosto de tantas outras coisas e atividades que esse tempo vai me ajudar a encontrar respostas e caminhos viáveis pra que enfim ao olhar o holerite eu me sinta mais que um gado marcado aumentando a lista do sistema.
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Um comentário:
"Estacionei e sai da zona de conforto e da lista dos que trabalham sem pensar porque e para quê, era exatamente isso que senti durante os últimos meses". Resumiu perfeitamente, xará! Muito bom o texto e todo o pensamento. Parabéns! Beijos
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