domingo, 28 de abril de 2013

O grito calado


Eu, jornalista e faladeira do jeito que sou, posso ficar sem muita coisa, mas não tire a minha voz!
E adivinha o que justamente tenho sempre quando fico gripada? Sim, laringite! Sim, rouquidão! Sim, fico semi muda desesperada. Quanto menos voz, mais quero falar. Sou da comunicação, do grito, da fala, eu falo muito sempre, quietude deixo pros outros. Argumentativa, debochada, séria, divulgando, falando com a Lóris, tirando uma dúvida, pra tudo isso necessito dela.

Calo. Um calado obrigatório e imposto. Que angústia! muda. Comunicando-me através dos gestos. Tristeza.

O que me puxa e acalma o coração é que meu silêncio é insurdecedor. Grito onde não falo. Apareço sem precisar comunicar. Minha presença é sentida no silêncio do salão vazio, quando não estou. A gargalhada bloqueada, agora é só lembrança. Meu silêncio mata, maltrata. Tenho ciência desse efeito. Eu deveria valorizá-lo, mas minha vontade é falar, falar, falar até não mais poder, até não mais garganta ter, num bla bla bla desnecessário.

Engraçado isso de querer uma coisa quando a outra é muito melhor e nosso inscosciente sabe. Quero minha voz de volta!

Entre a gripe mal curada e a voz falhada passo agora pelo silenciamento da situação.

Minha voz logo volta, ela  (graças aos Deuses!) sempre volta!

Por enquanto vou sentindo o estardalhaço que a ausência causa.



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