quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Sai que a zaga é minha!
Imagine um jogo de futebol: o atacante pega a bola e vem correndo em direção ao gol pra tentar marcar, sair do desempate e sossegar o coração dos torcedores. Mas no meio do caminho tinha um zagueiro. Tinha mais que isso, aliás. Tinha um zagueiro, alto, forte, com muita vontade de jogar e desempenhando seu ótimo papel na defensiva. Fez a falta, a bola foi pra escanteio e seguiu-se o blá blá blá do jogo sem que o atacante tivesse alcançado seu objetivo. Não daquela vez. E assim também acontece com as histórias de amor, affairs, ficadinhas, tórridos romances e ardentes paixões. Tem sempre um que ataca e um que fica mais na defensiva.
E qual a melhor posição pra jogar? Alguns responderiam "atacante" é claro. Muito melhor conquistar, fazer o gol e enfim levantar a taça, não é a toa que Ronaldo, Robinho e companhia sempre estampam um sorriso na capa do jornal. Mas mérito mesmo deveriam ter os zagueiros que defendem, cercam e precisam achar o difícil limite entre não forçar a barra demais (vide Domingos do Santos) e nem deixar o outro avançar, coisa que o Miranda do São Paulo faz muito bem. Ser zagueiro não é fácil, sei porque jogo na zaga.
Depois de uma certa idade em que percebemos que nem todas as histórias de amor serão para sempre, tendemos a ir com mais calma, analisando a jogada pra ver se vale a pena gastar tanta energia. E na maioria das vezes a bola vai pra torcida e sai do jogo. O gandula manda outra de volta pro campo etc e tal. E como cada jogador tem sua posição é natural que se acostume com certas situações. Ou você já imaginou Kaká no gol agarrando todas?
Comecei a perceber que sou uma ótima zagueira, mas estou errando a mão ultimamente, meio Domingas eu diria. Perdi o feeling pra deixar rolar uma ficadinha de nada. Se não me agrada, marco uma falta. Ou então, se empolga demais, tento adivinhar o próximo lance, mas quando percebo, o atacante me driblou e está de frente com o goleiro! Praaa foraaaaa!, ouço Kléber Machado narrar.
Pra falar bem a verdade me acostumei com o recurso do cartão vermelho, que não dá muito trabalho e ainda assim dá chance pra eu continuar jogando. Isso não é bom. Quando a partida acaba, sigo sozinha pro túnel do vestiário. Alguns amigos já disseram: Saia da defensiva! Mas o medo de parecer jogador novato em campo e me perder no meio da grama é mais forte. E aí o jogo fica morno, quase não avança na pequena área. Talvez a culpa não seja só minha, já não se fazem atacantes como antigamente.
A maioria dos resultados finais a gente já viu: relacionamentos desequilibrados. Uns correndo solitários em campo e outros preferindo a substituição. Ou uma legião de mulheres bonitas, inteligentes, formadas, empregadas, mas sozinhas e reclamonas. E enquanto isso tem uma rodinha enorme de homens tomando cerveja após o futebol de domingo. Apesar do mesmo esporte, os sexos não jogam o mesmo jogo.
Mas fica a dica pra quem também sofre desse mal: vamos deixar as estratégias para os jogadores profissionais. São eles que ganham um salário gordo pra isso!
É preciso desarmar-se e agir conforme manda a nossa telha. Menos faltas, menos cartões e contusões. O que realmente importa é o gol. Golaço de placa ou na forquilha, como ouço meu pai dizer. Que é pra arrebentar a boca do balão e zagueiro nenhum botar defeito.
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3 comentários:
GENIAL o texto! Gostei mto, xará!
bjo
Ótimo texto, mas gosto a sensação de ser centroavante matador e botar todas as bolas pra dentro do gol é ótima. Ou seja, rede é gol!
Num jogo o que importa realmente é jogar... se divertir com a bola e ate com o jogador. Num jogo o importante não é quem assiste nem que narra, o legal mesmo é quem se joga, e pé no chão corre para pegar a bola...
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