Sei lá, sabe? Sei nem por onde começar, mas quando revira aqui dentro é melhor não ignorar. Acordei depois daquelas noites em que a gente se joga na cama e prega os olhos, mas não necessariamente descansa. Em meio aos deveres domésticos, natalinos e jornalísticos, uma sensação me acompanhou, meio pano de fundo, meio sombra, porém latente. Essa sensação sem nome é um misto de decepção, alívio, tristeza, alegria, coragem, impotência.
É sempre mais ou menos assim: você conhece, pega, gosta, os defeitos surgem aos poucos, feito nuances, nada demais, e as qualidades prevalecem. Dai você insiste, os bons momentos continuam ali, a sensação de que tudo está normal retorna e a vida vai seguindo. Pensa que todas as relações tem lá seus arranca rabos - mas que não há nada melhor que um bom diálogo - planeja os finais de semana ignorando que mudanças possam acontecer ao longo do caminho e segue com o sorriso de quem enfim não está mais só.
Só que não controlamos o mundo, muito menos a vida, os desejos, as pirações e os sentimentos de outra pessoa, quem crê nisso precisa abrir os olhos, a mente e principalmente o coração (Simples na teoria, difícil na prática).
Uma relação é feita por duas pessoas, uma é sempre mais compreensiva, explosiva e decidida que a outra, mas a segunda parte que pode ser delicada, maloqueira e subjetiva é tão fundamental quanto. E se essas duas partes não souberem fazer o cruzamento de características tão diferentes e ao mesmo tempo semelhantes de forma sensata e equilibrada, danou-se. Danou-se porque discussões infantis surgirão; Danou-se porque parece que um fala mandarim enquanto o outro esperneia num húngaro perfeito; Danou-se porque por mais que o desejo exista, as alfinetadas, as farpas no dedo doem e irritam com mais intensidade.
Diferenças postas, eis a solução: jogar a toalha pondo um ponto final sem mais nem menos, inventar planos mirabolantes para que tudo entre nos eixos, chorar, tomar uma catuaba, seguir a vida mais descrente do que nunca, todas as alternativas anteriores. Nunca ví um pisciano correr da briga, nem do choro. Mas todo esse ciclo repetitivo e constante diminui a esperança de conseguir construir, e mais importante, manter, uma relação bacana. Um parceiro. No sentido literal e subjetivo da palavra. Parceiro de cerveja, telejornal, futebol, cinema, forró. Parceiro dos problemas, das ocasiões, dos planos, das angústias, do colo amigo.
Melhor do que ter um rosto bonito, corpo sarado, dinheiro e diploma, é ter um namorado companheiro. E deve ser por isso que as mulheres dizem "O mercado tá difícil", porque elas querem mais do que a embalagem. Se relacionar não é fácil. Nem com pai e mãe, nem com chefe, nem com os amigos que a gente tanto ama, como poderia ser fácil com alguém que surge com suas manias, qualidades, defeitos, inseguranças e todo o resto?
É mais fácil viver sozinho, mas tiro o chapéu pra deliciosa sensação da parceria cotidiana (que semi experimentei). Por mais que se seja fiel, presente, e empenhe quilos de energia pra que o negócio saia e permaneça, se o outro pira (e pira MUITO!), tira até a rima!
É importante respeitar nosso limite interno. Mesmo que a vaidade acene como boa opção.
Mais uma vez essa sensação de desgaste, de semi luto, de perda e de vaidade ferida, me acomete. Porém, vou (tentar) agir diferente. E da próxima vez que surgir um novo potencial a rolo, ficante, pegada, affair ou algo do gênero espero lembrar dessa sensação e não me iludir pela milhonésima vez.
Continua engasgada. e com o choro preso. e com a injustiça escancarada no rosto. pelo menos tentou. cresce.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
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