terça-feira, 11 de novembro de 2014

sobre a roda gigante

foto: Ricko Marcelino



Minha ficha sobre a roda gigante da vida já caiu faz tempo, por isso  eu aproveito e agradeço sempre que estou girando lá em cima e me esbaldo mesmo sem medo de ser feliz. eu gargalho a minha risada singular e invento gírias pra fazer os que estão ao meu redor sorrirem. eu vivo de alegrias, sou do bem, mas a vida roda e às vezes me encontro lá embaixo. daí eu me calo e faço do silêncio um parceiro, um parceiro conhecido, mas não íntimo. E essa nathália calada-monga além de não ser quem sou ainda faz com que meus chegados fiquem preocupados, é passageiro todos sabem, mas calar faz bem e mais do que isso faz aprender. eu também já sei que a vida é um misto de choro e riso, que há gente sensacional e mesquinha, inteligente e burra, foda e pequena, eu sei, já sei, e sei também que existe algo chamado injustiça e geralmente quem as comete é porque usa de poder ou artifícios pouco louváveis. Mas a vida é assim, o mundo é assim etc e tal. E se tratando do mercado de trabalho somos números.

Só que ser pega de surpresa e além disso injustiçada me abala, mas não me conforma. Aos 9 anos minha mãe chegava brava da reunião da escola porque a professora lhe dizia que eu era respondona."Ela é autoridade e tem sempre razão, filha". Aos 14 minha professora de ciências chamava atenção alegando que eu era "topetuda" porque respondia sem titubear. Aos 19 entrei na faculdade da profissão por qual sempre fui apaixonada e abençoada conheci professores que não me ensinaram a abaixar a cabeça. Questione prossionalmente, ouvi do Júlio, Meg, Renato Ramos, Marli, Heron, Heidy. "Vocês têm que pensar e perceber o que o mercado de trabalho quer de vocês, mas mais do que isso como vão entregar a informação, porque vocês são os formadores de opinião". Pois é. Opinião. Eu nunca tive medo de demonstrar as minhas, desde lá trás aos 9 anos de idade. Ao me tornar jornalista achei que ser uma mente pensante era mais importante do que um carneirinho ordenado seguindo o que lhe mandam sem questionar ou opinar sobre.

E aí que eu segui meu caminho unindo opiniões, questionamentos, pedidos, ideias. Testei funções dentro da área, curti umas, amei outras, tudo normal e sempre com o profissionalismo e ética. Quando finalmente achei uma redação pra chamar de minha, redatores lindos e colegas de trabalho que surgiram como presente, cataploft! levei uma rasteira, bati com a cabeça no chão, acordei num dia ensolarado de novembro sem entender muito bem o que tinha acontecido. Opnião. Personalidade. Profissionalismo. Não vou bancar a vítima porque jamais me enquadrei nesse papel, mas doeu muito. Doeu a injustiça de ser cortada porque tenho opinião e raciocínio. Doeu porque em um mês ruiu o que construí com alma e coração e muito suor. muitas madrugadas pulando 5h30 da cama. Ainda dói, mas dei sorte de nascer com ótima cicatrização.

Como diria minha musa Hebe "quanta alegria de viver", além do signo nos parecemos também nesse quesito: eu também tenho essa alegria. A vida é bela sempre e eu vou fazer essa roda girar, sem perder minha personalidade, já que o sangue que corre aqui é O+ e não de barata.

 Nara Leão já havia setenciado:
"Podem me prender, podem me bater
 Podem até deixar-me sem comer
 Que eu não mudo de opinião"